Os segredos do sócio de Flávio Bolsonaro e os prejuízos do apagão em SP
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🔸 “Se eu quiser, ponho o Flávio Bolsonaro na cadeia. Com o que eu tenho na mão, ele vai preso. Sei tudo da vida dele.” A afirmação é de Alexandre Ferreira Dias Santini, que foi sócio do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma loja de chocolates na capital fluminense. Segundo o Ministério Público do Rio, a filial da Kopenhagen foi aberta para lavar dinheiro (cerca de R$ 1,6 milhão) no esquema das “rachadinhas”. Rodrigo Rangel, colunista do Metrópoles, teve acesso a documentos e registros de conversas de Santini com pessoas próximas. Os conteúdos revelam que ele se movimenta para pressionar Flávio a acertar o que deve, sob pena de revelar segredos.
🔸 Às vésperas do feriado de 15 de novembro, mensagens golpistas de apoiadores da extrema direita circulam no WhatsApp com a convocação de protestos para o feriado. Segundo a Lupa, os conteúdos pedem “resistência civil” caso suas demandas não sejam atendidas – entre elas, a anulação das eleições de 2022 e a destituição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Um levantamento identificou 220 mensagens relacionadas a manifestações desde o início do mês, algumas delas mencionando teorias da conspiração e o uso de armas de fogo. As mensagens foram compartilhadas em 80 grupos do WhatsApp com 35,2 mil participantes e abordam pautas como luta contra a “ditadura” e alegações de fraude nas urnas.
🔸 O Senado aprovou ontem a reforma tributária. O texto, por ter sofrido alterações, retorna agora à Câmara dos Deputados. As mudanças na proposta aconteceram até os momentos finais e incluem, por exemplo, o aumento do fundo de desenvolvimento regional de R$ 40 bilhões para R$ 60 bilhões. O Jota explica como funciona a reforma e lembra que seu principal objetivo é simplificar o sistema de impostos no país.
🔸 Das perguntas feitas no primeiro dia do Enem deste ano, 86% foram elaboradas entre 2019 e 2021, ou seja, durante o governo Bolsonaro. A informação foi dada por Manuel Palácios, presidente do Inep, órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio, em audiência pública na Câmara. Na tentativa de anular o Enem, a bancada ruralista questionava questões que continham críticas ao agronegócio. O Nexo traz as perguntas e detalha a audiência. “O que se quer é avaliar a capacidade que um estudante tem de compreender uma notícia, de comparar dois textos. Esse sim é o objetivo da questão. A resposta correta não depende de opinião, atitude, visão de mundo. Depende da capacidade de compreender um texto”, afirmou Palácios.
📮 Outras histórias
Depois da chuva e da ventania, seguidas de falta de luz elétrica, os moradores da Cidade Tiradentes, na zona leste de São Paulo, calculam os gastos com os estragos – e presumem que terão de arcar com as despesas sozinhos. “Não cheguei [a ligar para Enel] porque não tive tempo. Mas os vizinhos ligaram muitas vezes. Tem vizinho que chegou a ligar mais de cem vezes aqui, mas só dava lá ‘no momento, não podemos atender’ e nada mais, só isso”, diz o porteiro Gláuci Oliveira, de 52 anos, que estima gastar R$ 1.300 apenas para refazer o telhado de casa. A Agência Mural conversa com moradores e lembra que, segundo o governo, a Enel vai ressarcir os prejuízos da população. O governador Tarcisio de Freitas (Republicanos) afirmou que será criado um plano especial de atendimento, mas não deu detalhes.
📌 Investigação
Os ataques a escolas estão ligados ao fortalecimento dos discursos de ódio no país e à disseminação de desinformação. O especial “Escola Livre de Ódio”, do Porvir, mergulha no crescimento dos casos e mostra, em uma linha do tempo, que 60% deles aconteceram entre fevereiro de 2022 e outubro de 2023. “O extremismo alimenta e fortalece um discurso de controle sobre a escola”, avalia o professor e pesquisador José Augusto Souza dos Santos. “Um professor considerado doutrinador, de acordo com extremistas, é aquele que instiga, provoca e ajuda os estudantes desenvolverem suas opiniões. Então, os discursos deles também incitam o ódio contra professores.”
🍂 Meio ambiente
Em áudio: em Ariri, na Baixada Maranhense, um conflito fundiário já culminou no assassinato de cinco lideranças quilombolas nos últimos três anos. A disputa acontece entre comunidades tradicionais que viram suas terras serem encurraladas por cercas elétricas e um rebanho de búfalos. O episódio que abre a segunda temporada do “Amazônia sem Lei”, produção da Agência Pública, narra a ida da repórter e editora Marina Amaral e do fotojornalista José Cícero à região para investigar a violência contra os quilombolas.
O próximo verão no Hemisfério Sul será mais quente, de acordo com a previsão do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis). A expansão do El Ninõ pelo Pacífico Tropical pode fazer com que a temperatura atinja uma média de 4º C acima do normal. A Marco Zero destaca ainda que o fenômeno deve alterar o regime de chuvas no Brasil todo. “As condições climáticas de chuvas vão ser desfavoráveis para os agricultores e as altas temperaturas que têm sido observadas nos últimos anos vão aumentar ainda mais”, afirma Humberto Barbosa, meteorologista do Lapis.
📙 Cultura
A crise climática afeta cada vez mais a cultura, não só pela destruição do patrimônio material por desastres, mas também pela escassez de plantas nativas e cultivos que servem para a reprodução de expressões culturais. O Nonada destaca como as políticas públicas devem promover a justiça climática, entrelaçando cultura e preservação ambiental. A reportagem especial também traz exemplos de comunidades culturalmente afetadas, como no Cerrado de Tocantins, em que o período de seca e as consequentes queimadas comprometem a flora utilizada para licores, temperos, sabonetes e o artesanato.
Após o Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS) retirar partes da exposição “Desmonumento”, o autor e artista André Parente e os curadores decidiram não apresentar a mostra e alegaram censura. A obra barrada foi a moeda “1 Bolsominion”, que relaciona o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, algoz da ditadura civil-militar e repetidamente exaltado por Bolsonaro. Segundo a Escotilha, o projeto havia sido aprovado em sua totalidade em novembro de 2022. “Nos parece que se constitui um excessivo temor, por parte do MAC-RS, de ferir a sensibilidade de uma parcela do espectro político gaúcho”, relataram os curadores Munir Klamt, Ana Maio e Laura Cattani.
🎧 Podcast
O centro de Belo Horizonte se tornou mais colorido nos últimos anos, com diversos murais pintados nas laterais dos prédios, a partir do Circuito Urbano de Arte, um festival que reúne muralistas para executar as obras artísticas nos edifícios. O “Arreda Pra Cá”, produção do BHAZ, recebe Janaína Macruz, uma das idealizadoras da iniciativa, para contar a história do projeto, criado em 2017, e que atualmente é um dos maiores festivais de arte pública do Brasil. “Um dos objetivos principais do Cura na época era colocar Belo Horizonte na cena mundial de arte urbana e conseguimos”, afirma.
✊🏽 Direitos humanos
A cabeleireira Luiza Melinho lutou por mais de uma década para ter sua cirurgia de transgenitalização, negada repetidas vezes pelo sistema público de saúde. Em 2017, Luiza descobriu que a cirurgia particular que precisou contratar não havia sido feita da maneira correta. A Agência Diadorim conta que o caso da cabeleireira vai ser julgado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos. O processo pede a compensação pelos danos causados a ela, assistência em saúde e também o aprimoramento das políticas públicas e de todo o sistema de atendimento voltado à população trans no país. Essa é a primeira vez que o Brasil será julgado no órgão em relação aos direitos das pessoas trans.