A posse de Rosa e os projetos de lei para proteger as mulheres
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🔸 Em 131 anos de Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber é a terceira mulher a presidir a Corte – depois de Ellen Gracie (2006-2008) e Cármen Lúcia (2016-2018). A ministra vai comandar um tribunal que tem apenas duas mulheres entre 11 ministros. No discurso de posse ontem, como mostra O Antagonista, Weber lembrou que o país vive “tempos verdadeiramente perturbadores, de maniqueísmos indesejáveis”. Ela também mencionou as mais de 680 mil vítimas da pandemia – “que ainda não foi totalmente debelada”. Dias antes da posse, aliás, a magistrada mandou a Polícia Federal seguir com as investigações sobre as condutas do presidente Jair Bolsonaro e de seu ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante a pandemia.
🔸 O que esperar de Rosa Weber no comando do STF? A ministra terá uma trajetória curta – sairá em 13 meses, para se aposentar, e será substituída por Luís Roberto Barroso. Mas, até lá, tem processos importantes em suas mãos. Dentre eles, o mais sensível do ponto de vista político é o processo do orçamento secreto, como avalia Felipe Recondo, em artigo no Jota.
🔸 Num encontro ontem, Marina Silva oficializou seu apoio a Lula, candidato do PT à Presidência, e entregou-lhe uma carta focada em pautas ambientais para compor o plano de governo. O Eco detalha os compromissos do documento, que pede, por exemplo, o comprometimento do próximo governo em reestruturar a atuação de órgãos como Ibama, ICMBio e do próprio Ministério do Meio Ambiente. Marina estava afastada da vida política desde as eleições de 2014, quando, alvo da campanha de Dilma Rousseff, acabou por apoiar Aécio Neves no segundo turno. A CartaCapital fala sobre o discurso do ex-presidente no encontro.
🔸 “Talvez Lula e Marina tenham as duas trajetórias políticas mais interessantes do país”, escreve o jornalista Rudolfo Lago, em coluna no Congresso em Foco. Ele lembra que “Lula saiu do sertão para tentar a vida em São Paulo em cima de um caminhão pau-de-arara e daí fez o seu caminho”. Já Marina é “ex-empregada doméstica, lutou para alcançar os seus espaços” – e é evangélica. “Se esse foi o principal elemento agregador da entrada de Michelle na campanha de Jair Bolsonaro, Lula agora poderá ter Marina cumprindo esse papel, caso ela o aceite.”
🔸 Em tempo: a pesquisa Ipec divulgada ontem indica chance de vitória de Lula no primeiro turno. O candidato do PT tem 46% das intenções de voto. Já Bolsonaro estacionou e manteve 31%. Os dados foram divulgados ontem à noite. É, de acordo com o portal Terra, a primeira pesquisa Ipec após os atos de 7 de setembro.
🔸 A cruel cena de um homem dizendo que não daria mais marmitas a uma mulher – depois que ela declarou voto em Lula – viralizou. O BHAZ detalha o caso e conta que o homem, Cássio Cenalli, agora se diz arrependido. Em vídeo: no Ponto de Partida, do Canal Meio, o jornalista Pedro Doria fala deste e de outros dois episódios, em que empresários demonstraram o desejo de impor seu voto negando quentinhas, demitindo ou oferecendo bônus a funcionários.
📮 Outras histórias
Sem licença ambiental, mas com aval do governo do Mato Grosso e da Fundação Nacional do Índio (Funai). Assim a prefeitura de Campinápolis desmatou cerca de 300 hectares de mata nativa dentro da Terra Indígena Parabubure para plantio de soja. Além das violações ambientais, a lavoura mecanizada não teve o apoio da maioria dos indígenas Xavante daquela terra. A Repórter Brasil narra como o cultivo de cereais e a abertura de estradas na região não tiveram a autorização do Ibama.
📌 Investigação
Bases parlamentares investigadas. Os aliados de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso têm mais processos do que os do ex-presidente Lula (PT): 27% contra 16%. As complicações na Justiça estão relacionadas a atos contra a administração pública, como corrupção e improbidade administrativa. Levantamento do Congresso em Foco mostra quem são eles.
🍂 Meio ambiente
Andando para trás e negando o futuro. “As pessoas não têm ainda a dimensão do tamanho do estrago. O desmatamento na Amazônia é só a ponta do iceberg”, afirma Izabella Teixeira, ex-ministra do Meio Ambiente. O Projeto Colabora ouviu a análise dela sobre as consequências do governo Bolsonaro para a área ambiental. Dois grandes tópicos de preocupação, segundo ela, são o retrocesso da agenda e a visão equivocada sobre soberania nacional no debate internacional, tirando a possibilidade de conversar sobre o futuro e a crise climática.
Por que o calor da China deveria ser preocupação nossa? O Capital Reset responde. As mudanças climáticas explicitadas pela onda de calor no Hemisfério Norte deixou seu recado no Extremo Oriente com a seca de 60 afluentes de toda a bacia do Rio Yangtzé, o maior da Ásia, esvaziando os reservatórios das hidrelétricas e interrompendo a produção de diversas fábricas.
📙 Cultura
Funk é cultura. Artistas, membros de coletivos e frequentadores dos bailes nas periferias de São Paulo cobram políticas públicas para a cultura local e a descriminalização do funk por parte do próximo governador. “Os políticos precisam ver a importância desse movimento e espero que os [próximos] olhem para cultura de favela, sem violência, e mais respeito”, afirma o artista conhecido como MC Vigarista. A Agência Mural ouviu o que os jovens querem para a cultura nas quebradas.
Nada de livros. Lembra quando as pessoas foram às urnas em 2018 com livros nas mãos como símbolo de resistência? Desde então, as políticas de promoção à leitura foram paralisadas pelo governo federal, mas o mais preocupante é que nenhum plano de governo dos quatro principais candidatos à Presidência cita a palavra “livro” e apenas uma – de Simone Tebet – cita duas vezes a palavra “biblioteca”. O Le Monde Diplomatique Brasil analisou a situação das políticas ligadas ao tema.
🎧 Podcast
Uma história do Brasil que talvez você desconheça. O podcast Projeto Querino, produzido pela Rádio Novelo, está entre os mais ouvidos do país. Em oito episódios, parte de um olhar afrocentrado para tratar da formação do Brasil e nos lembra: o país que mais importou escravizados no mundo também foi o último das Américas a abolir a escravidão.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
Punitivismo aos agressores. Nos últimos quatro anos, a violência é tema de metade dos Projetos de Lei relacionados aos direitos das mulheres. Para quatro propostas, a solução é que as vítimas tenham acesso a lâminas e armas de fogo. A Revista AzMina analisou o que o Congresso propôs para as mulheres em todas as esferas e como o baixo número de deputadas e senadoras influenciam os temas dos PLs.