O impacto do ‘tarifaço’ de Trump no Brasil e as queimadas no Nordeste

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🔸 As novas tarifas impostas por Donald Trump sobre aço e alumínio importados pelos Estados Unidos devem impactar significativamente a economia global – e o Brasil. O país é um dos maiores exportadores dessas commodities para os EUA. O “tarifaço” do presidente dos EUA faz parte da estratégia protecionista do governo do republicano, que também anunciou sobretaxas para produtos chineses, canadenses e mexicanos. O Nexo detalha os efeitos dos anúncios de Trump para o Brasil e para o mundo. Especialistas alertam que as medidas podem não só gerar inflação nos EUA, mas também levar a uma recessão global. E o Brasil? Por aqui, o aço pode ficar mais barato internamente e gerar demissões na indústria siderúrgica. Mas o governo federal já estuda medidas de reação.

🔸 “A sucessão do presidente Lula não é um nome. A sucessão do presidente Lula é o PT. Se o partido estiver forte, estiver organizado, com capacidade de formulação, com capacidade de diálogo com a sociedade brasileira, o nome nós construímos”, afirma Edinho Silva, em entrevista ao Correio Sabiá. Cotado para assumir a presidência do Partido dos Trabalhadores, o político diz que tem apoio das principais lideranças do partido. Quanto ao apoio de Lula, porém, ele desconversa: “O presidente Lula não tem que se envolver em disputas internas do PT”. Já sobre a relação do partido com grandes pautas da sociedade, Edinho Silva explica que a legenda precisa elaborar uma política de segurança pública e defende que, ao olhar para a economia, a prioridade do governo deve ser reduzir o impacto da inflação, em especial sobre os alimentos.

🔸 Falando em economia… Apesar da queda na taxa de desemprego para 6,6% em 2024, o Brasil ainda está longe do pleno emprego. O número de desocupados caiu de 14,6 milhões em 2021 para 7,35 milhões, mas a taxa de subutilização da força de trabalho ainda é alta (16,2%). O Colabora mostra que, em 2024, 19 milhões de brasileiros estavam sem emprego ou trabalhando menos do que gostariam. A informalidade segue um grande desafio, com 40% dos trabalhadores sem carteira assinada. O Brasil ainda enfrenta desigualdades de gênero e geração no mercado de trabalho, com a baixa participação de mulheres e idosos.

🔸 Maior exportadora de grãos do Brasil, a Cargill sinalizou sua saída da Moratória da Soja, pacto que desde 2008 impede a compra de soja cultivada em áreas desmatadas na Amazônia. A Repórter Brasil explica que o acordo é tido como um dos principais instrumentos de preservação da floresta e contribuiu para a redução de 69% na derrubada de mata nativa até 2022. Em seu novo relatório de sustentabilidade, a Cargill alterou a referência de rastreamento da soja para 2020, alinhando-se à lei europeia antidesmatamento e abrindo margem para a compra de grãos de áreas desmatadas após 2008. A reportagem destaca que a mudança da empresa ocorre em meio a pressões do agronegócio e do Congresso Nacional para flexibilizar a moratória, sob a alegação de que suas regras são mais restritivas do que o Código Florestal.

📮 Outras histórias

• Depois de 23 dias de mobilização de centenas de professores e lideranças indígenas, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), assinou um termo de compromisso para revogar a Lei 10.820/2024, que ameaçava a continuidade do ensino presencial em comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Sancionada em dezembro de 2024, a lei extinguia o Sistema Modular de Ensino (Some), abrindo caminho para a substituição do ensino presencial pelo remoto. A Alma Preta lembra que mais de 300 representantes indígenas de etnias do Baixo Tapajós e de outras regiões do Pará ocuparam a Secretaria Estadual de Educação, em Belém, logo no início do ano. Em seguida, veio a greve geral. A mobilização ganhou repercussão nacional e, enfim, a lei foi revogada.

📌 Investigação

• O direito de pessoas trans usarem banheiros conforme a identidade de gênero é um dos temas relacionados à população LGBTQIA+ que mais movimentam desinformação e discurso de ódio nas plataformas entre brasileiros. Levantamento da Agência Lupa revela que, em 2024, ao menos 800 mil usuários, em cerca de 300 grupos públicos do WhatsApp e Telegram, receberam mensagens desse tipo. Os conteúdos costumam ser acompanhados de ameaças de morte e palavras de ódio. “Vai no banheiro pegar a chave, ou fazer a fila esperar desocupar, esses viados trans do inferno só querem fazer zuada”, diz uma das mensagens compartilhadas via WhatsApp. As publicações foram disseminadas principalmente no Pará, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

🍂 Meio ambiente

• O Nordeste teve quase 21 milhões de hectares de áreas queimadas entre 2019 e 2024, o equivalente à cidade de João Pessoa (PB). Apesar de ser a terceira região mais devastada pelo fogo em números absolutos, também foi a única a apresentar redução nesse índice entre 2023 e 2024. A Agência Tatu analisa os dados de queimadas no Nordeste a partir da plataforma MapBiomas. O Maranhão tem o maior número absoluto e também proporcional de área afetada por queimadas. Foram 9,9 milhões de hectares acumulados nos últimos seis anos. Já Alagoas foi o estado onde o número mais cresceu, passando de 2.567 para 7.143 hectares – aumento de 178%.

📙 Cultura

• Apesar da contribuição histórica de artistas negros para o cinema, o Oscar reconheceu apenas seis homens negros com o prêmio de Melhor Ator, e uma mulher negra como Melhor Atriz. Hattie McDaniel foi a primeira pessoa negra a receber uma estatueta, como Melhor Atriz Coadjuvante, em 1940, pelo papel de Mammy em “E O Vento Levou”. O Nós, Mulheres da Periferia resgata a trajetória da artista, que, alvo de racismo, enfrentou dificuldades para ascender em Hollywood. Embora houvesse críticas à manutenção de estereótipos raciais em sua personagem, McDaniel afirmou que preferia “interpretar uma criada por 700 dólares a ser uma por 7”. Mammy era uma personagem multifacetada, e a atuação de McDaniel abriu portas para que outras atrizes negras pudessem ter papéis mais complexos e relevantes no cinema.

🎧 Podcast

• Na Universidade Federal do Sul da Bahia, 75% das vagas são de cotas. Dentro do percentual, metade é destinada a pessoas pretas, pardas e indígenas. A instituição também se destaca pelo pioneirismo na reserva de vagas para pessoas trans. Por trás dessas medidas de inclusão, está Joana Guimarães, a primeira reitora negra de uma universidade federal. O “Fio da Meada”, produção da Rádio Novelo, conversa com Guimarães sobre os principais desafios de colocar a política de cotas em prática e também sobre a permanência dos estudantes na faculdade.

👩🏾‍⚕️ Saúde

• Uma em cada cinco mulheres entre 25 e 34 anos têm abusado do consumo de álcool, de acordo com o Ministério da Saúde. Superar a dependência, no entanto, é ainda mais difícil quando se analisa o recorte de gênero. “Para as mulheres, a sobriedade vai muito além do vício. Também é uma luta contra preconceitos machistas”, afirma Kelly Hino, psicóloga do projeto Gente Precisa de Gente, voltado para a saúde mental e dependência alcoólica feminina. A Emerge Mag explora o trabalho de organizações voltadas para combater o consumo abusivo de álcool entre mulheres e apoiá-las no processo de sobriedade. “Quero que as mulheres saibam que é possível reescrever a própria história com uma abordagem feminina”, diz Gabriela Pomp, da Associação Alcoolismo Feminino, dedicada a mulheres com filhos, negras, LGBTQIA+ e em situações de violência.