As consequências da denúncia contra as rádios e o assédio eleitoral em Minas Gerais
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🔸 Faltam provas ou indícios mínimos de irregularidades na denúncia da campanha de Jair Bolsonaro (PL) contra emissoras de rádio, que, segundo o candidato, teriam deixado de veicular suas propagandas. E não só: o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu a investigação dos autores da denúncia por possível crime eleitoral “com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”. A campanha do PL enviou a denúncia ao TSE na segunda-feira. Segundo o Congresso em Foco, o episódio tem sido chamado de factoide pela campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A denúncia seria uma tentativa de Bolsonaro de mobilizar seu eleitorado e usar a narrativa para contestar o resultado da eleição caso seja derrotado nas urnas.
🔸 Aliás, o relatório enviado pela campanha de Bolsonaro ao TSE omitiu inserções da campanha do presidente que foram veiculadas na rádio Bispa FM, de Pernambuco. O Aos Fatos transcreveu 11 das 24 horas de programação a partir dos arquivos de áudio anexados pelos advogados do PL na ação e verificou que houve ao menos 12 inserções de Bolsonaro a mais do que o documento relata.
🔸 Em meio ao caso das rádios… o servidor do TSE, Alexandre Gomes Machado, foi exonerado e afirmou à Polícia Federal que houve falhas na fiscalização da propaganda eleitoral. O TSE qualificou de “falsas e criminosas” as alegações feitas por ele, que, segundo a Corte, foi demitido “por reiteradas práticas de assédio moral, inclusive por motivação política, que serão devidamente apuradas”. O Jota lembra ainda que o TSE divulgou nota segundo a qual é dever dos candidatos a fiscalização das inserções no horário eleitoral gratuito.
🔸 Enquanto isso, no QG de Lula: A CartaCapital conta que a campanha do PT se prepara para uma “avalanche” de notícias falsas nos próximos dias. Uma das prioridades da semana, segundo o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), é acionar a Justiça Eleitoral “para tentar conter essa grande operação”. Ele não descarta que Bolsonaro receba ajuda de aliados de fora do país: “A extrema direita brasileira, aliada com a extrema direita internacional, prepara a maior operação de desestabilização de uma eleição que se tem registro na história”, afirma.
🔸 E no QG de Bolsonaro: “O curto-circuito no comando da campanha só piora a dias do segundo turno das eleições”, escreve Rodrigo Rangel, em sua coluna no Metrópoles. A fala de Fábio Faria, ministro das Comunicações, sobre a suposta fraude das rádios incomodou aliados do Centrão. Segundo Rangel, “uma fonte com acesso ao núcleo da campanha admite que a estratégia foi deflagrada para tentar desviar o foco da crise aberta pela atitude tresloucada de Roberto Jefferson de atacar os policiais que foram prendê-lo, no domingo passado, no interior do Rio”.
🔸 Falando em Roberto Jefferson… No período em que esteve em prisão domiciliar, o ex-deputado do PTB desobedeceu a Justiça e gravou ao menos 20 vídeos que foram publicados nas redes sociais de sua filha, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ). Levantamento da Agência Lupa revela que, ao todo, as postagens somaram mais de 390 mil visualizações só no Twitter.
📌 Investigação
De 1.134 denúncias de assédio eleitoral de patrões contra funcionários no país todo, 300 são de Minas Gerais, o que representa 26% das investigações abertas pelo Ministério Público do Trabalho até a última terça-feira, relata a Repórter Brasil. Empregadores mineiros prometem folgas, churrasco, cesta básica, um pernil para cada empregado, boi no rolete, sorteio de dinheiro e até 14º salário aos seus empregadores caso Bolsonaro seja reeleito. Em contrapartida, sua derrota aponta para punições, com demissão, corte de vagas, transferências de cidade ou até o fechamento da empresa.
A propósito: a Periferia em Movimento explica o que fazer em caso de assédio eleitoral e ameaças trabalhistas, de impedimento do voto a pessoas não alfabetizadas e de contestação do nome social de pessoas trans.
📮 Outras histórias
Roraima vive mais quatro anos de governo pró-garimpo. Durante o primeiro mandato, Antônio Denarium (PP) sancionou dois projetos de lei que tinham como objetivo garantir certo aspecto de legalidade à atividade garimpeira. Com Denarium e Bolsonaro juntos, o desmatamento em Roraima teve uma média anual 122% maior entre 2019 e 2021, em comparação com os três anos anteriores. O Eco lembra que Denarium foi reeleito para o cargo de governador em primeiro turno. A proteção ambiental e dos povos indígenas está longe de ser sua prioridade.
O documentário “Vozes Amazônidas: Barcarena resiste”, feito por estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) e vencedor do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, é um alerta aos projetos desenvolvimentistas que levam destruição ao meio ambiente e aos modos de vida de indígenas e comunidades tradicionais. A produção, que teve mentoria do Meus Sertões, traz histórias de resistências no município de Barcarena (PA), na Amazônia.
🍂 Meio ambiente
Um banco de dados com os mamíferos na Caatinga, a maior e mais biodiversa floresta tropical seca estacional do mundo, um bioma exclusivamente brasileiro e que ocupa maior parte da região Nordeste. A bióloga do Museu de História Natural (MHN)/ Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Ludmilla da Costa-Pinto é a primeira autora do trabalho recém-publicado na prestigiada revista “Ecology”. A Agência Eco Nordeste conta que o banco de dados contém mais de 3 mil registros em 816 localidades diferentes e é fruto de parceria com outros 26 pesquisadores de mais de 20 instituições.
Apenas 10% das empresas sabem qual a sua pegada total de gás carbônico. Trata-se da conclusão da segunda pesquisa anual realizada pela consultoria Boston Consulting Group, que consultou mais de 1.600 organizações de 18 países, com pelo menos mil funcionários e receitas que variam de US$ 100 milhões a US$ 1 bilhão. Juntas, elas são responsáveis por 40% das emissões globais. O Reset detalha os resultados da pesquisa.
📙 Cultura
Trazida pelos negros escravizados, o Batuque de Umbigada é uma manifestação cultural afro-brasileira disseminada pelos mais diversos quilombos do país e resiste em municípios do interior de São Paulo, como Capivari, localizado a 140 km da capital. Lá, crianças do Ensino Fundamental das escolas municipais aprendiam sobre a manifestação com o projeto “Criança pode Umbigar? Sim!”. No entanto, o Nós, Mulheres da Periferia denuncia que as cartilhas educacionais foram recolhidas devido a um movimento que associa o Batuque à uma religião de matriz africana e à sexualização de crianças.
Feita por mulheres e pessoas não-binárias, a publicação independente revista “Mina de HQ” é finalista da 64ª edição do Prêmio Jabuti, maior premiação do campo literário no país, na categoria Incentivo à Leitura, que faz parte do eixo Inovação da premiação, como explica a Revista O Grito. Confira também a lista completa dos dez finalistas de cada categoria.
🎧 Podcast
No domingo, além do presidente, eleitores de 12 das 27 unidades da federação vão escolher seus governadores. O Durma com Essa, podcast do Nexo, descreve o cenário de São Paulo, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco e explica como as disputas locais dialogam com a disputa nacional.
🧑🏽🏫 Educação
A ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que já recebeu o Prêmio Nobel da Paz, criou uma rede em dez países para apoiar meninas que estão fora das escolas. Um desses lugares auxiliados pela Rede de Ativistas pela Educação do Fundo Malala no Brasil é o Complexo da Maré, que abrange 16 favelas no Rio de Janeiro. O Maré de Notícias mostra como a parceria já localizou 1.319 crianças e adolescentes fora da escola ou infrequentes e como mulheres e adolescentes da favela estão trabalhando em busca de uma educação menos elitista.