TikTokers, álbum da Copa e o senador dos grileiros
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para os assuntos do dia
Esta é a Brasis, nova newsletter da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), que traz uma seleção diária do conteúdo produzido pelas nossas associadas. Eu sou Audrey Furlaneto, editora responsável. Muito prazer! Se você recebeu este e-mail é porque faz parte dos nossos membros, parceiros ou já participou do Festival 3i. Este é um produto que vem sendo pensado há meses, com muito carinho. Nessa curadoria, buscamos diferentes perspectivas para assuntos do dia e apresentamos casos desconhecidos da mídia tradicional, investigações aprofundadas e histórias de grande impacto local e nacional.
Espero que você goste e que a gente consiga dar ainda mais visibilidade para o jornalismo digital brasileiro. Agora, vamos para a segunda edição!
🔸 A um mês das eleições, pesquisas de intenção de voto apontam que Lula, candidato do PT à Presidência, lidera em 13 estados, enquanto Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, está na frente em nove. É o que mostra a pesquisa Datafolha divulgada ontem. O Metrópoles detalha os dados.
Em vídeo: o jornalista Pedro Doria comenta os indicadores no Ponto de Partida, do Canal Meio.
🔸 Os TikTokers evangélicos estão na mira dos candidatos à Presidência nestas eleições. A campanha de Lula criou dois perfis na rede social, mas, até ontem, eles tinham apenas 20 seguidores e nenhum conteúdo. Já a equipe de Jair Bolsonaro não lançou perfis – até porque tem relações com TikTokers desde antes da campanha oficial. Em abril, por exemplo, o presidente recebeu no Palácio do Planalto 40 influenciadores evangélicos. A Agência Pública conta quem são eles e como trabalham.
🔸 Em 17 dias de campanha, R$ 19,7 milhões. Os presidenciáveis usaram mais de um milhão por dia do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. O chamado Fundão tem neste ano o maior montante desde sua criação, em 2017. São, ao todo, R$ 4,9 bilhões. O Metrópoles mostra quanto cada candidato já gastou e ouve cientistas políticos sobre o tema.
🔸 O milagre da multiplicação. Aliado de Bolsonaro, o deputado Josimar Maranhãozinho viu seu patrimônio se multiplicar 55 vezes nos últimos 14 anos. Candidato à reeleição e investigado por corrupção, ele foi flagrado com uma caixa de dinheiro pela Polícia Federal. Quando se elegeu pela primeira vez, em 2004, como prefeito de Maranhãozinho, informou não possuir qualquer bem em seu nome. Agora, o deputado declarou à Justiça eleitoral possuir R$ 25,4 milhões em bens. O Congresso em Foco detalha o caso.
🔸 Às vésperas do plebiscito no Chile, quando a população decidirá sobre a nova Constituição do país, o Le Monde Diplomatique Brasil analisa o que está em jogo na votação marcada para domingo. Se aprovada uma nova Carta, surgirá espaço para levar problemas sociais à discussão política, em contraste com “o cenário de sujeição radical e subordinação aos termos da direita pinochetista” das últimas décadas.
📮 Outras histórias
Greve secundarista. Falta de alimentação e de professores e dificuldades de aprendizagem com o ensino online são as principais reivindicações dos estudantes do Colégio Estadual Flávio Warken, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Acompanhados de mães e pais, os alunos do Ensino Médio paralisaram as atividades da escola e iniciaram o protesto. A apuração do H2FOZ revela que os que estudam em período integral não têm acesso a almoço na instituição.
📌 Investigação
Um recorde de orgulho: o número de candidaturas de pessoas trans no país aumentou 44% em relação a 2018. Desta vez, são 76 candidaturas, a maioria delas de travestis e mulheres trans, segundo levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A partir desses dados, o Marco Zero mergulha na pergunta: o aumento das candidaturas trans acontece como reação ao conservadorismo ou apesar dele?
“Chama o Zequinha.” Esta é a senha para abrir as portas do governo federal a grileiros, madeireiros e garimpeiros que atuam na Amazônia. O Zequinha em questão é Zequinha Marinho, senador do Partido Liberal (PL) e candidato apoiado por Bolsonaro para o governo do Pará. Seu principal alvo é a Terra Indígena Ituna Itatá, protegida pela Constituição, com restrição de uso – e, mesmo assim, a mais desmatada em 2020. Documentos obtidos pela Agência Pública revelam que, desde sua eleição, em 2018, o parlamentar tem se movimentado para defender os interesses de grupos que atuam ilegalmente na região, além de incitar perseguição a servidores do Ibama e da Funai.
📋 Checagem
Robô para toda obra. Depois de WhatsApp e Facebook Messenger, a robô Fátima, checadora do Aos Fatos, chega ao Telegram. Por meio de interações simples, é possível buscar checagens, denunciar desinformação e receber textos publicados recentemente pela plataforma de checagem.
🍂 Meio ambiente
Quem diria… Dois empresários defensores do golpe de Estado num grupo de WhatsApp estão ligados ao desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, como revela a Repórter Brasil. O Grupo Sierra, de André Tissot, comprou madeira de empresas que acumulam mais de R$ 1,5 milhão em multas ambientais. No grupo de WhatsApp investigado pela Polícia Federal, Tissot escreveu: “O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo. [Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”. Outro nome da lista é Marco Aurélio Raymundo, conhecido como “Morongo”, dono da Mormaii. Ele, que ironizou no grupo bolsonarista a morte do indigenista Bruno Pereira, tem infrações em Santa Catarina por desmatar em Área de Preservação Ambiental. Para coroar a impunidade: as duas empresas se propagandeiam como sustentáveis e responsáveis ecologicamente.
Grande seca. O verão no Hemisfério Norte simbolizou as consequências das mudanças climáticas, não só pelo aumento das ondas de calor e incêndios, mas também pelo esvaziamento de grandes rios. O Projeto Colabora mostra a situação preocupante dos rios Loire (o maior da França), Danúbio (o segundo maior da Europa), Yangtzé (o maior da Ásia) e Colorado, que corta a região mais árida dos EUA. Espalhados por três continentes, eles estão sendo reduzidos a gotas e criando o alerta sobre o abastecimento de água das cidades próximas.
📙 Cultura
Ataque ao cinema nacional. O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) para 2023 enviado pelo Ministério da Economia ao Congresso prevê o fim da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine). Se aprovado, a produção audiovisual brasileira perderá uma arrecadação de R$ 1,2 bilhão, o que pode significar o fechamento da Agência Nacional de Cinema (Ancine). O Farofafá mostra como essa é uma decisão ideológica do governo e pode ser a destruição do cinema nacional.
🎧 Podcast
Na segunda temporada do Paredes São de Vidro, podcast do Jota sobre o Supremo Tribunal Federal, volta a revelar bastidores do alto escalão da Justiça brasileira. Desta vez, os episódios dissecam o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas, desde fraudes do passado até as atuais desconfianças.
🏃🏾♂️ Esporte
Copa de desigualdade. Cada vez menos lares brasileiros conseguem manter a tradição de colecionar figurinhas da Copa do Mundo. Para completar o álbum, estima-se que o gasto mínimo é R$ 536, quase metade de um salário mínimo. O assunto veio à tona quando o pequeno João Gabriel, de oito anos, desenhou seu próprio álbum devido ao fato da família não ter condições de comprá-lo. O Portal Lunetas detalha como nem todas as crianças podem brincar.
💆🏽♀️ Para ler no fim de semana
Mulheres da Independência. O livro “A Independência do Brasil: as mulheres que estavam lá”, organizado pela historiadora Heloísa Starling e pela escritora Antonia Pellegrino, revela o apagamento histórico de sete mulheres que tiveram participação ativa no processo de emancipação do Brasil em relação a Portugal. A revista Quatro Cinco Um resenhou o que não está nos livros de História.