As enchentes no RS e o sites de prefeituras na mira de hackers

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🔸 Até a noite de ontem, a Defesa Civil havia registrado 78 mortos nas enchentes que atingem o Rio Grande do Sul. Mais de 340 municípios do estado foram afetados, e o número de desaparecidos passa de cem. Na capital, o nível do Guaíba chegou a 5,35 metros na madrugada de domingo, mais que o dobro do nível (2,5 metros) que determina o estágio de alerta. O Agora RS informa que a previsão do tempo a partir desta segunda indica trégua na chuva, o que deve fazer com que o nível da água baixe. Ontem, a Defesa Civil registrou quase 4 mil pessoas em abrigos em 21 locais de Porto Alegre. 

🔸 As enchentes atingiram prédios históricos, como o Mercado Público de Porto Alegre e a Casa de Cultura Mario Quintana, principal espaço cultural da capital gaúcha. O Nonada apurou que servidores públicos trabalharam durante a madrugada de domingo para carregar a reserva técnica de museus para andares mais altos. A reportagem lista os prédios comprometidos nas fortes chuvas da última semana e lembra que desastres climáticos já comprometeram acervos e elementos históricos em outras cidades do Brasil. O país, porém, não tem políticas voltadas à preservação do patrimônio com foco em mudanças climáticas.  

🔸 Uma cidade submersa. Eldorado do Sul, na região metropolitana da capital gaúcha, está praticamente 100% sob água, de acordo com autoridades locais. “Todos os bairros da cidade foram atingidos, e muitas pessoas se encontram em situações extremas, aguardando por socorro. Muitas delas permanecem isoladas em cima de telhados em áreas inundadas”, afirmou João Ferreira, coordenador da Defesa Civil do município. Segundo o Sul21, a cidade está sem luz, sem água e sem internet. O único acesso possível é por barco ou helicóptero. A prefeitura está pedindo nas redes sociais apoio, seja com a doação de alimentos de consumo imediato, seja com o empréstimo de barcos a fim de resgatar as pessoas isoladas pela chuva.

🔸 O desastre é acompanhado de uma onda de desinformação na internet. Circulam nas plataformas digitais conteúdos falsos de temas diversos, seja doações que não teriam conseguido chegar ao estado, seja sobre a recepção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com vaias, o que não aconteceu. A Agência Lupa vem checando as informações relacionadas às enchentes no Rio Grande do Sul. 

🔸 Em Brasília, líderes de partidos devem se reunir a partir de hoje para discutir ações de socorro ao Rio Grande do Sul.  Será preciso adotar “medidas extraordinárias”, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para destravar a burocracia e ampliar a ajuda financeira ao estado. O Congresso em Foco explica que a Casa vai instalar uma comissão na quarta-feira para analisar a proposta de emenda à Constituição (PEC 44/23) que reserva 5% das emendas individuais do Orçamento para o enfrentamento de catástrofes e emergências naturais.

🔸 No Rio de Janeiro, Madonna fez história. Reuniu 1,6 milhão de pessoas na praia de Copacabana na noite de sábado. O show que marcou o fim da Celebration Tour teve o maior público da história da carreira da cantora. A revista O Grito! narra como foram as participações de Anitta, Pabllo Vittar e de jovens ritmistas de escolas de samba do Rio, coordenados por Pretinho da Serrinha. Personalidades brasileiras, de Mano Brown e Sueli Franco a Paulo Freire e Erika Hilton, estamparam os telões ao longo do show.  

📮 Outras histórias

• Cria do Complexo da Maré, Patrick Marinho registrou a favela no videoclipe de “A Funk Experience”, medley do novo álbum de Anitta, “Funk Generation”. Este foi o sexto trabalho de Patrick com a cantora. O Maré de Notícias conversou com o diretor de fotografia e artista visual de 25 anos sobre sua atuação ao lado de Anitta. O primeiro trabalho foi premiado: trata-se do clipe de “Funk Rave”, eleito o melhor clipe de música latina no MTV Video Music Award (VMA). “A gente não tem oportunidade de pagar curso grande de fotografia e de direção, a gente trabalha pra botar comida dentro de casa. Estando nesses espaços, entendi que o favelado pode muito mais. Não só trabalhando dentro da favela, mas também ultrapassando os limites do território e levando a favela junto”, diz Patrick.

📌 Investigação

• Sites de prefeituras são alvos de hackers para promover um cassino online conhecido como Jogo do Tigrinho, proibido no país. O Aos Fatos identificou ao menos 131 sites de órgãos públicos de 121 municípios, em cinco estados – Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, São Paulo e Tocantins –, que tiveram páginas com redirecionamento a cassinos online. A escolha dos criminosos por domínios oficiais, como “.gov” ou “.leg”, acontece porque esses portais tendem a ter bom ranqueamento nos buscadores. Para aumentar ainda mais o alcance, os fraudadores utilizaram técnicas de otimização para mecanismos de busca (SEO, na sigla em inglês), com inserção conteúdos que não têm relação com informações públicas, mas que estão entre os mais buscados.

🍂 Meio ambiente

• Coordenadora do Projeto Reconecta, que restaura a conectividade da Amazônia para a fauna, a bióloga brasileira Fernanda Abra recebeu o Prêmio Whitley 2024, concedido pela organização britânica Whitley Fund for Nature e considerado como o “Oscar da Conservação da Natureza”. O Conexão Planeta destaca a trajetória de Abra, que dedica sua vida à implementação de soluções para salvar animais silvestres de atropelamentos em rodovias que cortam os biomas brasileiros. Com o financiamento da premiação, a bióloga pretende medir a eficácia das pontes instaladas pelo projeto e expandi-lo para Alta Floresta, no Mato Grosso, onde podem ser encontradas oito espécies de primatas, cinco delas em perigo. 

📙 Cultura

• Colonização, racismo e misoginia retiraram o elemento feminino de Exu. É o que explica a escritora e pesquisadora Claudia Alexandre, em entrevista ao Catarinas. Especialista em sambas, africanidades culturais e religiosidades afro-brasileiras, ela lançou no final de 2023 o livro “Exu-Mulher e O Matriarcado Nagô”, em que resgata a interpretação masculina-feminina atribuída ao orixá e como essa perspectiva foi apagada como estratégia de dominação. “Quando no sistema de crenças Exu e suas representações em pares inseparáveis – masculina e feminina – tinha como significado a exaltação ao corpo, fecundidade, prosperidade, sexualidade, fertilidade e da energia vital. Não tinha relação com gênero ou diabo, que é um elemento judaico-cristão e nunca negro-africano”, afirma.

🎧 Podcast

• Nos últimos anos da ditadura brasileira, um grupo de advogados e pesquisadores passava a noite fazendo fotocópias de documentos e processos judiciais que provavam as violações sistemáticas aos direitos humanos no período em que os militares estiveram no poder. O material deu origem ao livro “Brasil: Nunca Mais”. O “Eu Só Disse Meu Nome”, produção da NAV Reportagens, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog, mostra como a obra comprovou que o estudante de Geologia da Universidade de São Paulo, Alexandre Vannucchi Leme, o Minhoca, de 22 anos, foi torturado e morto pelo regime.

✊🏽 Direitos humanos

• “É difícil entender que alguém seja assexual num mundo sexual”, relata Júlia (nome fictício) sobre ter se descoberto uma pessoa assexual. Diferentemente do celibato ou abstinência sexual, a assexualidade não é uma escolha, mas uma característica de pessoas que não sentem necessidade e vontade, total ou parcial, de fazer sexo. A Emerge Mag explica que a assexualidade é representada pela letra A na sigla LGBTQIA+ e é considerada uma orientação sexual dissidente. É possível ser assexual e, ao mesmo tempo, ter uma orientação romântica.