O conflito entre Israel e Irã e as mulheres periféricas no OnlyFans
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🔸“Israel é imprevisível, porque o gabinete de guerra está dividido e não há dúvida de que o primeiro-ministro e o grupo mais extremado que o apoia, se puderem, vão desfechar algum ataque que provocará reações muito fortes.” Para o diplomata Rubens Ricupero, o risco de escalada no conflito entre Israel e Irã é grande. No fim de semana, o Irã lançou mais de 300 mísseis e drones em direção a Israel, que afirma ter interceptado 99% do ataque. Em entrevista à CartaCapital, Ricupero defende que “qualquer movimento que leve a moderar o conflito é negativo para Netanyahu”. Isso porque ele “corre o risco não só de perder o poder, mas de ser processado por acusações de corrupção”.
🔸 Para entender o conflito: os mísseis lançados pelo Irã foram uma retaliação ao ataque de Israel à embaixada iraniana em Damasco, na Síria, em 1º de abril. A ofensiva iraniana é inédita na história. O Nexo explica em sete pontos o confronto entre os dois países, que se veem mutuamente como grandes inimigos regionais, e conta que o Irã invocou o direito de autodefesa com base em artigo da Organização das Nações Unidas (ONU). A reportagem lembra ainda que a Jihad Islâmica, da Palestina, o Hezbollah, do Líbano, e os Houti, do Iêmen, têm lançado ataques a Israel em solidariedade ao Hamas. São todos grupos aliados do Irã, numa aliança informal batizada de “eixo de resistência”.
🔸 O governo federal prevê um salário mínimo de R$ 1.502 em 2025. Este é o valor que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), informa o Congresso em Foco. O número representa uma alta de 6,37% para o próximo ano, ou seja, um aumento de R$ 90, e segue a política de valorização do salário mínimo proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A LDO precisa ser aprovada na Comissão Mista de Orçamento (CMO), e os congressistas têm até 17 de julho para aprovar a proposta.
🔸“Desconhecido.” É a palavra que aparece com frequência no campo “responsável” em documentos sobre desmatamento na Amazônia. Só no ano passado, 47% das áreas embargadas por infrações ambientais foram registradas sem que o culpado fosse identificado, revela a revista piauí a partir de dados oficiais pelo projeto Data Fixers. Se o governo não consegue identificar o infrator, não há punição. A reportagem explica que, embora a tecnologia usada para detectar crimes ambientais tenha evoluído nas últimas décadas, ainda faltam agentes públicos para fiscalizar e consolidar de fato o embargo. As ocorrências com autor desconhecido aumentaram significativamente nos últimos sete anos.
🔸 O iFood pretende repassar ao entregador a conta das emissões de carbono. Para alcançar a imagem de empresa sustentável, a plataforma quer que os entregadores usem modais limpos – e a solução são bicicletas elétricas alugadas a R$ 95 por semana, conta O Joio e O Trigo. A meta é atingir atingir mais de 50% das entregas próprias feitas em modais não poluentes até 2025. Hoje, essas entregas representam 1,33% do total. “O entregador é um tomador de decisão, e a decisão dessa migração é dele, ele é o agente de descarbonização”, diz André Borges, diretor de sustentabilidade da empresa. A responsabilidade, portanto, está nas mãos do trabalhador, e não da organização. “O benefício de ficar com uma boa imagem é da empresa, mas o custo fica para o elo mais fraco da cadeia”, avalia o sociólogo Guilherme Vieira Dias.
📮 Outras histórias
Bastam poucas horas de chuva para o caos se instalar em Maceió. Os alagamentos evidenciaram a falta de estrutura de saneamento na capital alagoana depois de uma chuva ontem. Além das ruas já interditadas pela Braskem, mineradora responsável pelo afundamento do solo em bairros da cidade, outras vias foram bloqueadas por desafios de esgotamento sanitário. A Mídia Caeté detalha os problemas de escoamento de água na capital, agravados pelo desastre ambiental da Braskem. Professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Dilson Ferreira aponta questões atuais, como a falta de manutenção e limpeza nas bacias e galerias de drenagem, e também questiona a revisão do Plano Diretor da cidade.
📌 Investigação
“Tem muitos dias em que me sinto muito mal fazendo isso. Só queria não precisar fazer”, conta Marcela (nome fictício), moradora do Grajaú que vende conteúdos adultos pela internet. O trabalho em sites, como o OnlyFans, Privacy e o Câmera Privê, ajuda a jovem de 26 anos a complementar a renda para manter a casa e dar uma condição melhor ao filho. A Agência Mural destrincha como mulheres periféricas se inserem nesse mercado e precisam lidar com assédio, preconceito, instabilidade das redes sociais, falta de suporte das plataformas e volatilidade da arrecadação. Para pessoas anônimas, existe uma falsa promessa de lucro. As “estrelas” do segmento, que costumam divulgar valores altos, geralmente já tinham milhões de seguidores anteriormente.
🍂 Meio ambiente
A destruição do Cerrado dificulta os planos de criação de um corredor ecológico para a preservação da onça-pintada. O principal meio de reduzir o risco é ampliar a proteção ambiental por meio de áreas de conservação e restaurar a vegetação natural. O desmatamento expõe os felinos à caça, mortes por devorar gado ou atropelamentos, complica sua alimentação e também os fragiliza geneticamente. Segundo O Eco, o cenário tem se agravado em uma das últimas grandes parcelas íntegras do Cerrado, a Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Na região, crescem cidades, mineração, geração de energia, lavouras e pastos, com uma série de delitos ambientais que avançam inclusive para dentro de áreas protegidas.
📙 Cultura
“Eu espero que a arte tenha mais espaço, que a sociedade em geral conheça o seu passado, os seus antepassados, as figuras históricas que caminharam antes de nós para que a gente chegasse até aqui. Uma terra sem memória é uma terra sem história, e sem ela, nós não existimos”, afirma o artista visual Cícero Alves, o Véio. Nascido em Nossa Senhora da Glória, no Sertão sergipano, o escultor já recebeu honrarias da Fundação Cartier, na França, e convites para exposições em Portugal. À Mangue o Véio conta que sua obra é mais reconhecida internacionalmente do que em sua cidade natal e relata desafios enfrentados por artistas do interior. Após anos dedicados à produção de esculturas e à cultura popular, recebeu recentemente o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal de Sergipe.
🎧 Podcast
São João Marcos, no Rio de Janeiro, foi uma grande cidade cafeeira no século 19. No início do século seguinte, no entanto, o local atraiu a empresa canadense Light para a instalação de uma usina para gerar energia elétrica e abastecer especialmente o município do Rio de Janeiro, a capital do país à época. Aos poucos, a represa e as barragens foram se expandindo e afundando São João Marcos. O “Rádio Novelo Apresenta”, produção da Rádio Novelo, mergulha na história da cidade, considerada a primeira destruída no Brasil por uma obra de engenharia – e a primeira de muitas comunidades brasileiras a dar lugar às águas de uma represa.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
Usando o humor como ferramenta política, mulheres na comédia – seja nas redes sociais ou nos palcos de stand ups – fazem frente aos estereótipos de gênero. “É tanto fazer graça quanto aproximar as pessoas às causas e à força social. Afinal, quem não gosta de rir?”, aponta Juliana Tavares, produtora cultural de Flutuantes em Fortaleza (CE), onde fomenta e produz trabalhos de realizadoras mulheres. A partir da experiência e dos relatos de comediantes, a revista AzMina explica como é possível unir o humor à luta contra o patriarcado e traz uma lista de perfis de mulheres que atuam em diferentes vertentes da comédia com essa finalidade.