O novo perfil da Bancada da Bala e o Nobel da Paz para ativistas
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🔸 A Bancada da Bala não só aumentou em 30% depois do primeiro turno das eleições, como também mudou de perfil. Em 2018, eram 25 o número de eleitos integrantes das forças de segurança. Neste ano, foram 37, a maioria deles do PL, partido de Bolsonaro. A Ponte analisa os perfis dos eleitos e revela que, se antes eles tinham uma pauta voltada para a carreira de policial, agora não foram eleitos como representantes de suas corporações: são influencers, pró-armas e midiáticos, que atuam como linha auxiliar do bolsonarismo radicalizado.
🔸 O Quilombo nos Parlamentos, iniciativa da Coalizão Negra por Direitos para promover as candidaturas de pessoas negras engajadas na defesa de direitos raciais, conseguiu eleger 26 das mais de 120 candidaturas, como mostra a Periferia em Movimento. No entanto, a articuladora da iniciativa, Sheila de Carvalho, aponta que isso não significa um avanço na representatividade no Legislativo, já que o número de representantes permaneceu o mesmo e pessoas com longa trajetória não se reelegeram.
🔸 Um Nobel da Paz para ativistas dos direitos humanos e defensores da democracia. O prêmio anunciou hoje seus três vencedores: o ativista Belarus Ales Bialiatski, o grupo russo Memorial e a organização ucraniana Centro para Liberdades Civis. No anúncio, o comitê do Nobel declarou que “quis honrar três campeões dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos países vizinhos Belarus, Rússia e Ucrânia”. O Portal Terra detalha o trabalho dos três vencedores.
🔸 “Elas usam o banheiro masculino ou feminino?” ou “Vai ter que fazer outro banheiro?”. Sussurradas na primeira sessão semipresencial da Câmara dos Deputados, as perguntas antecipam a chegada das duas primeiras mulheres trans eleitas para a casa, Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (Psol-SP). O Meio narra os cochichos, lembra o histórico dos banheiros femininos na Câmara e conversa com a deputada eleita por São Paulo. “É lamentável que deputados eleitos ainda estejam tão atrasados em um debate de cidadania tão importante como esse”, diz Hilton.
🔸 Autointitulado “cristão, conservador e defensor da família”, o deputado mais votado destas eleições, Nikolas Ferreira (PL), de 26 anos, usa as redes sociais para propagar visões extremistas, baseadas em desinformação. O Nexo analisa os conteúdos postados por ele para ver o que pensa o jovem bolsonarista sobre quatro temas: corrupção, causa LGBTQIA+, comunismo e racismo.
📮 Outras histórias
Negacionistas, apoiadores da pauta armamentista, propagadores de fake news, donos de rádio e comunidade terapêutica, o Pastor Júnior Tércio (PP) e sua companheira, Clarissa Tércio (PP), foram eleitos por Pernambuco. Ele, o deputado estadual mais votado; ela, a segunda a receber mais votos para a Câmara Federal. O Marco Zero perfila o casal “cloroquiner”, como ficou conhecida a dupla durante a pandemia, quando defenderam o uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
A partir dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Jornal Plural relata que as cidades de Nova Santa Rosa, Quatro Pontes e Mercedes, localizadas no Oeste do Paraná, estão entre as cinco mais bolsonaristas do Brasil. As três registraram uma porcentagem acima de 70% para reeleger o atual presidente, enquanto na capital, Curitiba, o número foi de 55%.
📌 Investigação
Fazendas no Mato Grosso que desmataram a Amazônia e o Cerrado para o cultivo de soja e milho vendem os grãos para empresas como a JBS para a fabricação de ração, que alimenta as aves abatidas e vendidas sob uma de suas marcas, a Seara. A Repórter Brasil revela como empresários do agronegócio driblam os mecanismos de controle e legislações ambientais para produzir grãos e, depois, negociar com corporações signatárias da Moratória da Soja, que veta a produção do grão sobre terrenos desmatados.
📋 Checagem
“Onde a esquerda entra, leva o analfabetismo”, afirmou Bolsonaro ao comentar o fato de Lula ter vencido o primeiro turno em nove estados do Nordeste. Por causa de sua fala, nordestinos se tornaram alvo de ofensas xenófobas por parte de bolsonaristas. O Nós, Mulheres da Periferia afirma que a associação entre a vitória de Lula ao índice de pessoas que não sabem ler nem escrever é, além de preconceituosa, falsa. Segundo dados do IBGE, 13,63% da população brasileira era analfabeta no ano 2000, três anos antes do início do primeiro governo Lula. Em 2010, no penúltimo ano do segundo mandato de Lula, essa taxa diminuiu para 9,6%.
🍂 Meio ambiente
Mercado de carbono “é o tipo de coisa proposta por pessoas que não querem pensar muito no assunto, gente rica que não contribui se não puder lucrar”, afirma o economista Jeffrey Sachs, referência mundial em desenvolvimento econômico sustentável. O Reset conversa com o especialista, que aponta a necessidade de políticas públicas para combater o desmatamento da Amazônia como freio às mudanças climáticas.
Mesmo em locais onde há diretrizes de boas práticas para Avaliação de Impactos Ambientais, os efeitos na paisagem são negligenciados em projetos de rodovias, modificando todo o ecossistema por atuar como uma barreira ao movimento da fauna. O Fauna News lista ações que podem ajudar a solucionar o problema, a partir dos exemplos de outros lugares do mundo.
📙 Cultura
“Esses últimos anos foram tão ruins que eu torço para que a série possa ser uma maneira de expurgar algumas coisas através da comédia, da leveza”, diz a atriz e cantora Clarice Falcão, protagonista da série “Eleita”, em que vive uma influencer que vira governadora por acaso. O Tangerina entrevista a artista para trazer humor associado à crítica política.
🎧 Podcast
Madeira, ouro, carne e soja. Esses são alguns dos produtos oferecidos no balcão de negócios que promove a destruição da maior floresta tropical do mundo. Produzido pela Trovão Mídia, o podcast “Amazônia Ocupada” percorre a rodovia BR-163 para contar a trama complexa dos conflitos ambientais e agrários na região.
⚖️ Judiciário
Qual o impacto das urnas para o Supremo Tribunal Federal? A próxima formação do Senado, com o aumento de bolsonaristas e críticos à Corte, surpreendeu os próprios ministros. O Jota discute o efeito disso para o equilíbrio entre os Poderes em 2023, uma dinâmica que ainda depende da definição do segundo turno.
💆🏽♀️ Para ler no fim de semana
Do aborto clandestino a um caso extraconjugal, a romancista francesa Annie Ernaux, de 82 anos, venceu o Nobel de Literatura, anunciado ontem pela Academia Sueca. O Escotilha percorre a trajetória da autora pioneira da autoficção, que virá ao Brasil no mês que vem para a Feira Literária Internacional de Paraty (Flip). Por ocasião do prêmio, a piauí resgata um trecho do livro “Os Anos”, sobre a passagem do milênio, publicado pela revista em 2019.
Ainda sobre Ernaux: “Não havia orgasmo mais intenso que a escrita de um livro”. A frase é de um trecho inédito de “O Jovem”, livro da autora francesa que será lançado em novembro, sobre a relação com um homem 30 anos mais novo, antecipado pela revista Quatro Cinco Um.