O preço da insistência do PL e a estreia do Brasil na Copa do Catar
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🔸 Saiu pela culatra a tentativa do PL, partido de Jair Bolsonaro, de tentar invalidar o resultado do segundo turno das eleições. O pedido feito ontem pela legenda ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não só foi negado, como se converteu em multa – de R$ 22,9 milhões. O presidente da Corte, Alexandre de Moraes, condenou o partido por “litigância de má fé” e ainda determinou o bloqueio imediato das contas da coligação, formada por PL, Republicanos e PP, até que a multa seja paga. O Metrópoles lembra que, ao receber o pedido, o magistrado pediu ao partido que apresentasse nova versão, incluindo também o primeiro turno. O PL insistiu em manter a mesma representação – e veio a multa. Moraes descreveu a denúncia como de “total má-fé”, com argumentos “absolutamente falsos”.
🔸 A falha nas urnas eletrônicas alegada pelo PL para pedir a invalidação dos votos é irrelevante e não impacta na integridade do resultado. Especialistas ouvidos pela Lupa explicam que o relatório se baseia em um detalhe num arquivo comum em sistemas computacionais, o log, que registra todo o histórico de eventos relevantes. Nas urnas, o arquivo informa data e horário em que a máquina foi ligada ou recebeu votos, e não registra nenhum dado pessoal ou escolha dos eleitores. “Os arquivos de log não são críticos para a integridade dos resultados”, escreveram em nota conjunta os professores Diego Aranha, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, e Paulo Matias, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
🔸 O estado da vacinação infantil contra a Covid-19. Desde que o Brasil identificou a circulação da BQ.1, nova subvariante da ômicron, em outubro, as infecções voltaram a crescer em diversos estados. Com a imunização lenta e atrasada para bebês e crianças de até 11 anos, esses grupos estão expostos a efeitos graves da doença. O Nexo detalha os dados da vacinação infantil no país e informa que 70% das crianças de 5 a 11 anos receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no Brasil, e 50% receberam a segunda. Enquanto isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) voltou a obrigar o uso de máscaras em aviões e aeroportos de todo o país.
🔸 “Os jogos têm um componente emocional muito forte, a estreia ainda mais. Pela expectativa que gera, é humano. Talvez isto interfira nas expectativas do que acontece no jogo. Temos o maior torneio do mundo, os maiores atletas do mundo, talvez a maior visibilidade de um esporte do mundo. Mas temos de ser o que somos na nossa essência.” Tite, o técnico da Seleção Brasileira, refere-se à estreia do Brasil na Copa do Catar hoje, às 16h, contra o time da Sérvia. O Esporte News Mundo conta que Tite fez questão de não divulgar a escalação, “para não dar ao adversário a oportunidade de saber”, como afirmou.
📮 Outras histórias
A violência policial nas favelas engrossou as estatísticas no último final de semana. Manguinhos e Jacarezinho, ambas favelas na zona norte do Rio de Janeiro, viveram mais uma operação. Foram quatro dias de tiroteio nas comunidades – cinco pessoas foram baleadas, e um homem morreu. O Voz das Comunidades conversa com os moradores sobre o cotidiano de violência do Estado. “Eles [os policiais] passaram por cima de várias barracas de camelôs em frente à comunidade. (…) É um projeto de morte, porque gritamos e parece ninguém nos escuta. No Dia da Consciência Negra [no último domingo], a sensação é que tínhamos voltado para a senzala”, afirma Sandra, articuladora do grupo “Mães do Jacarezinho, do Luto para Luta”.
Para os cinco países africanos que disputam a Copa do Mundo no Catar, a competição deste ano é histórica: pela primeira vez as seleções são comandadas por técnicos do próprio continente. Aliou Cissé (Senegal), Jalel Kadri (Tunísia), Walid Regragui (Marrocos), Rigobert Song (Camarões) e Otto Addo (Gana) são os nomes que rompem com o padrão de 92 anos de comando por treinadores europeus. A Alma Preta descreve o currículo de cada um deles.
📌 Investigação
Bastam poucos minutos de chuva forte para que transborde o valão da favela Rubens Vaz, no Complexo da Maré, que abrange 16 favelas na zona norte do Rio de Janeiro. Moradora da comunidade há 20 anos, Daniela conhece os estragos das enchentes, mas tem a percepção de que a situação piora ano a ano. Não é impressão, mas sim efeito das mudanças climáticas, como apontam pesquisadores. O data_labe se debruça sobre o tema na Maré e explica que os riscos de alagamentos e deslizamentos de terra estão diretamente ligados à falta de saneamento básico e de coleta de lixo, tópicos ignorados por diversos governos.
🍂 Meio ambiente
Peça-chave para manter a saúde da Mata Atlântica, o veado-mateiro-pequeno enfrenta desmate, caça, cachorros e doenças transmitidas por bovinos. O Eco explica a origem da espécie, sua distribuição no país e os obstáculos para sua sobrevivência. Segundo José Barbanti, da Unesp, a espécie é um dos “jardineiros” da Mata Atlântica. “Ele come e [com suas fezes] ajuda a disseminar frutas e outras plantas, mantendo a densidade e a estrutura das florestas”, explica.
Como as empresas brasileiras se comprometem com o Environment, Social and Corporate Governance (ESG), entendidos como os critérios ambientais, sociais e de governança? A Vale, por exemplo, parece muito focada na sustentabilidade, mas busca diminuir as indenizações para atingidos pelos seus mais recentes danos ambientais, como a tragédia de Mariana (MG). A CartaCapital resgata o conceito de ESG e analisa também as contradições em três grandes empresas que seguem esses preceitos – Vale, Natura e Petrobras.
📙 Cultura
“Quando a gente apaga a identificação desses líderes, pioneiros nessa construção, automaticamente a gente está enterrando um pouco da história do povo negro.” A declaração do rapper Rafa Rafuagi se refere ao poeta Oliveira Silveira, fundador do coletivo Palmares. Ao lado de outros intelectuais negros, como Vilmar Nunes, Ilmo da Silva e Antônio Carlos Côrtes, o autor foi um dos primeiros a propor a definição do dia 20 de novembro como o Dia da Consciência Negra, em plena ditadura militar, em Porto Alegre, como conta o Sul21.
Moradora da Rocinha, favela no Rio de Janeiro, Denise Paiva ganhou as redes sociais por promover um desfile para crianças com roupas confeccionadas de crochê. A dona de casa aprendeu o ofício de crocheteira com sua mãe e converteu-o em fonte de renda. Sua arte tem ganhado cada vez mais destaque e mais clientes, seja com encomenda de peças de roupa ou bonecos. O Fala Roça conversa com Denise, que, por um período, ofereceu também treinamentos gratuitos de crochê no projeto Rocinha em Cena.
🎧 Podcast
No mês da Consciência Negra, o podcast “451 MHz”, produção da revista Quatro Cinco Um, debate com duas das principais autoras contemporâneas do país, Ana Maria Gonçalves e Cidinha da Silva. As duas contam suas trajetórias, falam sobre os 16 anos do livro “Um defeito de cor”, de Gonçalves, e também sobre Maria Firmina dos Reis, primeira escritora negra homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Elas ainda discorrem sobre a importância de Exu no processo criativo de cada uma e sobre a figura de Luiz Gama.
🧑🏽🏫 Educação
O que pensam os estudantes do Complexo da Maré que fizeram a prova do Enem nos dias 13 e 20 de novembro? O Maré de Notícias ouve suas perspectivas e desafios durante a realização da prova. Número de questões, textos longos, tempo de prova, pressão psicológica e conciliação entre estudo e trabalho estão entre os principais problemas apontados por eles. “Minha rotina [de estudos] foi bem conturbada, porque além de estudar para o Enem e fazer o pré-vestibular comunitário, eu trabalho com os meus pais na pensão que eles têm e também faço um curso técnico”, relata Julia Silva, de 20 anos, que deseja cursar Odontologia.