A vitória de Vini Jr. na Espanha e as festas de junho
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🔸 “Não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas”, escreveu Vini Jr. nas redes sociais ontem, depois que a Justiça da Espanha condenou três torcedores do Valencia por insultos racistas contra o jogador brasileiro. É a primeira sentença por racismo no futebol espanhol, informa a Alma Preta. Os torcedores terão de cumprir oito meses de prisão cada um e estão proibidos de entrar em estádios onde se realizam jogos do Campeonato Espanhol ou da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) por dois anos.
🔸 Em áudio: resgatado três vezes de trabalho em condições análogas à escravidão, o maranhense Marinaldo Soares Santos, 51 anos, tornou-se uma liderança na defesa dos direitos dos trabalhadores. O primeiro resgate foi em 2007, quando trabalhava – sem salário, comendo feijão e farinha apenas uma vez ao dia – numa fazenda no município de Santa Luzia (MA). Depois, foi resgatado no Pará, em 2009, e novamente no Maranhão, em 2010. O quinto episódio de “No Labirinto”, podcast da Repórter Brasil, narra a história dele até se tornar líder comunitário no Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humano Carmen Bascarán, em Açailândia (MA). “Estou aqui, preparado para lutar para que ninguém mais seja escravizado”, afirma.
🔸 Os focos de incêndio no Pantanal dispararam nos seis primeiros meses de 2024. Foram registrados 698 focos no Mato Grosso do Sul, que concentra 60% do bioma. No ano passado, o estado registrou no mesmo período apenas 62. Já no Mato Grosso foram 495 focos de janeiro a junho deste ano – e somente 44 no primeiro semestre de 2023. O Notícia Preta destaca que a quantidade de focos de incêndio em 2024 é o segundo maior desde 2010. A situação do Pantanal fica mais alarmante quando se observam os dados da escassez hídrica: segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), a maior parte dos rios da região, como o rio Paraguai que inclui a região do Pantanal, estão com níveis abaixo do normal para este período do ano.
🔸 Muitas mulheres estão na linha de frente dos cuidados aos desabrigados pelas chuvas no Rio Grande do Sul. “Os homens são meio perdidos, meio parados. É a gente que tem que limpar, empurrar e ir atrás. Então, como sempre, as mulheres estão sobrecarregadas”, afirma Sandra Noeli Ferreira, de 57 anos, líder comunitária da Ilha do Pavão, uma das 16 ilhas que fazem parte do bairro Arquipélago, em Porto Alegre. A revista AzMina acompanhou a rotina de mulheres em abrigos temporários – a maioria deles mistos, ou seja, compartilhados entre homens, mulheres e crianças – e narra suas rotinas exaustivas em meio à tragédia.
📮 Outras histórias
No centro de Aracaju, um prédio histórico abriga 30 famílias sem-teto. Abandonado por uma década, o edifício, de propriedade da Universidade Federal de Sergipe (UFS), é a casa das pessoas que restaram da ocupação João Mulungu, desfeita de forma violenta em 2021, depois da reintegração de posse do prédio na avenida Ivo Prado. Na série de reportagens sobre o direito à moradia na capital sergipana, a Mangue Jornalismo descreve o cotidiano dos moradores da nova ocupação. Como há sinais de degradação e risco de desabamento, as famílias limitam-se a usar o térreo do prédio, onde foram abandonados equipamentos, livros e objetos. Lá, tudo agora é coletivo, e os moradores dividem a única geladeira, o único fogão, a pia, os banheiros e o cuidado com as crianças.
📌 Investigação
Pessoas trans têm seu nome social desrespeitado até mesmo na morte. Foi o caso da cantora sertaneja e passista de escola de samba Amanda de Souza Soares, de 23 anos, encontrada morta em São Gonçalo (RJ), no dia 1º de fevereiro deste ano. Após o falecimento, o direito de ter o nome social – que constava na carteira de identidade – na certidão de óbito foi negado. Sua família precisou lutar judicialmente para mudar o documento. “Agora ela pode descansar em paz, e eu posso viver o luto, porque eu não consegui sentir essa dor. Precisávamos passar por aquilo para que ganhasse visibilidade, para não ser só mais um caso e cair no esquecimento”, afirma Rhayanny Soares, irmã da cantora. A partir do caso de Amanda, o Colabora apurou como a falta de leis sobre dignidade póstuma dificulta a retificação dos documentos de pessoas trans e travestis no Brasil.
🍂 Meio ambiente
Água, peixes e areia das praias de Barra Seca e Perequê-Açú, em Ubatuba (SP), estão contaminados com microplásticos, segundo estudo da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) publicado na revista “Neotropical Ichthyology”. A Agência Bori conta que o trabalho foi realizado ao longo de 2021 com 120 peixes-reis, em três regiões da costa ubatubense, e encontrou partículas de plástico no corpo de 38% dos animais analisados. Os resultados indicam que a concentração de microplástico na água está relacionada com a quantidade encontrada no trato digestivo dos peixes. Os cientistas apontam que as autoridades e a população atuem de forma conjunta para reduzir os danos para o ecossistema.
📙 Cultura
Para além do São João, com danças e comidas típicas, junho é marcado por festas tradicionais em diversas culturas. Um exemplo é a celebração da colheita e da fecundidade do solo para os povos originários da Amazônia e dos Andes, com a Festa do Sol (Inti Raymi) no dia 24, que remete ao Império Inca, para as comunidades tradicionais peruanas. No candomblé, a cultura dos orixás, divindades que representam elementos naturais, tem nas fogueiras de junho a lembrança de Xangô, que simboliza com o fogo a justiça e a purificação. O Lunetas detalha as festividades do mês com olhares decoloniais para o momento que marca o solstício de inverno no hemisfério sul.
🎧 Podcast
Uma comunidade crescente na internet acredita ser possível transferir a consciência para outra realidade, uma prática conhecida como shifting e acessada por jovens que estão insatisfeitos com a própria vida. A “Rádio Escafandro”, produção da Rádio Guarda-Chuva, mergulha na busca por mudança de universo, que se popularizou na pandemia, como funciona, por que tem crescido e quais os perigos que o shifting pode trazer à mente dos praticantes.
✊🏽 Direitos humanos
“Os altos níveis de discriminação dificultam as contratações e principalmente a permanência no local de trabalho”, afirmam Beatriz Gimenez e Caio Brito, lideranças de empregabilidade da Casa1, ONG que acolhe pessoas LGBTQIA+ em São Paulo. A Agência Diadorim explica os principais desafios da inclusão dessa população no mercado de trabalho e lembra que o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania no fim de maio assinou duas medidas nesse sentido, com parcerias o Fundacentro e o Banco do Brasil, com bolsas de preparação, cursos e investimentos em projetos voltado para empregabilidade da comunidade LGBTQIA+.