As pistas de pouso em terras indígenas e o branqueamento dos corais
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🔸Em ato pró-Bolsonaro realizado ontem no Rio de Janeiro, os costumeiros ataques ao ministro Alexandre de Moraes vieram acompanhados da defesa de Elon Musk, dono do X (antigo Twitter). O ex-presidente classificou o bilionário como “mito da liberdade”. “É um homem que preserva a liberdade para todos nós, que teve coragem de mostrar com todas as provas para onde nossa democracia estava indo”, afirmou Jair Bolsonaro (PL). O Nexo lembra que a manifestação foi convocada pelo ex-presidente em meio a investigações de sua participação numa tentativa de golpe de Estado. O pastor Silas Malafaia, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Nikolas Ferreira, entre outros, discursaram ao lado de Bolsonaro. Cerca de 32 mil pessoas participaram do ato em Copacabana, segundo estimativa do grupo de pesquisa Monitor do Debate Político, da Universidade de São Paulo.
🔸 Último a discursar, Bolsonaro rasgou elogios a Musk, criticou Lula e o Tribunal Superior Eleitoral, que o tornou inelegível. A Lupa checou algumas de suas falas e mostra que o ex-presidente foi contraditório ao afirmar que não duvida das eleições – pouco antes, ele próprio havia dito que “que o Brasil volte à sua normalidade” para que se possa “disputar eleições sem qualquer suspeição”. Também mentiu ao declarar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu o grupo islâmico Hamas no conflito entre Israel e Palestina e que agora está ao lado do Irã nos confrontos do Oriente Médio – nos dois casos, não há qualquer declaração oficial de Lula que sustente as afirmações de Bolsonaro.
🔸 Post, a rede concorrente do X, anunciou que vai fechar as portas. Criada para competir com a plataforma de Musk no segmento de notícias, a empresa não cresceu com rapidez suficiente para ganhar relevância e se tornar um negócio viável, informa o Núcleo. Quando foi lançada, em 2022, a rede tinha o objetivo de ter um ambiente menos tóxico e mais noticioso que o rival.
🔸 Há 201 pistas de pouso dentro de terras indígenas na Amazônia. A maior parte delas está próxima a áreas de garimpos ilegais, de acordo com levantamento do MapBiomas. Somente na terra Yanomami são 75 pistas. Em seguida, estão a Raposa Serra do Sol, com 58 pistas, a Kayapó, com 26, a Munduruku e o Parque do Xingu, com 21 pistas cada. O Eco detalha o relatório e destaca que 77% da atividade garimpeira na floresta tropical está a menos de 500 metros de cursos d’água, como rios, lagos e igarapés.
🔸 No Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU, Sueli Carneiro defendeu a criação de um programa de desenvolvimento econômico para a população negra com metas de curto, médio e longo prazos. Para a filósofa, a iniciativa poderia dar início a um “círculo virtuoso de promoção da mobilidade social das populações afrodescendentes em nosso país que sustente um processo de reparação histórica”. A Alma Preta mostra como as mulheres negras protagonizaram o fórum em Genebra, na Suíça, dentro e fora das agendas oficiais. A expectativa é que o evento de 2025 seja sediado pelo Brasil.
📮 Outras histórias
A maior parte da população indígena da cidade do Rio de Janeiro vive na Maré. Na favela, são ao todo 845 pessoas autodeclaradas indígenas, concentradas sobretudo no Parque Maré, uma das 16 comunidades que compõem o complexo na zona norte da capital. O data_labe conta a história de Valdir Custódio, de 56 anos, que migrou com a família de Itabaiana, município no interior da Paraíba, rumo ao Rio de Janeiro quando tinha apenas 1 ano de idade. A migração é uma realidade dessa população: segundo o Censo 2022, seis a cada dez pessoas indígenas vivem fora das TIs. Valdir tem poucas memórias de sua ascendência: “[Meu pai] Nunca contou nenhuma experiência que mostrasse a etnia, de onde a gente veio, passou só as comidas nordestinas: cuscuz amarelo, aipim, inhame cará”.
📌 Investigação
O governo de Roraima autorizou o uso de fogo dentro de 55 fazendas para o manejo de pastagens até 10 de fevereiro deste ano, em meio a um período de seca intensa e à mais grave temporada de queimadas já registrada no estado. No dia 20 de fevereiro, o governador Antonio Denarium (PP) suspendeu o uso de fogo em Roraima, impedindo a renovação ou emissão de novas licenças. A InfoAmazonia revela, porém, que 19 propriedades continuaram queimando áreas dentro e fora de seus limites depois do prazo – foram registrados casos até 8 de abril, em locais recentemente desmatados e em florestas que deveriam ser preservadas. Entre 1º de janeiro e 31 de março, o sistema de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) contabilizou 4.093 focos de calor em Roraima, maior número desde 1998.
🍂 Meio ambiente
Devido ao aumento na temperatura das águas do mar, recifes de corais podem sofrer com branqueamento em todo o planeta entre março e julho deste ano. Em alguns pontos, há chance de 90% dos abrolhos ficarem brancos. O alerta é da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). Segundo a Eco Nordeste, o cenário já atinge os recifes do Rio Grande do Norte, onde 80% dos corais já estão branqueados, o que leva a região a um alerta de nível 2 da NOAA. A previsão é que a situação seja semelhante ao episódio de branqueamento que aconteceu em 2020.
📙 Cultura
Com o objetivo de dar visibilidade a artistas que vivem em Sergipe e democratizar o acesso à arte, um grupo de produtores culturais e artistas se mobilizou para a realização do Festival Metamorfose, que ocorre até o dia 11 de maio em Aracaju. À Mangue a produtora Kendra Stradmann enumera as motivações que levaram à criação do evento: “A primeira é a questão das escolas públicas, onde quase não se tem contato com a arte. A segunda é a deficiência da cadeia produtiva de arte no geral, não só as visuais, mas a música e todos os tipos de arte que desenrolam dentre as sete principais. E a terceira é a falta de valorização dos artistas”.
🎧 Podcast
“Falar em sexualidade na década de 80 era muito difícil”, afirma a drag queen Kayete, radialista, atriz, escritora, apresentadora e humorista que completou 30 anos de carreira. Aos poucos, a comunicadora e multiartista se tornou um símbolo da comunidade LGBTQIA+ cristalizado no imaginário da população de Belo Horizonte e conquistou fãs de diversas orientações sexuais, gêneros, idades e crenças. No “Arreda Pra Cá”, produção do BHAZ, Kayete revisita sua trajetória, desde a homofobia que sofria na escola até sua presença nos palcos, nas novelas e na imprensa.
🏃🏾♂️ Esporte
Para além de criar um campeonato de MMA para lutadores trans, o Trans Fighter, que aconteceu pela primeira vez no final de 2023, inaugurou a Categoria T, exclusiva para esportistas da comunidade. A base para a Categoria T foi a tabela da World Professional Association for Transgender Health, associação voltada à saúde de pessoas trans. A Emerge Mag explica que, no Trans Fighter, os atletas foram separados em cinco subdivisões: Pré-T (atletas que não fizeram terapia hormonal); T1 (até um ano de terapia hormonal); T2 (entre um e três anos de terapia hormonal); T3 (entre três e cinco anos de terapia hormonal); e T4 (mais de cinco anos de terapia hormonal). O método também busca identificar a relação entre rendimento e hormonização.