O prenúncio de seca no Pantanal e a faceta ativista de Madonna
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🔸 Na noite de ontem, o Rio Grande do Sul já havia registrado 29 mortes em decorrência do desastre climático no estado. As fortes chuvas e enchentes de rios já atingem 154 municípios. Sessenta pessoas estão desaparecidas, 4.645 ocupam abrigos e 10.242 estão desalojadas. Ao todo, mais de 71 mil pessoas foram afetadas. O Sul21 traz um panorama da situação, lista os municípios atingidos e conta que, segundo o governador Eduardo Leite (PSDB), o rio Guaíba, em Porto Alegre, pode alcançar 5 metros nesta sexta-feira – maior patamar em 83 anos, desde a enchente histórica de 1941. Os rios Taquari, Jacuí e Caí também enfrentam as maiores cheias já registradas. Em visita ao estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a instalação de um gabinete de crise, para concentrar tanto informações quanto decisões em meio ao desastre climático.
🔸 No meio da tarde, uma barragem se rompeu parcialmente, e o governador pediu que a população das margens dos rios das Antas e Taquari deixasse a região de imedado. A barragem 14 de Julho fica entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves. A Companhia Energética Rio das Antas, empresa que opera a barragem, afirma que acionou sirenes para a evacuação da área no dia anterior. O Agora RS explica que o principal reflexo do rompimento da barragem é o aumento no nível do rio das Antas e Taquari.
🔸 No Pantanal, o problema está no outro extremo. O bioma deve enfrentar seca severa neste ano. A temporada de cheia foi fraca: choveu muito pouco e, em abril, os níveis dos rios ficaram muito abaixo do mínimo esperado – os níveis são os mais baixos desde 2020. Mas não só. As queimadas de janeiro a abril cresceram 1.033% em relação ao mesmo período do ano passado. A Agência Pública detalha o cenário e ouve especialistas e quem vive na região. “A água é nosso braço, perna e mão. É vida para nós. A seca impacta tudo”, diz o pescador Lourenço Pereira, que nasceu e cresceu no Pantanal.
🔸 A Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem o projeto de privatização da Sabesp na capital paulista. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) sancionou o texto horas depois. Como mostra a CartaCapital, a pressa neste caso não é novidade: a gestão de Nunes entregou em tempo recorde (apenas seis dias) o estudo de impacto orçamentário que faltava para a privatização avançar na Câmara. A capital paulista concentra cerca de 45% das unidades consumidoras, e a Sabesp fechou 2023 com um lucro líquido de R$ 3,52 bilhões.
🔸 “A pergunta até agora não respondida pela Prefeitura e pelo Governo de São Paulo, que patrocinam a entrega da Sabesp ao mercado, é qual seria a motivação para se verem livres de uma companhia cujos resultados são considerados excelentes”, escreve Rita Casaro, em artigo no Outras Palavras. Ela cita como “exemplo negativo mais próximo” o caso do Rio de Janeiro, “onde, após a privatização da companhia de água e esgoto, o custo elevou-se a um patamar 56,2% acima do cobrado em São Paulo, na estimativa de consumo de 10 mil litros por mês. No caso da tarifa social, a disparidade chegou a 102,4%”.
📮 Outras histórias
Na maior favela sobre palafitas do país, o Dique da Vila Gilda, em Santos, parte das moradias serão substituídas por estruturas pré-fabricadas sustentáveis, que serão erguidas sobre o mangue. É o que está previsto no projeto-piloto do Parque Palafitas, idealizado em 2018 pelo arquiteto Jaime Lerner e que tem as primeiras entregas previstas para o final deste ano. O Juicy Santos reúne as imagens do projeto apresentadas pela prefeitura e lembra que, apesar dos benefícios em potencial, a comunidade se preocupa com a continuidade, já que, agora, o que se tem é um projeto-piloto.
📌 Investigação
Com histórico de comprar terras da União irregularmente, a mineradora Vale registrou, em sete CNPJs ativos no Pará, 182 propriedades rurais – cerca de 62 mil hectares – no Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro público obrigatório e autodeclaratório. Desse total, no entanto, 46 aparecem sobrepostos a outras propriedades e dez estão sobre áreas de assentamentos, unidades de conservação ou Terras Indígenas, ou seja, de forma irregular. A Sumaúma mostra que, com a omissão do Incra, a empresa pressiona agricultores e atua para desmobilizar movimentos sociais. O objetivo da mineradora é ampliar a exploração minerária no sudeste do Pará.
🍂 Meio ambiente
Apesar de ser considerado um animal bastante comum, o papagaio-verdadeiro sofre com o declínio de suas populações como consequência do tráfico de animais e da perda de habitat. Ao Fauna News a zootecnista Gláucia Helena Fernandes Seixas, idealizadora do Projeto Papagaio-verdadeiro, detalha as condições necessárias para a reprodução da espécie e como a fiscalização ainda é insuficiente para combater o tráfico. “Temos certeza de que os números de animais apreendidos representam uma parcela muito pequena do total de papagaios-verdadeiros saqueados da natureza. Paralelamente, é fundamental que as ações de educação para conservação e combate ao tráfico sejam ampliadas e fortalecidas.”
📙 Cultura
“Nós somos seres culturais, e antes mesmo de aprender a ler ou escrever, aprendemos a cantar uma música, a dançar ou a atuar. Eu vejo que a cultura é o principal e primeiro contato que um ser humano tem”, diz a bailarina Bárbara Querino, que esteve presa injustamente por dois anos. Durante o período no cárcere, Querino chegou a organizar rodas de dança junto às companheiras e acredita que o acesso à cultura e a educação podem ser caminhos para diminuir as taxas de reincidência. A Periferia em Movimento destaca que a participação em atividades culturais e a leitura são um direito e podem diminuir a pena, mas o acesso ainda é escasso na maioria das unidades e dependente do trabalho voluntário da sociedade civil.
🎧 Podcast
A corrida faz parte da história humana. Há diversos relatos de povos capazes de correr grandes distâncias, como os Rarámuris, que vivem no México. A “Rádio Escafandro”, produção da Rádio Guarda-Chuva, mergulha no universo da corrida e detalha a experiência de participar de uma maratona. O episódio conversa com a médica Fernanda Bonani sobre a rotina de treinos a que ela se impôs quando ficou obcecada por correr e participou de diversas maratonas pelo mundo. Bonani também explica as principais questões fisiológicas da corrida.
💆🏽♀️ Para ler no fim de semana
Para além da alcunha de rainha do pop, a cantora Madonna se envolveu em diversas causas sociais importantes, como o combate à epidemia de HIV/Aids, que assolou o mundo entre os anos 1980 e 1990. Ao longo dos 40 anos de carreira na música, a artista atuou em defesa dos direitos LGBTQIA+ – uma das primeiras estrelas a apoiar a comunidade abertamente – e das mulheres, além do financiamento de projetos educacionais para crianças, sobretudo meninas, no Afeganistão, no Paquistão e no Malawi. O Colabora ressalta a faceta ativista da rainha do pop, que encerra sua turnê de quatro décadas de trajetória com show no Rio de Janeiro neste sábado.