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O mapa das milícias nas eleições e a infância perdida no Brasil
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 Lula foi ao Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e Bolsonaro visitou Aparecida, em São Paulo. O petista discursou na favela da Zona Norte do Rio num ato organizado pelo Voz das Comunidades, que fez a cobertura completa do evento, batizado de “Favela com Lula”, no Twitter. Já Bolsonaro inaugurou um templo em Belo Horizonte e depois seguiu para o Santuário Nacional, em Aparecida, onde foi recebido entre aplausos e vaias, como conta o Portal Terra.
🔸 O mapa da violência encontra o mapa das eleições no Rio de Janeiro. Cruzamento de dados feito pelo Congresso em Foco revela que, na capital fluminense, o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) venceu em áreas controladas pela milícia. No total de zonas eleitorais, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve a vantagem na cidade, com maioria em 33 zonas, contra 16 de Bolsonaro. Geograficamente, são quase todas zonas pequenas, concentradas ao redor do centro da cidade, além de toda a Zona Sul e bairros próximos da Zona Norte – áreas com baixa capilaridade do crime organizado. Na Zona Oeste, por outro lado, os três bairros com maior concentração de milícias são também onde houve maior direcionamento de votos a Bolsonaro.
🔸 Nestas eleições, o Brasil teve o maior número de candidaturas indígenas desde a criação da autodeclaração de raça, em 2014. Não foi assim no Amazonas, estado que, segundo o IBGE, tem a maior população indígenas do país. Lá, dos 603 candidatos, apenas 16 eram de povos originários – e nenhum foi eleito. Única candidata indígena a disputar o cargo de deputada federal pelo estado, Vanda Witoto relata para a revista AzMina como foi vítima de descrédito por parte de homens brancos e de violência ao longo de sua campanha.
🔸 Na semana em que se celebra o Dia das Crianças, dados tristes da infância no Brasil: num levantamento inédito do Instituto Fogo Cruzado em sua base de dados, vê-se que 165 crianças foram baleadas nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, do Recife e de Salvador desde 2016. As operações policiais e as balas perdidas foram as principais causas das ocorrências.
🔸 Ainda a infância perdida: a taxa de pobreza para crianças com até 6 anos no Brasil subiu exponencialmente com a pandemia. A CartaCapital detalha os dados obtidos por pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul, no relatório Pobreza Infantil no Brasil. Em um ano, o crescimento foi de 8,6%. Se em 2020, era 36,1% a proporção de crianças nessa faixa etária em situação de pobreza (cujas famílias viviam com R$ 467 por mês), no ano seguinte, o índice subiu para 44,7%.
🔸 Mais de R$ 267 mil. É o valor somado dos salários dos cinco policiais rodoviários federais que assinaram o boletim de ocorrência da abordagem que resultou na morte por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba, cidade de Sergipe. Segundo o Metrópoles, os policiais foram afastados dos cargos, mas seguem recebendo normalmente desde o episódio, em maio, quando dois deles criaram uma espécie de “câmara de gás” no porta-malas da viatura. Lá, prenderam Genivaldo e lançaram uma bomba de gás lacrimogêneo.
📮 Outras histórias
Depois da pandemia, as crianças enfrentam os desafios da volta às escolas com graves atrasos nos níveis de aprendizagem. Na Rocinha, favela na Zona Sul do Rio de Janeiro, as iniciativas de reforço escolar cresceram em comparação com anos anteriores aos da crise sanitária. O Fala Roça descreve as ações e conta histórias de crianças que, aos 13 anos, ainda não sabiam ler e que, a partir do diagnóstico cuidadoso feito por professores, retornaram à alfabetização para não carregar o atraso ao longo de suas trajetórias escolares.
Em vídeo: mesmo que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garanta a liberdade de crença, até conselhos tutelares são acionados para “protegê-las” em ritos sagrados do candomblé. A Periferia em Movimento conversa com crianças e babalorixás na videorreportagem “Crianças de Asé”.
📌 Investigação
A campanha da “conja”. Eleita deputada federal em São Paulo com 217 mil votos, Rosângela Moro (União Brasil), conhecida pela forte associação à figura do marido – Sergio Moro – e à Operação Lava Jato, deixou algumas lacunas em sua corrida pela vaga no Legislativo. A Agência Pública descobriu um almoço sem registro oficial com empresários e potenciais eleitores em uma churrascaria, atrasos de pagamento de fornecedores de gráfica e marketing, indignação da equipe de panfletagem nas ruas e, por fim, a contratação da Social QI para a campanha, empresa investigada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Trabalho.
🍂 Meio ambiente
A partir da tecnologia e da ciência, a fazenda Santa Fé do Corixinho, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, tem uma produção pecuária orgânica e ecológica e mostra que é possível aliar a criação do gado à conservação do Pantanal. Em reportagem especial, O Eco narra a história da pecuária sustentável e aponta como o acesso à educação ainda é um dos maiores desafios para que ela se dissemine na região.
O litoral Sul de Santa Catarina é o local onde baleias brancas acasalam, dão à luz, amamentam e cuidam de seus filhotes. Por permanecerem a maior parte do tempo visíveis na superfície e próximos à costa, estão vulneráveis às ações humanas. Em artigo na Agência Bori, a bióloga e oceanógrafa Patrícia Beck Eichler-Barker explica a importância da formulação de políticas ambientais para proteger a espécie, que está ligada ao combate do aquecimento global.
📙 Cultura
Pessoas LGBTQIA+ estão entre as que mais empreendem no mercado da moda. É o caso de Camil Cantore, não-binárie e fundadore do Brechó Itinerante, que preza por resgatar a história das peças e como foram produzidas, além de desenvolver roupas e acessórios a partir do lixo. A Emerge Mag também conta a intersecção preta, indígena e LGBTQIA+ na criação do brechó Acervo das Anjas por três mulheres em prol da moda sustentável e circular.
Vítimas da pandemia se tornam estrelas no céu a partir de uma homenagem feita pelo artista paulista Edson Pavoni, chamada Templo Orbital, um pequeno satélite-memorial em que qualquer pessoa que perdeu um ente querido para a Covid-19 pode acrescentar o nome até o próximo dia 20 de novembro. Essa é uma das peças expostas na 13ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (RS), com o tema “Trauma, Sonho e Fuga”. O Farofafá traz a cobertura completa da mostra.
🎧 Podcast
O que entendemos por Justiça? E essa ideia é algo que nos contempla? O podcast Crime e Castigo, da Rádio Novelo, mergulha em histórias reais, como a de um filho assassinado ou de uma mulher violentada, para compreender (e responder) a questões como essas.
🧑🏽🏫 Educação
A Lei de Cotas é cumprida? A resposta é não, de acordo com um relatório realizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as e pela Defensoria Pública da União. O Notícia Preta mostra que 19,4% ou 73.841 vagas que deveriam ter sido destinadas às cotas raciais em universidades federais não foram. A oferta de vagas para o período de 2013 a 2019 foi inferior ao que está previsto na lei, segundo a qual 50% das cadeiras de cursos de graduação de universidades e institutos federais devem ser destinadas a estudantes de escola pública, além da reserva também para alunos negros e indígenas que deve ser proporcional à população de cada estado.
Professor alfabetizador da rede municipal do Rio de Janeiro, Doug Alvoroçado adota a experiência da realidade virtual e aumentada para melhorar a aprendizagem dos alunos, principalmente para a inclusão de alunos surdos. “Contar histórias pode ser difícil quando os alunos estão aprendendo a escrever. A realidade virtual pode ajudar a desenvolver diferentes estilos de escrita.” No Porvir, o educador relata como funcionou o processo e seus resultados.