A GLO decretada por Lula e a 1ª cineasta negra do país
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 “Chegamos a uma situação muito grave. A violência tem se agravado a cada dia que passa, e resolvemos tomar uma decisão, fazendo com que o governo federal ajude os governos dos estados a se livrar do crime organizado”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ontem ao assinar o decreto que instala uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo. Como lembra o Nexo, dias antes, Lula havia afirmado que não assinaria decretos de GLO para o uso das Forças Armadas no policiamento ostensivo no Rio.
🔸 Em áudio: “Sabemos que sete em cada dez homicídios no país são cometidos por arma de fogo, mas não existe resposta. Os governos não planejam ações baseadas na realidade”, afirma a jornalista Cecília Oliveira ao “CriaCast”, podcast da CartaCapital. Fundadora do Instituto Fogo Cruzado, maior banco de dados abertos sobre a violência armada na América Latina, ela revê a própria trajetória e avalia que a segurança pública no país é tratada “com desprezo e negacionismo”.
🔸 Depois de mais de três dias sem luz, movimentos sociais se reuniram ontem, em protesto, na avenida Paulista. O apagão em São Paulo começou na sexta-feira, quando um temporal deixou 2,1 milhões de pessoas sem energia elétrica em 23 municípios do estado. A Periferia em Movimento conta que, nesta segunda-feira, o problema persistia para mais de 500 mil pessoas em bairros do Campo Limpo, Capão Redondo e Parelheiros, na zona sul, além de bairros nas outras regiões da capital. A reportagem explica a privatização do fornecimento de energia em São Paulo.
🔸 A bancada ruralista quer a anulação de questões do Enem. Aplicado no domingo, o Exame Nacional do Ensino Médio tratou, entre outros temas, da expansão da agropecuária na Amazônia e no Cerrado, fenômeno associado ao aumento do desmatamento, bem como ao garimpo e à extração de madeira. O Congresso em Foco traz as questões que estão na mira da bancada e informa que os parlamentares apontam “negacionismo científico” contra o setor.
📮 Outras histórias
Em Porto Alegre, na última década, leis foram criadas e regras alteradas para atender a interesses de construtoras. Para o especial “Donos da Cidade”, o Sul21 mapeou os empreendimentos construídos ou aprovados para construção na capital gaúcha entre 2012 e 2022. O mapa interativo reúne 114 projetos identificados pelo nome do empreendimento, empresa responsável, bairro, estágio da obra e tipo de atividade. Uma série de reportagens
debate os efeitos da instalação dos megaprojetos arquitetônicos em meio ao atual cenário de revisão do Plano Diretor. O especial também contempla a história de algumas construções emblemáticas desde a inauguração, como a Arena do Grêmio.
📌 Investigação
Empresa associada à Shell, a Carbonext é acusada de pressionar indígenas a assinar documentos com folhas em branco e de oferecer dinheiro adiantado para obter exclusividade na venda de créditos de carbono. A InfoAmazonia visitou algumas dessas empresas e ouviu o cacique da aldeia Teko-Haw, na Terra Indígena Alto Rio Guamá, Carlos Sérgio Tembé. Segundo a liderança, ele não foi informado de que os papéis significavam o consentimento em relação ao projeto. “Era uma ata da reunião, uma assinatura de presença de reunião”, afirmou. “Depois que nós descobrimos que já estava assinado esse pré-contrato.”
🍂 Meio ambiente
Presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Santarém (PA), Ivete Bastos já dedica mais de 20 anos de sua vida à Amazônia, em uma região que enfrenta o avanço da soja. Amiga de Dorothy Stang, ativista assassinada em Anapu (PA) em fevereiro de 2005, e, também, do casal de defensores de direitos humanos Maria do Espírito Santo e José Claudio da Silva, assassinados em maio de 2011, em Nova Ipixuna (PA), Ivete se vê entre a angústia de ter o mesmo destino de seus amigos e a necessidade de lutar pela floresta. A Agência Pública perfila a ativista que já chegou a ser ameaçada de ser queimada viva.
A propósito: irmã de José Claudio e cunhada Maria, Claudelice dos Santos segue na luta pela preservação da Amazônia e pela proteção dos defensores ambientais. Ela foi uma das convidadas do TEDx Amazônia, evento que também recebeu a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Em entrevista ao Colabora, Claudelice resgata o legado do casal: “O assentamento em que eles viveram e que ajudaram a ser homologado, legalmente formalizado e tal, ainda hoje está lá. Mas a floresta deles é a única que não é fragmentada. Quase todo mundo ali já desmatou, tem fragmentos de floresta. Na prática, eles nos ensinaram como devemos viver em harmonia com a floresta”.
📙 Cultura
“Realizei todos os meus trabalhos com um ajuntamento de pessoas porque eu acredito que cinema é isso: a arte do coletivo.” Adélia Sampaio foi a primeira mulher negra a dirigir e produzir um filme na América Latina, com “Amor Maldito”, lançado em 1984. Hoje, aos 79 anos, a cineasta segue produzindo documentários e viaja pelo Brasil em atividades de exibição e debate sobre suas obras. À Marco Zero Adélia narra sua trajetória e lembra o descaso público com suas produções. “Houve um apagamento dos meus trabalhos dentro da Cinemateca Brasileira. A instituição, literalmente, sumiu com todos os negativos e eu consegui resgatar algumas das minhas obras porque eu conhecia pessoas que tinham feito cópias, então é claro que isso é uma tentativa de apagamento mesmo da minha história”, relata.
🎧 Podcast
Conhecimentos tradicionais quilombolas são tecnologia ancestral para manter as florestas em pé, como a atuação da Rede de Sementes do Vale do Ribeira, que reúne sementes de plantas nativas da Mata Atlântica. A iniciativa utiliza as técnicas do quilombo Nhunguara, em Eldorado (SP), como conta a agricultora Maria Tereza ao “Cena Rápida”, produção do Desenrola e Não Me Enrola. O episódio também conversa com a pesquisadora Bianca Magdalena, do projeto de pesquisa “Sementes Culturais”, que estuda os direitos socioambientais das comunidades tradicionais.
🧑🏽🏫 Educação
Uma das principais honrarias internacionais da educação, o World’s Best School Prizes deste ano premiou duas escolas públicas brasileiras: a Escola Municipal Professor Edson Pisani, de Belo Horizonte (MG), e a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Joaquim Bastos Gonçalves, de Carnaubal (CE). O Porvir mostra que as unidades se destacaram no papel de transformar suas comunidades. A escola cearense, por exemplo, desenvolveu o projeto “Adote um estudante” para oferecer apoio socioemocional aos alunos.