O ‘Enem dos Concursos’ e as violações sofridas por policiais no trabalho
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🔸 O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) publicou ontem os editais do Concurso Nacional Unificado (CNU), apelidado de “Enem dos Concursos”. São 6.640 vagas, distribuídas em 21 órgãos federais e divididas em oito blocos temáticos, como informa o Metrópoles. Em junho do ano passado, a ministra da pasta Esther Dweck afirmou que houve uma precarização da estrutura pública durante o governo Bolsonaro, com a falta de contratação de servidores.
🔸 O MGI, no entanto, ainda não retomou as negociações de reestruturação das carreiras ambientais, o que resultou na paralisação das atividades de campo, como fiscalização e monitoramento, pelos servidores da área. Ao Eco o presidente de duas associações de servidores André Oliveira relatou contradição no posicionamento da atual gestão: “O governo usa como portfólio as ações e resultados da atuação dos servidores na carreira de especialistas em meio ambiente, sobretudo as ações contra o desmatamento e garimpo ilegal, e isso tem trazido benefícios do olhar internacional pra gente, mas em contrapartida não temos a devida valorização, apesar da gente ter entregue os resultados”.
🔸 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar hoje Ricardo Lewandowski, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, no lugar de Flávio Dino, que passará a integrar a Corte. Segundo a Carta Capital, com Lewandowski, uma das principais mudanças na pasta deve ser na secretaria-executiva, que pode ser ocupada pelo advogado Manoel Carlos de Almeida Neto. Atualmente o cargo é de Ricardo Cappelli, homem de confiança de Dino, que foi interventor no Distrito Federal após os ataques do 8 de janeiro de 2023.
🔸 O país vive um de seus piores períodos de dengue. Dados do Ministério da Saúde mostram que 2023 foi o ano com mais mortes causadas pela doença. Foram 1.094 óbitos confirmados até a última semana epidemiológica do ano. O total de casos foi de 1.658.816, com 52.871 hospitalizações. O órgão estima que o número pode variar de 1,7 milhão a 5 milhões em 2024 – que seria o maior da história. O Nexo explica por que a dengue voltou com força e lembra as principais características e modos de combate.
📮 Outras histórias
Moradores da comunidade quilombola Colônia Sutil, em Ponta Grossa (PR), convivem com a falta de água, especialmente potável, desde o início de 2023. Para lavar a louça, tomar banho ou fazer comida, eles recorrem a um pequeno córrego da região, em que a água não é purificada nem tratada. O Portal Boca no Trombone conta que a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) disponibilizou algumas vezes ao longo do último ano um caminhão-pipa para resolver momentaneamente o problema, mas a quantidade não é suficiente para abastecer as necessidades de todos os moradores.
📌 Investigação
“Eu não aguentei, peguei minha arma, coloquei na boca e apertei duas vezes. A arma falhou simplesmente. Eu já passei por situações assim, ápices de quase tirar a minha vida ou do meu comandante.” A afirmação é de Leandro Prior, ex-agente da Polícia Militar de São Paulo, após sofrer ataques por beijar, trajado com farda, outro homem. Segundo a Alma Preta, o caso de Prior é apenas um entre muitos: assédio moral, racismo, misoginia e perseguição são recorrentes dentro da corporação e, por medo de retaliação, dificilmente são denunciados. Em 2018, a taxa média de suicídio no Brasil foi de 5,8 para cada grupo de 100 mil habitantes. Entre os policiais, o indicador vai para 23,9.
🍂 Meio ambiente
A ambição do governo Lula (PT) de que o Brasil seja liderança na pauta climática é freada pelo Congresso. A InfoAmazonia ouviu especialistas que apontam que projetos arquitetados pelo parlamento em 2023 privilegiam atividades que colocam o meio ambiente em risco. Entre eles está, por exemplo, o chamado Pacote do Veneno, que acabou sancionado com veto parcial do presidente e que facilita a aprovação dos agrotóxicos no país. Além do Marco Temporal, que promove a abertura de terras indígenas para empreendimentos agropecuários e a exploração de recursos naturais.
📙 Cultura
À espera da titulação pela Fundação Cultural Palmares, quilombos entre Minas Gerais e sul da Bahia têm seus territórios ameaçados. É o caso do quilombo urbano Família Araújo, em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, que corre atrás do respaldo da Fundação Palmares após uma ação de despejo da prefeitura. “Não foi a gente que foi avançando pro centro, foi o centro que veio avançando quando nós já estávamos aqui”, afirma Alexandre Araújo, membro da família. O Nonada percorreu 700 quilômetros entre os dois estados e mostra os conflitos pela posse da terra, mesmo diante de fatores que configuram as áreas como regiões quilombolas.
🎧 Podcast
Com uma colonização europeia mais tardia em relação a estados como Bahia e Pernambuco, o Ceará carrega diversos conflitos territoriais e também linguísticos em sua formação. “A gente vai enxergar na nossa linguagem uma presença muito marcante de palavras da cultura indígena e de muitas palavras de influência de outras línguas europeias”, afirma Ticiane Rodrigues Nunes, professora da Universidade Estadual do Ceará e pesquisadora na área de linguística. O “Nordestinidades”, produção da Eco Nordeste, mergulha nas particularidades do sotaque cearense.
🧑🏽⚕️ Saúde
“O aborto é muito mais traumatizante quando você não tem os recursos para fazer o procedimento no início.” Maria (nome fictício) decidiu interromper a gravidez quando tinha 19 anos, em 2006. Ao recorrer ao mercado clandestino e informada sobre o assunto apenas por “em sites aleatórios” na internet, ela precisou ser hospitalizada e sofreu inúmeros traumas durante o atendimento. Em relato à Gênero e Número, ela narra as complicações físicas, psicológicas e financeiras que passou pela falta de acesso ao aborto legal e seguro.