Uma rede alternativa ao X e o estado campeão no uso de agrotóxicos
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Vida longa à nossa newsletter!
Um abraço e obrigada,
Audrey Furlaneto
editora
🔸 O Supremo Tribunal Federal decidiu manter, por unanimidade, o bloqueio ao X (antigo Twitter) no Brasil, até que todas as ordens da Corte sejam cumpridas pela rede social. A decisão de suspender a plataforma no país partiu de Alexandre de Moraes, na última sexta-feira. O magistrado também determinou o bloqueio de recursos da Starlink Holding, do bilionário Elon Musk, dono do X. O Jota detalha a audiência de ontem, quando cinco ministros analisaram e confirmaram a decisão de Moraes. Ao votar, a ministra Cármen Lúcia afirmou: “Democracia exige responsabilidade e comprometimento jurídico, social, político e econômico de todas as pessoas naturais e jurídicas, nacionais e não nacionais (...) O Brasil não é xepa de ideologias sem ideias de Justiça, onde possam prosperar interesses particulares embrulhados no papel crepom de telas brilhosas sem compromisso com o Direito”.
🔸 A resposta de Elon Musk veio com uma enxurrada de anúncios pagos sobre a Starlink no Google e nas plataformas da Meta no Brasil. A Lupa identificou 41 anúncios oferecendo descontos para aderir à internet de Musk nos últimos quatro dias de agosto. O número é muito acima daquele praticado pela empresa normalmente no mercado brasileiro. O pico de anúncios da Starlink no Brasil coincide com o embate entre o X e o STF. A reportagem explica que a campanha publicitária indica que Musk está tentando aumentar a base de clientes de sua empresa de internet no Brasil.
🔸 Sai o X, entra o Bluesky? A julgar pelo número de novos usuários na rede social, os amantes do antigo Twitter estão em busca de uma alternativa. Nas 48 horas que se seguiram após o bloqueio do X, mais de 880 mil brasileiros chegaram à plataforma, como apurou o Núcleo. “Grandes ondas de usuários brasileiros chegaram ao Bluesky no passado, mas nunca vimos números como os que vimos hoje”, afirma a diretora operacional do Bluesky, Rose Wang. Com os novos membros, a rede tem agora cerca de 7 milhões de usuários ativos. É pouco se comparado ao antigo Twitter, que contabiliza mais de 250 milhões de pessoas. Mas a Bluesky defende que quer mesmo ser diferente. Com recursos de moderação dos próprios usuários, a plataforma se vende como menos tóxica e mais transparente que o X.
🔸 Responsável pelo marketing de Lula nas eleições de 2022, Sidônio Palmeira vê um desafio para a futura campanha do petista: sem um nome definido pelo bolsonarismo para o pleito de 2026, não é possível planejar uma estratégia. “A gente tem de adaptar a estratégia a cada momento e a cada candidato que vai enfrentar”, afirma o publicitário, em entrevista à CartaCapital. Enfrentar candidatos como Pablo Marçal, que se valem de algoritmos para disseminar mentiras nas redes, requer um tipo de adaptação, o que não significa abrir mão de debate de propostas para o país.
📮 Outras histórias
Fascinado por robótica, um estudante do Piauí decidiu criar um equipamento de monitoramento da qualidade da água. O invento de Manoel José Nunes Neto acaba de ser premiado na Suécia com o Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2024. O Conexão Planeta conta que, desde criança, o interesse do estudante pela eletrônica se fazia notar: ele costumava desmontar brinquedos para entender seu funcionamento. Foi depois de assistir a reportagens sobre a contaminação de rios pela mineração e seu impacto para comunidades indígenas que o jovem se lançou ao desafio de desenvolver a ferramenta. “O rover é um barco autônomo que funciona como uma sentinela. Movido com energia solar, ele fica por um tempo indeterminado, em um rio ou lago, verificando todo o perímetro e enviando todas as informações para um celular ou computador”, explica.
📌 Investigação
Com maior parte do território voltado à produção de commodities, o Mato Grosso apresenta os piores índices de mortes fetais e anomalias em bebês. A InfoAmazonia analisou, em parceria com Tatiane Moraes, pós-doutoranda da Universidade de São Paulo (USP), a relação entre a área de lavoura dos municípios e essas condições de saúde. Cerca de 60% do estado – 85 municípios – têm mais de 5% do seu território dedicado à agricultura. Estes, por sua vez, têm uma chance 20% maior de nascer crianças com anomalias em relação aos que possuem menos de 5% de lavoura. O Mato Grosso também é líder em comercialização de agrotóxicos. Entre eles, glifosato, 2,4-D, atrazina, mancozebe, clorotalonil e acefato, todos ligados a fatores de risco ambiental para uma série de doenças, como as anomalias e as mortes fetais.
🍂 Meio ambiente
Responsável por um meliponário – criação de espécies de abelhas nativas sem ferrão –, João Batista, o Seu João, de 69 anos, relata que os insetos estão morrendo a cada ano. O motivo pode ser o uso de agrotóxicos por fazendas nas redondezas do criadouro. O meliponário tem 200 anos e foi herdado por Seu João. Ele calcula que perdeu um quarto das abelhas nos últimos quatro anos, com um episódio maior em junho deste ano. A Marco Zero visitou o criadouro, localizado em Serra Negra, no município de Bezerros, a 100 quilômetros de Recife, em Pernambuco. Segundo ele, os danos causados à criação de abelhas provêm dos pesticidas. “O veneno é um devorador de tudo e estou rodeado dele”, conta. “Eu tive uma depressão pesada no ano passado. As abelhas para mim são tudo, comecei a criar com 10 anos e estou até hoje lutando por elas.”
📙 Cultura
Em imagens: mais de 450 mil pessoas passaram pela 27ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes entre os dias 17 e 25 de agosto em Belém (PA). O evento propõe uma experiência entre livros, histórias, espetáculos e autores, com aproximação de elementos da cultura amazônica. Na Amazônia Latitude, o fotógrafo e jornalista Alexandre Moraes traz os registros da feira, que possibilitou um encontro com autores consagrados e a descoberta de novos talentos. Foram lançadas cerca de 150 obras no evento, incluindo um box de livros de Juraci Siqueira e a “Iracema Voa”, de Iracema Oliveira, ambos homenageados nesta edição do evento.
🎧 Podcast
Era julho de 2021 quando a designer de interiores Kathlen Romeu, de 24 anos, foi visitar parentes no Complexo do Lins, comunidade do Rio de Janeiro, e foi assassinada com um tiro de fuzil da Polícia Militar. Não foi um caso isolado. A série “genocídios.BR”, do “Guilhotina”, produção do Le Monde Diplomatique Brasil, resgata a morte de Kathlen, grávida do seu primeiro filho, para debater como funciona o genocídio negro no país e mostra a luta da família e amigos da jovem por justiça. “Cada vez que eu vou ao Ministério Público, cada vez que tem uma audiência, é mais um tiro que a gente toma. Eu passei a ser mais uma mãe vítima da letalidade policial. E somos muitas. A cada vez que negam a justiça para um filho nosso, é um tiro que acerta na gente”, afirma Jackelline Oliveira, mãe de Kathlen.
✊🏽 Direitos humanos
Após se defender das agressões do ex-marido com um golpe de faca, uma vítima de violência doméstica está sendo acusada de tentativa de homicídio por ele e vai a júri popular na próxima sexta pelo Tribunal do Júri de Florianópolis (SC). O Catarinas conta que, ao longo de oito anos de relacionamento, ela acumulou ao menos seis boletins de ocorrência e diversos prontuários médicos que comprovam a rotina de violência. No entanto, é ela quem teve de usar uma tornozeleira eletrônica por conta do caso. Já as acusações contra seu agressor nunca tiveram retorno. “Eu me sinto humilhada por ter que reviver tudo isso: por ter sido presa, usado uma tornozeleira e, agora, enfrentar um júri e vê-lo lá”, afirma.