Os novos temporais no RS e os impactos do clima na educação indígena
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🔸 Na primeira operação de 2024 na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, a Polícia Federal apreendeu equipamentos de garimpeiros. Desde 21 de dezembro, a Hutukara Associação Yanomami (HAY), principal entidade representativa dos indígenas Yanomami, tem tentado autorização para sobrevoar o local e denunciar a volta do garimpo, ação que foi recusada pela Aeronáutica, como revela a Agência Pública. A recusa coincide também com a volta de inúmeros voos ilegais e clandestinos de garimpeiros entrando e saindo na terra indígena quase um ano depois que o Ministério da Saúde declarou emergência sanitária. Em coluna, o jornalista Rubens Valente analisa cinco momentos em que as Forças Armadas falharam na Operação Yanomami.
🔸 O Rio Grande do Sul voltou a sofrer com temporais, com saldo de uma morte. Nas primeiras horas da manhã de ontem, 1,2 milhão de pessoas estavam sem energia elétrica, sendo 600 mil na Região Metropolitana de Porto Alegre. Na capital, o prefeito Sebastião Melo (MDB) decretou situação de emergência. O Agora no RS informa também que a falta de luz afetou as estações de bombeamento, causando desabastecimento de água. Cinco das seis Estações de Tratamento de Água (ETA) da cidade ficaram sem energia.
🔸 Entre 31 países, os brasileiros estão entre os mais preocupados com as mudanças climáticas, de acordo com a pesquisa “Global Views On Climate Change”, realizada pela empresa Ipsos para a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP28). O Sul21 detalha que 61% dos brasileiros acreditam que terão que deixar suas casas nos próximos 25 anos devido às alterações no clima, atrás apenas da Turquia (68%). No mundo todo, 57% das pessoas entrevistadas afirmaram que as mudanças climáticas já têm um efeito severo nas regiões em que vivem. No Brasil, o número chega a 79%, perdendo apenas para o México (81%).
🔸 Procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo aceitou o convite do novo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para ser secretário de Segurança Pública da pasta. A informação foi confirmada por Lewandowski à coluna do jornalista Igor Gadelha, no Metrópoles. A escolha por Sarrubbo levantou resistência entre setores progressistas e da esquerda, de dentro e de fora do governo, por ser considerado como uma posição “linha-dura” na área de segurança.
📮 Outras histórias
Com intenção de ser uma rede de apoio complementar, o Favela Compassiva atualmente é o único projeto que oferece Cuidados Paliativos aos moradores da Rocinha e do Vidigal. Fundada em 2022 pelo enfermeiro e professor Alexandre Silva, a iniciativa busca minimizar a dor de pacientes. Desde o início, mais de 100 pessoas já foram acompanhadas. O Fala Roça destaca que o trabalho depende da parceria entre profissionais que compõem a equipe de saúde, moradores locais que já cuidavam de vizinhos e receberam capacitação e apoiadores que doam recursos financeiros, materiais e medicamentos para o sustento do projeto.
📌 Investigação
Ocupações irregulares e pastos tomam a Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná, em Rondônia, onde o poder Legislativo local tem tentado a redução da área protegida. O local também está entre as dez Unidades de Conservação mais desmatadas do Brasil e é ocupada por mais de 200 mil cabeças de gado. A InfoAmazonia identificou que o espaço da reserva ocupado pela agropecuária saltou de 43.104 hectares (21% da área total) para 145.973 hectares (74%) entre 2012 e 2022, dado representa um aumento de 239% em 10 anos. A Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam-RO), no entanto, desconhece o número de fiscalizações e operações realizadas na Resex para impedir a atividade ilegal.
🍂 Meio ambiente
A partir do conhecimento de comunidades marisqueiras e de pesquisa científica do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), as carapaças de siri e conchas de sururu, descartadas de maneira imprópria em diversas lagoas alagoanas, podem se tornar materiais sustentáveis para a construção civil. A ideia foi da engenheira ambiental Ilka Andrade, moradora da cidade litorânea de Jequiá da Praia, onde o problema existe há décadas. Reportagem especial da Agência Tatu mostra como o projeto visa reutilizar resíduos da pesca de mariscos, substituindo até 80% da areia utilizada nos blocos convencionais da construção civil. A professora do Ifal, Sheyla Marques, lembra, porém, que o objetivo é reduzir o impacto do descarte irregular da carapaça do siri, e não criar uma linha de produção comercial em grande escala, o que traria consequências socioambientais negativas.
📙 Cultura
“Para mim é muito importante ocupar lugares que antes nós não conseguíamos. Cada vez mais vemos pessoas LGTBQIA+ que são artistas dominando os palcos e os festivais e expandindo sua arte para outros lugares.” Nascida em Uberlândia (MG), a cantora Urias começou na música fazendo covers em 2018. Com carreira em ascensão, a artista lançou recentemente seu segundo álbum, intitulado de “Her Mind”, baseado em um estudo da Universidade de Liège, na Bélgica, em que se comprova que o cérebro de pessoas trans é semelhante ao gênero ao qual elas se identificam. À revista O Grito!, Urias detalha o processo criativo do projeto. “Vem de um lugar de redescoberta, de entender a minha mente, os ritmos, os sons, as línguas.”
🎧 Podcast
Mesmo representando a maioria da população brasileira, pessoas negras são subrepresentadas no campo jurídico. Dos mais de 635 mil profissionais registrados na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), desde 2011 – ano em que foi implementada a classificação –, apenas 170 mil se declaram pardos e 41 mil pretos, ou seja, 33% do total. O podcast “Direto no Plural”, produção do Plural, recebe os advogados Cassio Prudente Vieira Leite e Laola Marinho de Oliveira, ambos da Comissão de Igualdade Racial da OAB no Paraná, para debater como a desigualdade racial impacta o sistema judiciário no país.
🧑🏽🏫 Educação
“Minha dificuldade é porque tenho que caminhar muito, quase uma hora”, afirma o adolescente Ney Nukini, de 15 anos, estudante da Escola Indígena Pedro Antônio de Oliveira, no município de Mâncio Lima (AC). “Na viagem, dá muita sede, porque é longe. Tem só um igarapé. Tem que carregar água, e eu fico muito suado”, completa. Segundo a Amazônia Latitude, Ney Nukini é só um dos vários alunos da unidade afetados pelas condições climáticas. Com as secas na região, os rios não enchem o suficiente para a passagem de barcos, e os estudantes precisam fazer longas caminhadas. A professora Eliana Nukini relata que a estratégia para driblar a situação é realizar relatórios com os alunos, para que possam justificar todos os fatores que os impedem de estar na escola.