A nova ministra dos Direitos Humanos e o ar insalubre nas capitais
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 Deputada estadual de Minas Gerais, Macaé Evaristo (PT) é a nova ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o nome dela ontem, em substituição a Silvio Almeida, demitido do cargo após acusações de assédio sexual. Formada em Serviço Social, ela é mestre e doutoranda em Educação. O Mundo Negro conta a trajetória de Evaristo, que foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação no município de Belo Horizonte (2005 a 2012) e no estado de Minas Gerais (2015 a 2018).
🔸 Em áudio: o ar está insalubre em diversas capitais do país. São Paulo, Porto Velho e Rio Branco apareceram com níveis insalubres no ranking da empresa suíça IQAir, que monitora a qualidade do ar em 120 grandes cidades em vários países. O principal problema é que desde agosto o Brasil está coberto de fumaça das queimadas que atingem a Amazônia e outras regiões. Em grandes cidades, a fuligem ainda encontra a poluição atmosférica emitida por automóveis e indústrias. O “Durma com Essa”, podcast do Nexo, explora os impactos da má qualidade do ar na saúde e ressalta que os mais afetados são idosos, gestantes e crianças.
🔸 O norte de Minas Gerais é a região com maior tempo de estiagem na seca histórica que o país enfrenta. Nas cidades do semiárido mineiro, já são 150 dias sem chuva, informa o Projeto Preserva. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), os episódios de seca se tornaram mais intensos a partir da década de 1990, com três grandes picos: o primeiro em 1997/98, depois em 2015/16 e, agora, entre 2023 e 2024. O episódio atual apresenta mais intensidade.
🔸 Uma missão de brigadistas brasileiros partiu para combater incêndios florestais na faixa de fronteira com a Bolívia. Isso porque as chamas ameaçam atingir o Pantanal brasileiro. O governo boliviano decretou emergência nacional por conta das queimadas no último sábado. O Colabora explica que, segundo o Instituto Homem Pantaneiro (IHP), o fogo avança em direção às terras onde vivem indígenas Guató, comunidades ribeirinhas e onde está a região da Serra do Amolar, declarada Patrimônio Natural da Humanidade. As áreas ficam do lado brasileiro da fronteira, em Mato Grosso do Sul. Na Bolívia, os incêndios alcançaram o maior número desde 2010 e já são cerca de 3 milhões de hectares queimados até o momento.
🔸 Pela primeira vez, o Brasil terminou as Paralimpíadas entre os cinco melhores colocados. Foram ao todo 89 medalhas – 25 delas de ouro. A disputa foi acirrada, descreve a Alma Preta, e só acabou mesmo no último domingo, quando os dois títulos no halterofilismo e na canoagem deram ao país a quinta colocação, atrás de China, Reino Unido, Estados Unidos e Holanda. Os atletas brasileiros se destacaram principalmente no atletismo e na natação, com 36 e 26 pódios, respectivamente.
📮 Outras histórias
“Na sexta-feira, eu vou buscar a carne, já corto, tempero e, no sábado, eu espeto. Tem 150 espetinhos e, no domingo, eu venho para assar acompanhando o futebol.” Aos 70 anos, o aposentado Carlos Antônio cumpre a rotina toda semana, a fim de levar os petiscos para um bar à beira do campo de futebol onde acontece a Copa Terra Nossa, em Osasco (SP). O Desenrola e Não Me Enrola conversa com o vendedor de espetinhos que nasceu em Cajazeiras, na Paraíba, e se mudou para São Paulo ainda criança, nos anos 1960. Ele explica o que há de particular em seu ofício: “É um trabalho como outro qualquer, só que com um pequeno diferencial: aqui você lida com o povo, você lida com o ser humano, então você faz muitas amizades e não tem como não fazer, né?”.
📌 Investigação
Cercada por eólicas em terra, a comunidade de Enxu Queimado, no litoral do Rio Grande do Norte, teme que seu modo de vida tradicional e seu sustento por meio da pesca estejam ameaçados pela instalação de turbinas offshore – como são chamadas as estruturas no mar. Segundo a Repórter Brasil, no município de Pedra Grande, onde fica Enxu Queimado, 26% do território está ocupado com parques eólicos. A área marítima também tem sido cobiçada. Dos 14 parques desse tipo apresentados no estado para licenciamento ambiental, sete estão no litoral da comunidade. Não há um mapeamento das áreas que podem ou não ser exploradas no país, nem previsão das zonas em que a pesca será proibida. Caso siga as regras utilizadas para as plataformas de petróleo, a navegação pode ser proibida em um raio de 500 metros, prejudicando a atividade dos pescadores locais.
🍂 Meio ambiente
Após uma pausa de seis anos, o governo vai demarcar três terras indígenas (TIs). Na semana passada, o Ministério da Justiça e Segurança Pública assinou portarias que declaram os limites territoriais de Maró e Cobra Grande, ambas no Pará, e Apiaká do Pontal e Isolados, no Mato Grosso. Agora, os documentos seguem para sanção presidencial. A InfoAmazonia explica que, segundo a lei, todos esses processos já deveriam ter sido encaminhados à presidência. Mas, desde 2018, estavam parados. Ainda existem outras cinco TIs na Amazônia Legal esperando a assinatura do ministério. Desde o início deste governo, o presidente homologou dez territórios no país. “Temos a convicção de que ainda há muito a se avançar nas garantias dos povos indígenas, mas estamos dando três passos importantes na direção da proteção dessas comunidades tradicionais. É um ato definitivo”, disse, em nota, o ministro Ricardo Lewandowski.
📙 Cultura
“Ainda Estou Aqui”, filme dirigido por Walter Salles, venceu o prêmio de Melhor Roteiro na 81ª edição do Festival de Veneza, no último sábado. A obra é baseada no livro homônimo e autobiográfico do jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva e narra a luta de sua mãe, Eunice Paiva, para encontrar o marido, o ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido durante a ditadura. “O prêmio de roteiro abraça todo um filme, porque um roteiro é a sua argamassa”, afirma Salles à Revista O Grito!. “O festival reconhece o trabalho desses roteiristas tão talentosos que são Murilo Hauser e Heitor Lorega, o livro incrível de Marcelo Rubens Paiva, a história de Eunice, Rubens e de seus filhos, e o nosso desejo de contá-la no cinema”, completa. O longa é um dos principais candidatos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para representar o Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025.
🎧 Podcast
Para manter a meta de limitar o aquecimento do planeta em até 1,5°C, o Brasil precisa praticamente zerar suas emissões de carbono até 2035, segundo organizações da sociedade civil lideradas pelo Observatório do Clima. O país atualmente é o sexto maior emissor de gases do efeito estufa do mundo. O “Economia do Futuro”, produção da Rádio Guarda-Chuva, conversa com David Tsai, coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, e Renata Potenza, especialista em políticas climáticas do Imaflora, para explicar o que precisa ser feito em cada setor da economia para atingir a meta.
✊🏽 Direitos humanos
“Crianças e adolescentes aprendem a ser intolerantes. Aprendem também a ter ódio e se acostumam a não tratar quem é diferente como humano. E essa postura não é natural; é ensinada”, afirma o historiador indígena Edson Kayapó. O contato precoce com o conservadorismo presente nas plataformas digitais estimula o ódio a populações historicamente marginalizadas. O Lunetas detalha como conteúdos da extrema direita têm alcançado os mais jovens, não apenas com os discursos de aversão a minorias, mas também por meio do revisionismo histórico. Um exemplo é a animação “Pindorama”, que, apesar de se propor a “contar a história do Brasil” para as crianças, destaca os portugueses como “heróis” que trouxeram a “civilização” por meio da “descoberta do Brasil”.