A Parada LGBTQIA+ e os partos entre mulheres de 40 anos
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🔸 Ontem, na 28ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo, participantes vestiram verde e amarelo em figurinos e camisetas da seleção brasileira de futebol. Além de propor a apropriação das cores da bandeira do Brasil, a edição deste ano pedia um “basta de negligência e retrocesso legislativo” e “voto consciente por direitos da população LGBT+”, informa o Metrópoles. “Retomar esses signos, como a bandeira nacional, a camisa da Seleção Brasileira, para nossa comunidade, é fazer com que a integração realmente aconteça, que nós estejamos inseridos nessa sociedade que muitas vezes nos nega o direito de estar aqui”, dizia Erick, 29 anos, um dos milhares de participantes da Parada na avenida Paulista.
🔸 Antes, na sexta, o Largo do Arouche recebeu a Marcha do Orgulho Trans, com o tema “Renascença de Gênero” – uma forma de celebrar diferentes identidades de gênero na sociedade. A Agência Diadorim destaca a participação da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), da codeputada estadual de São Paulo Carolina Iara (PSOL-SP) e da vereadora de Niterói (RJ) Benny Briolly (PSOL-RJ) – esta, a primeira travesti eleita parlamentar no estado do Rio de Janeiro. Chamada de “presidenta” pelo público, Erika Hilton afirmou: “Hoje as cores de nossa bandeira se juntam também com as cores do verde e amarelo, para lembrar a essa gente cafona, nefasta e horrorosa que o Brasil também é de bicha, de viado, de sapatão, de homens trans, de travestis, de não-bináries”.
🔸 A Organização das Nações Unidas (ONU) cobrou do Brasil a garantia ao aborto legal. Em Genebra, na Suíça, uma delegação brasileira foi sabatinada por 23 peritas internacionais na 88ª Sessão da Comissão sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW). A Revista Afirmativa detalha o encontro, as perguntas feitas à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, e os números apresentados pelo país. Entre eles, está o dado de que, nos últimos 10 anos, 204,4 mil crianças e adolescentes se tornaram mães – destas, 74,2% eram negras.
🔸 Maioria da população brasileira, as mulheres negras são as menos beneficiadas pelos avanços sociais. O relatório “Desenvolvimento Humano no Brasil”, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), informa que as mulheres negras dispõem de 16% do total de rendimentos – o percentual é 35,1% quando se trata de homens brancos. O Notícia Preta traz detalhes do documento e lembra ainda que mulheres negras estão mais expostas à baixa longevidade, à menor possibilidade de estudo e à falta de renda.
📮 Outras histórias
Em meio ao desastre climático no Rio Grande do Sul, o Ministério Público do Trabalho (MPT) investiga abuso de poder pela rede de supermercados Zaffari contra os funcionários. A Matinal apurou que os casos envolvem ameaças de punição ou demissão. “No caso da calamidade pública, boa parte das denúncias se refere a situações em que o trabalhador foi convocado para retornar ao trabalho, mas havia sido atingido diretamente pelas enchentes ou com impossibilidade de deslocamentos”, explicou a assessoria do MPT. A reportagem conta que o órgão fez uma recomendação aos municípios gaúchos: que ofereçam atestados comprovando que os moradores foram atingidos pelas enchentes e, por isso, não puderam comparecer ao trabalho.
📌 Investigação
Clonazepam, zolpidem, ritalina e xarope de codeína são alguns dos remédios controlados cujas receitas são vendidas em perfis no Instagram, no Telegram e no WhatsApp, como revela o Núcleo. Os valores variam de R$ 5 a R$ 40. Em grande parte dos perfis identificados pela reportagem, tanto vendedores quanto compradores aparentam ser jovens em busca de dinheiro e de usar os medicamentos de forma recreativa para alteração de consciência. Por mais que as receitas enviadas pareçam “golpe”, a dificuldade de fiscalização pelos órgãos responsáveis criou as condições ideais para que os usuários anunciem a venda de arquivos PDF contendo as notificações com o nome e carimbo de médicos reais.
🍂 Meio ambiente
Ao mesmo tempo que a demanda da China sobre a agropecuária brasileira impacta na preservação da Amazônia, representantes do governo chinês se reuniram com empresários, produtores rurais e membros de associações do agronegócio para debater medidas necessárias para tornar as exportações de soja e carne – principais vetores de desmatamento – mais sustentáveis. O Eco destrincha a relação comercial entre Brasil e China com o histórico de destruição socioambiental e falta de transparência na produção que chega ao outro lado do mundo.
📙 Cultura
“A arte de partejar é um dom”, afirma a parteira Maria Zenaide de Souza Carvalho. Dois dias após completar 67 anos, a Dona Zenaide, como é conhecida, comemorou com empolgação quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou, no início do mês, o registro do “ofício, saberes e práticas das parteiras tradicionais do Brasil” como Patrimônio Cultural Imaterial do país. “Parecia um dia de jogo de Copa do Mundo. A gente vibrava”, conta à Amazônia Latitude. Após esse reconhecimento, Dona Zenaide espera que haja mais apoio à profissão e sonha com que ofício assegure uma remuneração justa para as parteiras
🎧 Podcast
O fogo é uma das estratégias utilizadas para a grilagem de terras. Atualmente, umas das regiões mais atingidas pela grilagem é o Matopiba, área do Cerrado que abrange parte dos estados do Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia. A série “No rastro do fogo: agronegócio e a destruição do Cerrado”, do “Guilhotina”, produção do Le Monde Diplomatique Brasil, explica que a região é uma das últimas fronteiras agrícolas no país, o que leva ao crescimento da devastação ambiental, à expulsão de comunidades tradicionais de seus territórios e ao aumento de conflitos fundiários.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
Entre 2003 e 2022, o número de partos entre mulheres a partir de 40 anos cresceu 45% no país, o maior aumento registrado entre todas as faixas etárias. Em 2003, foram 57.983 partos nessa faixa etária, enquanto em 2022 foram 106.263. Ao mesmo tempo, houve queda em todas as faixas etárias de mulheres de 29 anos ou menos que deram à luz Os dados são da pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Gênero e Número, um dos fatores que influenciam a decisão de adiar a maternidade é o impacto na trajetória profissional das mulheres, que são as principais responsáveis pelas tarefas de cuidado não remuneradas.