A crise Yanomami seis meses depois e os falsos plágios no ChatGPT
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🔸 Seis meses se passaram desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou a terra indígena Yanomami em meio à crise humanitária no território, agravada pelo garimpo ilegal. Foi então que o Ministério da Saúde declarou emergência sanitária na região. Desde então, mais de 80% dos garimpeiros saíram de lá. Mas ainda permanecem na área, segundo lideranças locais, os mais perigosos, ligados ao narcotráfico. A partir dos temas garimpo, violência, saúde e meio ambiente, o Nexo faz um balanço das ações desde a missão oficial do governo à terra Yanomami e mostra o que ainda falta fazer. “Não se trata apenas de retirar os invasores que ainda insistem em destruir a floresta e a vida indígena, mas de criar um verdadeiro sistema de proteção territorial que impeça o retorno dos criminosos”, afirma Marcelo Moura, antropólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
🔸 Crianças e adolescentes pretos têm duas vezes mais chances de ser abordados pela polícia. Esta é a conclusão de um trabalho do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo (USP), que, por quatro anos, acompanhou crianças e adolescentes. O Notícia Preta conta que os 800 entrevistados responderam a 30 questões por ano, de 2016 a 2019. Todos nasceram em 2005 e estavam com 11 anos no ano inicial da pesquisa. Para um dos organizadores do relatório, o sociólogo e pesquisador da USP Renan Theodoro, “é um estranhamento da nossa parte saber que a polícia chegaria a parar na rua uma criança de 10 a 11 anos”.
🔸 A Polícia Federal apreendeu celulares, documentos e computadores de quatro pessoas acusadas de hostilizar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, na Itália. O Congresso em Foco explica que há a suspeita de que algum dos envolvidos possa estar envolvido nos atos de 8 de janeiro de 2023 como financiador. Em depoimento à PF ontem, Roberto Mantovani negou ter agredido o ministro, mas assumiu ter “afastado” o filho de Moraes com o braço e de tê-lo atingido no rosto. Falta depor Andreia Mantovani. Ela teria xingado o ministro de “comunista, bandido e comprado”.
🔸 Falando em 8 de janeiro: a CPMI dos atos golpistas declarou ao STF que há indícios de que Silvinei Vasques, ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal, teria participado da preparação dos ataques aos Três Poderes. A CartaCapital lembra que, ao depor, Vasques negou as suspeitas de que teria articulado os bloqueios das rodovias durante o segundo turno das eleições de 2022. Os parlamentares, porém, veem indícios de que ele mentiu no depoimento. A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito retoma os trabalho em agosto.
📮 Outras histórias
A Força Nacional vai atuar em territórios indígenas do Rio Grande do Sul. O Ministério da Justiça determinou o trabalho na região da Terra Indígena Guarita, entre os municípios de Tenente Portela, Redentora e Miraguaí, e na Terra Indígena Nonoai, no município de Planalto. O Sul21 informa que os conflitos violentos que ocorrem na região há anos vêm se agravando. No ano passado, por exemplo, contestações do resultado de eleições para o cacicado da TI Guarita geraram uma escalada de violência. Para o coordenador do Conselho Indigenista Missionário na região Sul (Cimi Sul), Roberto Liebgott, a decisão de usar a Força Nacional não resolve o problema, já que as causas dos conflitos é a falta de demarcação de terra. Além disso, há casos de arrendamento de terra, em que lideranças autorizam a exploração do território por agentes externos.
📌 Investigação
O ChatGPT aponta plágios erroneamente. No mês passado, uma usuária viralizou no Twitter ao relatar que o tio dela teria sido injustamente acusado de plágio por um professor que acionou a ferramenta de inteligência artificial na tentativa de descobrir se trabalhos acadêmicos foram copiados. O Aos Fatos identificou falsos positivos na classificação de textos pela plataforma, que afirmou, por exemplo, que um trecho do livro “Era dos Extremos”, escrito em 1994 pelo historiador britânico Eric Hobsbawm, teria sido gerado por IA. “A educação precisa se adaptar a essa realidade sem confiar que, no futuro, vão surgir ferramentas que detectem textos escritos por IA. Talvez isso nunca aconteça e precisaremos pensar em formas eficientes de avaliar os alunos considerando isso”, destaca Lucas Lattari, professor do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais.
🍂 Meio ambiente
A cidade de Cáceres (MT) aprovou uma emenda que reconhece a natureza como portadora de direitos. É o primeiro município do Pantanal a adotar o entendimento, que já ocorreu em outros cinco no país – Bonito (PE), Paudalho (PE), Florianópolis (SC), Serro (MG) e Guajará-Mirim (RO), respectivamente. O Eco detalha que, na cidade pantaneira, a iniciativa partiu da sociedade civil organizada, e o projeto de alteração da lei orgânica (PLO) foi apresentado à Câmara Municipal em junho pelo vereador Cézare Pastorello (PT), que contou com o apoio de comitês populares e do coletivo PesquisAção, que presta auxílio técnico para movimentos populares no Pantanal.
As mudanças climáticas estão deixando o mar mais azul. É o que aponta um novo estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. Apesar de muitas pessoas apreciarem esteticamente a cor, um oceano mais azul, especialmente na superfície, é um indicador de desequilíbrios nos ecossistemas, enquanto águas mais verdes indicam maior atividade biológica. A Fast Company explica que, além de perturbar as cadeias alimentares, as mudanças de cor também podem indicar alterações no ciclo do carbono, já que o fitoplâncton, por meio da clorofila (verde), desempenha um papel fundamental na captura de carbono atmosférico.
📙 Cultura
“Quando os colonizadores chegaram ao Brasil, a arte de tecer já estava presente e era constante entre os indígenas”, diz a educadora Papiõn Cristiane Santos, descendente de povos indígenas de Oiapoque, no Amapá. Ela é uma das professoras da Ewa Poranga, uma escola de ensino de moda pluricultural e ensina sobre grafismos e apropriação cultural. O Projeto Colabora traz a diversidade das vestimentas indígenas e mostra como estilistas e modelos têm ganhado espaço nas passarelas brasileiras. A contribuição dos povos originários vai para além da criatividade e atravessa também a conexão com a natureza no modo de produzir.
Escanteada pelo governo Bolsonaro, a cultura ligada à comunidade LGBTQIA+ volta a fazer parte do eixo de políticas públicas do Ministério da Cultura. A Secretaria Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura recriou o Comitê Técnico de Cultura LGBTQIA+. Ao Nonada a secretária Márcia Rollemberg, responsável por esse núcleo, afirma que o governo deve lançar uma instrução normativa para garantir ações afirmativas nos editais, uma premiação que vai destinar recursos a iniciativas que trabalham com diversidade e também, com a volta dos Pontos de Cultura, haverá uma linha específica para voltadas aos direitos humanos – esta, aliás, vai receber um investimento de R$ 600 milhões via Lei Aldir Blanc 2.
🎧 Podcast
Pela primeira vez no país, é possível ouvir na íntegra a entrevista de Clarice Lispector, oferecida, em outubro de 1976, para os escritores Marina Colasanti, Affonso Romano de Sant’Anna e João Salgueiro no programa “Depoimentos para a Posteridade”, do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro. O registro faz parte do acervo cultural brasileiro. Com a permissão da família de Lispector, o áudio foi entregue a Benjamin Moser, biógrafo da escritora, e então restaurado e publicado pela revista “The New Yorker”. Sem cortes, o “451 MHz”, produção da Quatro Cinco Um, reproduz o material histórico, em que a autora narra sua própria trajetória.
🏃🏾♀️ Esporte
Fundado em 2019, o portal de notícias Fut das Minas cobre as competições de futebol feminino no país e reúne uma equipe de 18 mulheres, entre jornalistas, comunicadoras e uma advogada. Neste ano, elas vão acompanhar o principal evento da categoria, a Copa do Mundo Feminina, que acontece na Austrália e na Nova Zelândia, entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, levando Amanda Porfirio e a repórter Mariana Santos para a cobertura in loco. “Eu sempre falo que crescemos com o futebol feminino. O Fut das Minas era um em 2019 e é outro agora, assim como o futebol feminino se desenvolveu nesse período”, conta Amanda em entrevista ao Catarinas. “Em 2019, acho que foi uma evolução de 50 anos em um, foi uma competição que mudou completamente o futebol feminino, talvez fique marcada como a Copa que mudou tudo”, completa.