A violência eleitoral, os ataques ao Nordeste e o corte no Ministério da Educação
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🔸 Ao menos três casos de violência por dia e seis assassinatos. A Agência Pública calculou o saldo de violência das eleições desde o início oficial da campanha, em 16 de agosto, até agora. Vinte e cinco episódios envolveram armas de fogo. A reportagem lembra eventos, detalha as ocorrências por região e revela que o principal “motivo” foram as discordâncias políticas.
🔸 Simone Tebet (MDB) declarou apoio a Lula (PT) para o segundo turno das eleições. “O que está em jogo é muito maior do que cada um de nós. Votarei pela minha consciência”, disse a senadora, em pronunciamento. Seu partido está rachado, como mostra o Portal Terra, e Ibaneis Rocha, governador reeleito do Distrito Federal, por exemplo, irá apoiar Bolsonaro (PL).
🔸 Na primeira pesquisa eleitoral após o resultado do primeiro turno, Lula aparece na frente com 51%, seguido de Bolsonaro, com 43%. O Ipec mostra ainda que 4% disseram ter intenção de votar branco ou nulo, enquanto 2% não souberam ou não quiseram responder. O Nexo lembra que, no primeiro turno, as principais pesquisas, inclusive a Ipec, indicavam chance de vitória do Lula já no primeiro turno, o que não se confirmou.
🔸 Bolsonaro cortou mais de R$ 1 bilhão do Ministério da Educação às vésperas do primeiro turno. O Sul21 conta que a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) divulgou uma nota técnica em que analisa os impactos do decreto presidencial. Segundo a instituição, somados todos os cortes do ano, o orçamento das universidades aprovado para 2022 já foi reduzido em R$ 763 milhões, o que, segundo a Andifes, torna a situação “insustentável”.
🔸 A composição do novo Congresso, eleito no último domingo, reflete a tendência de “desfragmentação” política. No Meio, a cientista política Lara Mesquita, pesquisadora da Fundação Getulio Vargas (FGV), usa a forma clássica da ciência política para calcular o Número Efetivo de Partidos (NEP). Em 2018, a fragmentação foi de 16,4. Agora, levando-se em consideração as federações como um único partido, foi 9,3. Ou seja, caiu substantivamente.
📮 Outras histórias
Após a vitória de Lula no Nordeste, o perfil “Nordeste131”, dedicado a nordestinos, no Twitter sofreu uma onda de ataques ligados à xenofobia. O Saiba Mais reuniu algumas dessas mensagens, que afirmam até ter “nojo” da região, e traz informações sobre os esforços fracassados de Bolsonaro em tentar angariar votos por lá no primeiro turno.
Em Niterói, no Rio de Janeiro, o PT só “vence” com Lula. O ex-presidente ganhou na cidade em todos os turnos em que competiu, mas é o único presidenciável petista a conseguir votos dos niteroienses. O A Seguir mostra que a ex-presidenta Dilma perdeu as duas vezes e Fernando Haddad foi atropelado pelo bolsonarismo. A propósito, a abstenção na cidade foi a maior desde 1998, embora tenha ficado abaixo da taxa nacional.
📌 Investigação
Embora o número de parlamentares comprometidos com o meio ambiente e com a alimentação adequada tenha diminuído na maioria dos estados, o Congresso ganhou nomes importantes para defender essas pautas. São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul foram os que mais elegeram pessoas com histórico de atuação nessas áreas, com a presença das indígenas Sônia Guajajara (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG), da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede-SP) e de representantes do MST. O Joio e O Trigo analisou a lista dos eleitos com base no levantamento do Painel Farol Verde e nas assinaturas da Carta-Compromisso Agroecologia nas Eleições 2022, da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
🍂 Meio ambiente
“O Brasil tem a capacidade de ser uma das maiores potências ambientais e de bioeconomia do mundo. Nós temos a floresta mais biodiversa do mundo, nós temos a savana mais biodiversa do mundo, que é o Cerrado, nós temos um bioma exclusivamente brasileiro que é a Caatinga”, afirma a jornalista ambiental Cláudia Gaigher, que por mais de 24 anos acompanhou as transformações do Pantanal pela atividade humana, em entrevista a’O Eco.
Chuva de veneno. Há quase dez anos, crianças da Escola Municipal Rural São José do Pontal, no Projeto de Assentamento Pontal dos Buritis, em Rio Verde (GO), foram atingidas por uma enxurrada de um agrotóxico da Syngenta, a partir de uma pulverização aérea nas lavouras de soja e milho nas proximidades. O crime segue sem a devida reparação e ainda causa danos à saúde dos atingidos, como narra o documentário do Projeto Colabora.
📙 Cultura
O conservadorismo tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos tem a arte ancorada na liberdade sexual e de gênero como um dos seus principais alvos. Foi assim que o premiado álbum em quadrinhos infantojuvenil “Gender Queer” foi banido das bibliotecas escolares de várias cidades estadunidenses, no ano passado, após uma onda barulhenta de pais. A revista Quatro Cinco Um mergulhou na famosa e autobiográfica obra de Maia Kobabe e na identidade queer.
Cria da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o ator Iago Pires Rocha viverá Espeto na nova novela das nove da TV Globo, intitulada de “Travessia”. Em conversa com o Voz das Comunidades, o jovem artista expressa seu desejo de dar orgulho para o lugar onde cresceu: “Sempre quis ser uma referência, principalmente para as pessoas de onde eu venho. No Brasil todo, óbvio. Mas é muito importante ter uma referência próxima, dá uma esperança. Porque a gente acorda quase todo dia com barulho de helicóptero, polícia, tiro”.
🎧 Podcast
Se a ciência está há décadas alertando sobre a emergência climática e todos nós estamos perdendo, quem está ganhando? O podcast Tempo Quente, produção da Rádio Novelo e finalista do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos neste ano, mostra, em oito episódios, quem está lucrando com o colapso ambiental e como.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
No Centro-Oeste, sejam de centro, direita ou esquerda, mulheres são alvo de violência política, que é ainda pior para negras e indígenas. Se as duas candidatas à Presidência são da região e foram sistematicamente atacadas na internet, não foi diferente para as que tentaram uma vaga nas Assembleias estaduais ou na Câmara dos Deputados. A Revista AzMina, em parceria com InternetLab e Núcleo Jornalismo, conta a história de ataques a essas candidaturas.