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As lives de Bolsonaro e o desmatamento pré-eleições
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 Bolsonaro fez 181 lives às quintas-feiras, desde 7 de março de 2019 até 8 de setembro de 2022. A revista piauí examinou as transmissões e, numa análise visual, mostra como o presidente começou a preparar seus apoiadores para desacreditar a eleição, com truques retóricos e a imagem de um político “antissistema”. Na página interativa, é possível ver como o discurso que levanta suspeitas sobre as eleições se radicalizou de 2019 para cá. Até setembro, os vídeos com esse tipo de conteúdo somavam mais de 33 milhões de visualizações no Facebook.
🔸 Segue estável o cenário das eleições: Lula oscilou dentro da margem de erro e chegou a 47% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro manteve os 33%, segundo a pesquisa Datafolha divulgada na noite de ontem. Em relação ao levantamento anterior, a diferença entre os dois candidatos à Presidência aumentou de 12 para 14 pontos percentuais. O Nexo indica também como estão os percentuais em recortes de gênero, idade e classe.
🔸 No quesito economia, as propostas dos quatro principais presidenciáveis apontam o mesmo caminho: geração de emprego e auxílio financeiro às famílias mais pobres. As estratégias previstas, no entanto, são diferentes. A Lupa lista as promessas de cada um dos candidatos.
🔸 Em vídeo: o jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do impeachment de Dilma Rousseff, surpreendeu ao declarar apoio a Lula nas eleições. Em entrevista ao Almoço do MyNews, ele explica por que tomou a decisão: “O meu receio é o que Bolsonaro, desesperado, pode fazer numa campanha de segundo turno para convulsionar o país”.
🔸 As Forças Armadas nas eleições: se, em 2018, 503 municípios pediram apoio ao Exército para garantir a ordem no pleito e na apuração, neste ano, como apurou O Antagonista, houve uma redução de 7,5%. Até agora, 465 cidades solicitaram a presença dos militares. Embora as notícias tragam relatos sobre um clima exaltado entre bolsonaristas e petistas, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste, nenhum estado do Sul pediu apoio e, no Sudeste, só o Rio de Janeiro o fez.
📮 Outras histórias
“A gente fica zonzo, sente arder o olho, os lábios, como se fosse pimenta.” Esse é um dos relatos ouvidos pela reportagem do Projeto Colabora sobre o uso de agrotóxicos nas plantações de cana, cebola, dendê no interior de Minas Gerais, Bahia e Pará. As comunidades próximas a essas áreas são afetadas devido à pulverização aérea dos pesticidas, embora o método seja sem eficiência agronômica, e a estimativa do Ministério da Saúde é que, para cada caso de intoxicação por agrotóxico no país, existem 50 não contabilizados.
O homem do boi, da bala e da Bíblia. O ex-delegado e deputado federal Éder Mauro (PL), candidato à reeleição pelo Pará, utiliza os bordões conservadores, como rezar e tocar o hino nacional durante a campanha, mas também responde processos por homicídios. De acordo com o Ruralômetro, ferramenta desenvolvida pela Repórter Brasil que avalia a atuação da Câmara em temas socioambientais, Mauro foi o único deputado com atuação 100% negativa para o meio ambiente e os povos do campo.
📌 Investigação
Peça da campanha de Bolsonaro mistura explicitamente as manifestações do Bicentenário da Independência com a propaganda eleitoral. Foram gastos de R$ 7 mil a R$ 8 mil com o impulsionamento do vídeo nas redes, que teve até 1,5 milhão de visualizações. O problema é que, desde 10 de setembro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu que o presidente utilize imagens dos atos oficiais do 7 de setembro em campanhas políticas. A Agência Pública detalhou os gastos com o impulsionamento não só de Bolsonaro, mas também de seu partido, o PL, com imagens dos atos.
🍂 Meio ambiente
Agosto e setembro são historicamente os piores meses de desmatamento e queimadas na Amazônia devido à seca, mas este agosto foi o terceiro maior índice de desflorestamento da série histórica do sistema de alertas do Inpe e o maior número de focos de fogo dos últimos 12 anos. O InfoAmazonia alerta que um dos motivos do aumento expressivo dos crimes ambientais pode estar atrelado às eleições de outubro, uma vez que a possível derrota de Bolsonaro pode ter provocado uma corrida contra o tempo por parte dos infratores.
Como a fumaça das queimadas chega às quebradas de São Paulo? A convite do Greenpeace Brasil, a Agência Mural foi até Porto Velho, a quase 3 mil quilômetros de São Paulo, para um sobrevoo em uma área de fogo e desmatamento na Amazônia. Explica não só como a fumaça de lá chega às periferias, mas também como os moradores das quebradas podem ser protagonistas da minimização dos impactos da crise climática.
📙 Cultura
Como pessoas negras estão presentes no livro “Grande sertão: Veredas”? O ensaio do poeta, letrista e ensaísta Ronald Augusto, republicado pelo Nonada, explora a representação dos personagens negros em várias passagens do clássico romance de Guimarães Rosa. “De modo análogo ao que acontece em nossas interações sociais, o racismo antinegro na prosa desse romance tutelar está sempre presente (talvez como um baixo contínuo), mas é como se não estivesse”, afirma o ensaísta.
O fenômeno do funk nas relações sociais e espaços urbanos. Ao mesmo tempo que o ritmo é glamourizado pela juventude das classes média e alta, é criminalizado para as periferias, onde nasceu. A revista Quatro Cinco Um resenhou o livro “O funk na batida: baile, rua e parlamento”, do advogado Danilo Cymrot.
🎧 Podcast
Em tempos de eleição, causas e consequências da desinformação precisam estar sempre no foco. A Lume Acessibilidade lança a série do LumeCast, e o Marco Zero detalha os três episódios, que tratam desde o conceito de fake news até os desafios para a checagem de informações por pessoas cegas e com baixa visão. A série faz parte do programa Acelerando a Transformação Digital, realizado com recursos do International Center for Journalists (ICFJ) e do projeto de jornalismo da Meta.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
“Você é uma vergonha.” A frase – “inspirada” na ofensa que Bolsonaro fez à jornalista Vera Magalhães num debate na TV, quando disse: “Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro” – é repetida com frequência pelo coro de bolsonaristas a mulheres candidatas. As presidenciáveis Simone Tebet e Soraya Thronicke foram alvo de 6.661 mil ofensas no Twitter em apenas dois dias. Levantamento do MonitorA, projeto da revista AzMina, com InternetLab e Núcleo Jornalismo, mostra que expressões como “você é uma vergonha” aparecem em 1.050 tweets.
💆🏽♀️ Para ler no fim de semana
Em seu discurso na ONU nesta semana, Bolsonaro afirmou que o agronegócio brasileiro alimenta 1 bilhão de pessoas no mundo. Não é verdade. Apesar de produzir milhões de toneladas de grãos, como soja e milho, e de carnes, o sistema em larga escala não consegue erradicar a fome no país. O Joio e o Trigo reúne dados e um episódio de seu podcast Prato Cheio para apresentar algumas das causas desse problema.
*A edição de ontem (22/09) atribuiu erroneamente o episódio “Saúde emocional importa” ao podcast Papo Reto, do veículo Periferia em Movimento. Na verdade, a produção pertence ao Papo Preto, do Alma Preta Jornalismo.