O anúncio dos ministros de Lula e o jogo do Brasil na Copa
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🔸 O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar hoje os primeiros ministros de seu governo. Ao menos três já são dados como certos: Fernando Haddad (Fazenda), José Múcio (Defesa) e Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública). O Congresso em Foco apresenta uma lista de cotados e os ministérios que ocupariam. Na Educação, por exemplo, está Izolda Cela, atual governadora do Ceará e professora que atua há duas décadas na área. Há ainda as apostas na cantora baiana Margareth Menezes para a Cultura e em Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a Saúde. O Antagonista traz os nomes, confirmados internamente, dos futuros comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O chefe do Estado Maior das Forças Armadas será o almirante Aguiar Freire, hoje o mais antigo da força.
🔸 “Houve, deliberadamente e oficialmente, um estímulo ao garimpo ilegal na Amazônia [no governo de Jair Bolsonaro].” A afirmação é do geólogo Giles de Azevedo, integrante do grupo técnico de Minas e Energia na equipe de transição. Será preciso, segundo ele, rever atos, decretos e portarias que facilitaram a prática criminosa. A CartaCapital destaca que Aloizio Mercadante apontou o “narcogarimpo” como um dos principais problemas do garimpo ilegal. “São organizações criminosas que estão operando, dando sustentação aos procedimentos dessa prática, lavando dinheiro, com uma estrutura muito forte, com milícias organizadas na Amazônia em torno desses interesses”, afirmou.
🔸 Outro achado (lamentável) da equipe de transição: a Fundação Cultural Palmares está em situação de inviabilidade administrativa, segundo integrantes do grupo técnico de Cultura e Igualdade Racial. Em visita ao local, eles afirmaram que a promoção e a preservação da cultura negra no país está em condições alarmantes, como informa a Alma Preta. O grupo encontrou acervo armazenado em local inapropriado e sem proteção, além de problemas nas instalações do prédio que a entidade ocupa desde o início de 2021, desde infiltrações até questões de elétrica, internet, ventilação e mobiliário.
🔸 Novo capítulo no vaivém de verbas no Ministério da Educação: o governo liberou ontem R$ 460 milhões para o MEC. Com isso, as bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que estão atrasadas, devem ser pagas até terça-feira (13). Depois de uma sequência de cortes nos recursos da pasta, cerca de 200 mil bolsistas de mestrado e doutorado de universidades públicas deixaram de receber no prazo. O Nexo recupera o histórico do financiamento para pesquisas no Brasil e trata também dos efeitos dessas medidas para os pesquisadores
🔸 De Tite sobre as críticas às dancinhas do Brasil na Copa do Mundo: “Eu lastimo muito e não vou fazer comentários de quem não conhece a história e cultura do Brasil, o jeito de ser”. Hoje, no jogo contra a Croácia, o treinador não só vai repetir a dança (“Se tiver que dançar, vou dançar”, disse), como também vai manter o esquema que rendeu a goleada de 4 a 1 da Seleção contra a Coreia do Sul. O Esporte News Mundo conta ainda que Alex Sandro deve ficar, mais uma vez, fora da partida.
📮 Outras histórias
Sucateamento para privatização. Trata-se da base da denúncia dos servidores do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) de Porto Alegre (RS). Entre 2013 e 2021, a força de trabalho do órgão passou de 2.325 para cerca de 1.100 funcionários, e o prefeito Sebastião Melo (MDB) já negou pelo menos sete pedidos para repor o quadro de trabalhadores. Agora, foram abertas vagas temporárias para técnicos e agentes de saneamento, além de operadores de subestação. O Matinal aponta que, desde a gestão anterior, há a intenção de privatizar o órgão, mas a tendência pode mudar com o novo governo federal.
Sem permanência, sem pesquisa e sem serviço, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) vivem um “drama sem precedentes” após o bloqueio de recursos feito pelo governo Bolsonaro. As instituições estão com o caixa zerado e não têm como pagar as contas dos serviços mínimos para manter os campi de portões abertos. Segundo o Plural, funcionários terceirizados e bolsistas, tanto de permanência estudantil quanto de pesquisa, são os mais afetados e podem ficar sem salário neste mês.
📌 Investigação
Ex-secretário especial de Desestatização do governo Bolsonaro e fundador da Localiza, Salim Mattar foi o quarto maior doador das eleições pela segunda vez consecutiva. O empresário destinou, ao todo, R$ 400 mil neste ano para quatro candidatos bolsonaristas eleitos: foram R$ 250 mil para o ex-ministro Ricardo Salles (PL-SP), e R$ 50 mil para cada um dos três reeleitos – o policial federal Ubiratan Sanderson (PL-RS), a advogada Caroline De Toni (PL-SC), e o empresário Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP). A Agência Pública mapeou 30 deputados federais que se elegeram pelo PL e seus financiadores.
🍂 Meio ambiente
Um dos ecossistemas mais ricos do planeta, estima-se que a Amazônia guarde de 10% a 15% de toda a biodiversidade global catalogada. Justamente por isso ocupa posição de destaque nas discussões sobre a conservação da variedade dos seres vivos do planeta, um dos tripés da COP15. A convenção da biodiversidade, que começou na quarta-feira, no Canadá, reúne quase 200 países também em torno do uso sustentável e da repartição dos benefícios da amplitude de espécies na Terra. O InfoAmazonia resgata a história da convenção, criada no Brasil durante a Eco-92, e explica como funcionam as metas que guiarão as ações de conservação até 2030.
O estado da demarcação de Terras Indígenas no Brasil: 724 delas têm o processo administrativo em aberto ou encerrado. Enquanto 67,27% das áreas já se encontram reservadas ou homologadas, pouco mais de 16% ainda estão em alguma das fases do longo processo de demarcação. A Agência Eco Nordeste parte de dados e ouve especialistas para explicar que demarcar é sinônimo de proteger. A área desmatada em Terras Indígenas demarcadas, por exemplo, equivale a 1,6% de toda a perda de vegetação nativa nos últimos 30 anos. Por outro lado, nas áreas privadas, essa perda chegou a 47,2 milhões de hectares, ou seja, 68,4% do total.
📙 Cultura
Nascido no Senegal, país na África Ocidental, Blessed Diomo Júnior conheceu a moda desde muito cedo, ajudando os pais a cortar tecidos e vendê-los em uma banca. Aos 13 anos, aprendeu a costurar com a avó. Hoje, vive no Grajaú, bairro da zona sul de São Paulo, onde vende as roupas que faz. A Agência Mural conta que ele desenvolve as peças, carregadas de cultura africana, em meio a conversas sobre ancestralidade que costuma ter com os clientes. “Nelson Mandela foi o maior representante do continente africano no mundo, e ele levava isso nas roupas”, afirma.
Uma das principais promessas de campanha de Lula para a Cultura, a descentralização das políticas públicas será um desafio para o ministério a ser recriado se não houver o fortalecimento das secretarias estaduais e municipais. A Escotilha explica que a “guerra cultural” que ganhou forma nos últimos anos deve ser um dos problemas enfrentados pelo futuro ministro da Cultura, uma vez que existem estados e municípios que acompanharam Bolsonaro na prática de extinguir órgãos voltados especificamente para a área.
🎧 Podcast
Há quem seja contra e alerte sobre os perigos da onda do “faça você mesmo”. Não é o caso do novo episódio do “Rádio Novelo Apresenta”, produção da Rádio Novelo. Os dois atos do podcast apresentam fatos um pouco curiosos de quando um não profissional de determinada área colocou a mão na massa e obteve feitos extraordinários. É a história, por exemplo, de um prédio na rua da Glória, no Rio de Janeiro, e do Cytotec – sim, o medicamento que Bolsonaro citou como abortivo em debate eleitoral.
💆🏽♀️ Para ler no fim de semana
As piadas sobre pessoas que estudam ciências humanas sempre estiveram presentes na internet. O problema foi quando elas se tornaram políticas públicas, com o desmonte das universidades e o sucateamento da formação e da pesquisa nesse campo. O especial #SouDeHumanas, do Marco Zero, traz informações sobre os ataques do governo Bolsonaro à área, seus principais desafios e seu papel essencial para a sociedade.