A semana do 7 de Setembro e as queimadas no Dia da Amazônia
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
Esta é a Brasis, nova newsletter da Associação de Jornalismo Digital (Ajor), que traz uma seleção diária do conteúdo produzido pelas nossas associadas. Nessa curadoria, buscamos diferentes perspectivas para assuntos do dia, investigações aprofundadas e histórias de grande impacto local e nacional. Espero que você goste e que a gente consiga dar ainda mais visibilidade para o jornalismo digital brasileiro.
🔸 A semana começa sob os auspícios do 7 de Setembro. Na tentativa de não repetir erros do ano passado, o Supremo Tribunal Federal aumentará em 70% a presença dos agentes de Polícia Judicial nesta quarta-feira, como revela a Agência Pública. Em 2021, caminhões de ruralistas apoiadores de Bolsonaro furaram o bloqueio das vias de acesso à Esplanada dos Ministérios e por pouco não invadiram o STF. O repórter Rubens Valente conta como órgãos públicos têm intensificado as reuniões para acertar os detalhes do plano de segurança do Dia da Independência.
🔸 Enquanto isso, nos grupos bolsonaristas… Palavras de ordem como “É agora ou nunca” ou ainda “Aliste-se”, em tom de guerra, tomam as redes sociais desde a semana passada. Segundo reportagem do Metrópoles, seja no Facebook, no Instagram, no TikTok, no WhatsApp ou no Telegram, o tom é o mesmo: “reagir”, lutar contra o STF e contra “fraudes eleitorais”. Há mensagens que indicam como cada participante deve atuar, com sugestões de faixas como: “Destituição dos ministros do STF em 72h” e “Sem voto impresso não podemos confiar”.
🔸 R$ 700 milhões. Este é o valor gasto pelo Poder Executivo com aluguéis de imóveis modernos e envidraçados em Brasília, onde trabalham cerca de 25 mil servidores públicos. Enquanto isso, estão vazias muitas das salas da Esplanada dos Ministérios, projetada por Oscar Niemeyer para abrigar o funcionalismo público. De acordo com o Portal Terra, um estudo do Ministério da Economia, feito (e engavetado) há dois anos, mostra que todos os funcionários poderiam trabalhar nos prédios públicos originais. Uma economia estimada em… R$ 700 milhões.
🔸 A proposta de uma nova Constituição no Chile foi derrotada no plebiscito de ontem, com mais de 60% de rejeição, e o presidente Gabriel Boric convocou uma reunião com todos os partidos para discutir o resultado. O Nexo detalha os principais pontos de “rechaço” da nova Constituição, que incluía a transformação do Chile de “Estado subsidiário” para “Estado social”, com garantias de direitos como saúde, educação, moradia e Previdência públicas, além de alteração na configuração do Senado. O Le Monde Diplomatique Brasil faz uma análise dos principais grupos por trás das campanhas contra a aprovação e o que se deve esperar do “rechaço”.
📮 Outras histórias
Quem pensa na economia da quebrada? Quando se fala das periferias, a maioria dos candidatos diz que é importante estimular o “empreendedorismo”. Aqui vão as demandas destes empreendedores: combater o desemprego e a fome, investir em cursos de capacitação e oferecer mais linhas de crédito. A Agência Mural entrevistou alguns comerciantes e prestadores de serviços de diversas comunidades da Grande São Paulo e mostra que a falta de emprego dos moradores é também um problema para os microempresários locais, que, ao contrário das grandes empresas, sofreram sem apoio do governo durante a pandemia.
📌 Investigação
Construir uma cooperativa agrícola para produção de soja e arroz dentro da Terra Indígena Sangradouro, do povo Xavante. “Foi ideia de Bolsonaro”, orgulha-se o ruralista José Nardes em entrevista para O Joio e o Trigo, sobre o projeto batizado de Agro Xavante, ou Independência Indígena, em Primavera do Leste, no Mato Grosso. O ruralista, que passará a ganhar mais 2 mil hectares de terra com o projeto, taxa de “bestas” as perguntas que não lhe são convenientes, como quando questionado sobre os lucros que terá com o empreendimento. A saber: os contratos da “parceria” preveem que 80% da produção agrícola fique com os fazendeiros e apenas 20% com os indígenas.
📋 Checagem
Michelle Bolsonaro distorce fatos ao tratar da transposição do rio São Francisco. A primeira-dama surge num anúncio pago no YouTube que, em letras garrafais, afirma que a obra “tá entregue”. O Aos Fatos checou e não é bem assim. Segundo o próprio site do governo, ainda estão sendo feitas obras complementares, além de trechos não inaugurados. A propaganda também omite que, quando Bolsonaro entrou no governo, mais de 96% das obras já estavam concluídas.
🍂 Meio ambiente
Celebra-se hoje o Dia da Amazônia – em meio a queimadas recordes na região. O monitor Sinal de Fumaça lançou o seu Guia Amazônia Legal e o Futuro do Brasil, com dados sobre desmatamento, indicadores de violência e o papel das bancadas parlamentares e dos governos estaduais na devastação promovida na gestão Bolsonaro. O Projeto Colabora mergulha no guia e mostra que a devastação tem aliados poderosos dentro da própria Amazônia Legal: 66% dos deputados federais dos estados da região votaram com o governo para aprovar o chamado Pacote da Destruição, quatro projetos de lei que favorecem a grilagem, destroçam o licenciamento ambiental, ameaçam os direitos indígenas aos territórios e, por fim, permitem a mineração em Terras Indígenas.
“Estamos a um passo bem pequeno ao ponto de não retorno e de vermos a Amazônia deixar de ser o que sempre foi.” O alerta é do ambientalista e geógrafo Carlos Durigan, diretor da Organização Wildlife Conservation Society, diante dos números de queimadas registradas no mês de agosto, cujos focos superam os dos últimos dois anos no mesmo período. O recorde foi no último dia 22, quando em apenas 24 horas foram registrados 3.358 focos de queimadas, mais que o dobro do “dia do fogo” de 2019. A Amazônia Real detalha os números, analisa as consequências e faz um histórico da destruição nos últimos anos.
📙 Cultura
Por que o silêncio? A própria diretoria da Ancine não comentou o fato de que pode ser extinta pelo governo Bolsonaro. A possível extinção terá o maior impacto das últimas duas décadas sobre o cinema nacional, resultando no extermínio das políticas do setor. Como escreve Jotabê Medeiros no Farofafá, a inação da direção da Ancine é política: o diretor presidente da agência, Alex Braga Muniz, é ligado a Soraya Santos, deputada líder do Centrão, grupo de apoio político a Bolsonaro.
🎧 Podcast
No fim da primeira temporada do “Que Papo é Esse?”, produção do Favela em Pauta, o podcast faz uma viagem pelas periferias e comunidades tradicionais da Amazônia, incluindo os estados do Amapá, Amazonas, Maranhão e Pará. O episódio mostra como as comunidades tradicionais se organizam e oferecem soluções para a cultura.
No terceiro episódio da série Eleições, o podcast Vida de Jornalista, uma produção da Rádio Guarda-Chuva, fala sobre os bastidores da cobertura jornalística do primeiro debate presidencial de 2022, desde a recepção dos candidatos, as brigas nos bastidores – e um pouco de nostalgia com trechos clássicos de debates antigos.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
Quem olha para a saúde mental das mulheres negras? Com o Setembro Amarelo, quando se discutem questões como a prevenção do suicídio, o Alma Preta aponta que, no plano de governo dos quatro principais candidatos à presidência, a saúde mental das mulheres negras não é prioridade e foi citada apenas brevemente por Simone Tebet (MDB).