A delação de Ronnie Lessa e um rio aberto por indígenas na Paraíba
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🔸 Acusado de assassinar Marielle Franco, Ronnie Lessa aponta Domingos Brazão como um dos mandantes do crime que matou a vereadora carioca e seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018. A informação foi obtida pelo Intercept Brasil com fontes ligadas à investigação. Preso desde 2019, o ex-PM Lessa fechou acordo de delação com a Polícia Federal. A reportagem conta quem é Brazão, lembra que ele chegou a ser acusado de obstruir as investigações pela Procuradoria-Geral da República, em 2019, e destaca a possível motivação para o crime. A principal hipótese é a de vingança contra Marcelo Freixo, ex-deputado estadual pelo Psol, hoje no PT, e atual presidente da Embratur. Freixo e Brazão entraram em embates na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Marielle, por sua vez, trabalhou ao longo de dez anos com Freixo até ser eleita vereadora, em 2016.
🔸 Brazão nega ter sido o mandante do assassinato. Político de carreira no Rio e atual conselheiro do Tribunal de Contas do estado, ele afirma, em entrevista exclusiva ao Metrópoles, que não conhece Lessa ou Élcio Queiroz, motorista que dirigiu o carro usado na execução de Marielle Franco. Também diz que não conhece a própria vereadora e alega que os executores do crime estariam mencionando seu nome para proteger alguém. “Outra hipótese que pode ter é a própria Polícia Federal estar fazendo um negócio desse, me fazendo sangrar aí, que eles devem ter uma linha de investigação e vão surpreender todo mundo aí”, completa.
🔸 Líder de um poderoso grupo político da zona oeste do Rio, berço das milícias cariocas, Brazão tem 58 anos e foi deputado estadual por cinco mandatos consecutivos até ser afastado por suspeitas de corrupção. A CartaCapital traça o perfil do político que chegou a ter o mandato cassado em 2011 por suposta compra de votos na zona oeste do Rio, considerada seu reduto eleitoral desde a primeira eleição em 1999.
🔸 “Ninguém quer dar essa informação errada. É melhor esperar para ter uma confirmação oficial ou ter a corroboração de outras fontes”, avalia Pedro Doria, no Mesa do Meio, em debate com Mariliz Pereira Jorge e Christian Lynch. O jornalista afirma que vários veículos de imprensa do país têm a informação em off de que a delação de Lessa aponta para Domingos Brazão, mas tratam o caso com cautela.
📮 Outras histórias
Na Paraíba, uma comunidade está abrindo um rio com as próprias mãos. Iniciado há três anos, o projeto Águas Potiguara, na Baía da Traição, reúne indígenas da etnia potiguara para revitalizar o Rio do Aterro, afluente do rio Sinimbu, que corta as aldeias Forte e Alto do Tambá. A Marco Zero conta que o trabalho é voluntário, feito aos sábados e envolve a remoção de sedimentos e vegetação densa que se acumularam no solo ao longo do tempo. A comunidade já recuperou mais de 3,5 quilômetros do rio, mas não só: a revitalização também marca o resgate da história e da identidade potiguara.
📌 Investigação
O perfil de vereadores eleitos no Brasil desde 2000 é parecido com o de prefeitos – majoritariamente homens, brancos e casados. O percentual de vereadoras tem variado pouco ao longo de 20 anos. Em 2020, as mulheres ocuparam 16,1% das vagas, muito abaixo da participação feminina tanto na população (51,5%) quanto no eleitorado brasileiro (52%). A Agência Lupa traz um raio-X do perfil da vereança brasileira nas últimas duas décadas, com informações sobre raça, gênero, estado civil e nível de instrução, e mostra em quais estados esses dados se destacam.
🍂 Meio ambiente
Presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana afirmou ter recuado no envio de novos processos demarcatórios de terras indígenas após a lei do marco temporal ter sido estabelecida, informa a InfoAmazonia. “Eu já iria assinar duas terras, mas aí veio o marco temporal e agora precisamos avaliar o impacto da nova legislação, vamos esperar derrubar essa lei. Se continuarmos, podemos prejudicar os parentes”, disse ela, na 43ª Assembleia Geral da Região das Serras, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, no dia 7 de janeiro. Os indígenas esperam agora que o Supremo Tribunal Federal (STF) reafirme a inconstitucionalidade da tese e derrube a lei.
📙 Cultura
“Temos a sensibilidade de entender o território que vivemos e pisamos. Muitos de nós artistas somos da periferia e sentimos na pele os efeitos das mudanças climáticas, como o calor e as enchentes”, afirma Mel Angeoles, vice-presidente da Associação Intercultural de Hip- Hop Urbanos da Amazônica e uma das idealizadoras da rede Artistas pelo Clima. Segundo o Nonada, o projeto atualmente conta com 150 voluntários e artistas, que se uniram para denunciar e incentivar o debate sobre justiça climática por meio da arte.
🎧 Podcast
Marcado por belezas naturais e uma forte cultura afro-indígena, o Maranhão consegue preservar seus sotaques por meio da tradição do Bumba Meu Boi, considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. O “Nordestinidades”, produção da Eco Nordeste, recebe a especialista em cultura popular maranhense Izaurina Nunes, técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no estado, para explicar os múltiplos sotaques do Maranhão e como estão atrelados às tradições da cultura popular.
🧑🏽🏫 Educação
O novo ano letivo simboliza transformações para crianças e adolescentes, como mudanças de série, de cidade, escola ou etapa do desenvolvimento. É o caso de Tom Fernandes, de 11 anos, que vai iniciar o ensino fundamental 2 e sair de uma escola particular para ingressar em uma pública, referência em educação inclusiva, em Salvador, Bahia. “Vou mudar de escola, porque eu cresci, mas sinto saudade dos colegas”, conta. O Lunetas ouviu especialistas sobre quais as melhores formas de lidar com esses desafios visando a continuidade do processo educacional e o bem-estar das crianças.