A ameaça de 'empacotar' o STF e uma família há 200 anos no Congresso
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 Seguem as ameaças ao Supremo Tribunal Federal. Agora, é o líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PL-PR) quem engrossa o coro do presidente: “Se o Judiciário permanecer neste nível de ativismo político (…), isso vai ter reação do Poder Legislativo de forma muito severa. O que estamos discutindo é uma reação a um ativismo político do Judiciário.” Bolsonaro afirmou que pretende aumentar o número de ministros do Supremo, o que lhe daria mais controle sobre a Corte. A CartaCapital lembra que, no domingo, ele disse que, se reeleito, poderia deixar de lado a ideia – com uma condição: se o STF “baixar a temperatura”.
🔸 “Perversa e inconstitucional.” Assim Celso de Mello, ex-presidente do Supremo, definiu a proposta de Bolsonaro. No Metrópoles, Guilherme Amado traz a íntegra de texto do magistrado que relembra períodos ditatoriais na História do Brasil em que houve aumento da composição de ministros, sempre com o objetivo de subverter a democracia. No Jota, o cientista político Cássio Casagrande discorre sobre o plano de “empacotamento do STF” e lembra como essa tentativa fracassou nos EUA, no governo de Franklin Delano Roosevelt, em 1937. Ao fim, faz um alerta: “Se o plano de empacotamento do bolsonarismo avançar, descobriremos se nosso sistema democrático está mais próximo dos EUA ou da Venezuela”.
🔸 Uma família há 200 anos no Congresso. Os Andrada, de Minas Gerais, conseguiram pela 16ª vez ter um representante do clã em Brasília. Lafayette de Andrada (Republicanos) recebeu 69 mil votos e, assim, o grupo que chegou ao Congresso mesmo antes de ele existir, ainda nas Cortes Portuguesas, em 1821, segue no Parlamento. O Congresso em Foco conta a história da família que, além de 16 deputados e senadores, fez quatro presidentes da Câmara, oito ministros de Estado e dois ministros do STF, além de governadores, prefeitos, deputados estaduais e vereadores. Para o sociólogo José Marciano Monteiro, a longevidade dos Andrada revela como a política é “um negócio de poucas famílias” no Brasil e explica o baixo índice de oxigenação do poder no país.
🔸 Na segunda pesquisa eleitoral sobre o 2º turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 55% dos votos válidos, e Bolsonaro (PL), com 45%. Foram os mesmos percentuais da pesquisa anterior, segundo o Portal Terra, que também apresenta os números do Datafolha.
🔸 Por falar em pesquisa eleitoral… Só neste ano, foram registradas 975 pesquisas para presidente da República no Tribunal Superior Eleitoral. O aumento é de 75,67% em relação às 555 pesquisas da eleição geral anterior, de 2018. Os dados integram levantamento feito pelo Correio Sabiá.
📮 Outras histórias
Pastor da Assembleia de Deus do município de Parnamirim, no Rio Grande do Norte, pediu que os fiéis disseminassem um áudio em que ele faz graves ataques à Justiça Eleitoral, alega fraude e utiliza terrorismo cristão ao dizer que quem vota no Lula vai para o inferno. O Saiba Mais mostra o conteúdo enviado pelo líder e relembra que a Procuradoria Regional Eleitoral no Rio Grande do Norte recomendou para que entidades religiosas não pratiquem atos de propaganda eleitoral.
Cruzada contra banheiros unissex. O vereador de Curitiba Ezequias Barros (PMB) é autor de um projeto para vetar o uso de banheiros por pessoas de ambos os sexos, devido a uma ameaça que estaria documentada em “reclamações frequentes de pais e professores”. O Jornal Plural revela que a caça ao que o fundamentalismo cristão chama de “ideologia de gênero” se trata de uma “ameaça” que não existe: dos mais de 375 mil registros de reclamações, solicitações e elogios junto ao serviço 156 da Prefeitura de Curitiba nos últimos 12 meses, há apenas um registro que cita uso compartilhado de banheiros, em um Centro de Educação Infantil conveniado.
📌 Investigação
Bairros nobres de São Paulo concentram os pontos de retirada de bicicletas por assinatura, utilizadas por entregadores de aplicativo. Os cicloentregadores que moram em bairros periféricos da cidade e da Grande São Paulo levam horas em ônibus, metrô ou trem para retirá-las. Há também bonificações para entregas nas regiões no eixo sudoeste e central do município, e o padrão clássico de deslocamento entre a periferia e os bairros mais ricos não se altera para esses trabalhadores (sem direitos trabalhistas). A partir de mapas e relatos, o Le Monde Diplomatique Brasil analisa a territorialidade do trabalho dos cicloentregadores.
🍂 Meio ambiente
O povo Munduruku sempre foi formado por guerreiros. Hoje, cercados pelo desmatamento e pelo agronegócio, lutam pela sobrevivência. O cacique Manoel da Rocha Munduruku, líder da aldeia Ipaupixuna, na Terra Indígena Munduruku, é uma das personalidades que atuam contra os megaprojetos e a monocultura de soja. A Amazônia Latitude produziu o documentário “Pisar Suavemente na Terra” para narrar a história dessa luta.
Em 37 anos, a Caatinga perdeu 10% de sua vegetação nativa, segundo pesquisa do MapBiomas feita por meio de imagens de satélite. A partir de conversas com especialistas, a Agência Eco Nordeste aponta os pontos de preocupação sobre as modificações do bioma. O avanço da agropecuária está entre os principais causadores do problema. “Essa perda, não apenas em cobertura vegetal nativa, mas também em superfície de água”, afirma o professor Bartolomeu Israel de Souza, da Universidade Federal da Paraíba.
📙 Cultura
“Oxum nos ensina a sair dos lugares, como diz Nina Simone, em que o amor não está sendo servido na mesa. Ela nos ensina um auto-amor, um auto-respeito. E acredita que isso também vai se refletir em um retorno amoroso e respeitoso no coletivo e na sociedade”, afirma a pesquisadora Mara Pereira. Mestra em Artes Visuais pela UERJ, ela trabalha com uma educação antirracista a partir de conhecimentos africanos e afrodiaspóricos nas artes visuais e na literatura. Para além do trabalho de Mara, o Nonada apresenta produções artísticas com a presença de Oxum.
A premiada jornalista Fabiana Moraes reflete sobre os olhares colonizados do jornalismo com relação a violências naturalizadas como o racismo, a misoginia, entre outras formas de outrofobia. A Revista O Grito traz a abordagem da retratação jornalística de grupos sociais oprimidos a partir do novo livro de Moraes, “A Pauta é uma Arma de Combate”. Em entrevista ao Marco Zero, a jornalista expõe algumas críticas ao jornalismo presentes na obra.
🎧 Podcast
Abandonada pelo pai quando não tinha nem um ano de idade, a atleta do wrestling (ou luta olímpica) Aline Silva revê a própria trajetória e se questiona: “Será que, se eu tivesse todo carinho e amor, eu teria me jogado de cabeça nesse esporte de luta tão difícil, tão dolorido, que precisa de tanta resiliência? Será que teria sido quem sou?”. Ela conversa sobre o despertar para o esporte, resistência e desenvolvimento no podcast “O que Sei de Mim”, apresentado pela jornalista Luciana Branco e produzido pela Kerovi Podcasts.
🏃🏾♂️Esporte
“Favela não é carência, favela é potência”, dizia um dos cartazes expostos nas finais da Taça das Favelas São Paulo deste ano, que aconteceram no último sábado, na Arena Barueri, na região metropolitana de São Paulo. Como narra o Portal Terra, a equipe feminina de Paraisópolis saiu campeã; no masculino, o Jardim Ibirapuera bateu o São Bernardo de Campinas nos pênaltis. Os bairros finalistas e suas equipes foram descritos pela Agência Mural.