Os indícios de crime nos incêndios em SP e as milícias rurais no Pará

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🔸 O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) acionou a Polícia Federal para investigar se há ação criminosa nos incêndios que atingiram o interior de São Paulo no fim de semana. O governo do estado emitiu alerta de queimada em 46 municípios. Segundo a CartaCapital, a suspeita de crime parte de dois elementos. O primeiro reside no fato de que “quase todo incêndio no Brasil é criminoso”, nas palavras de Rodrigo Agostinho, presidente do órgão ambiental. Já o segundo parte da constatação de que os focos de fogo aconteceram praticamente no mesmo horário. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foram à sede do Ibama ontem, em Brasília, para debater a situação das queimadas no país. 

🔸 Para a ministra, há fortes indícios de um “novo dia do fogo”, como o que ocorreu na Amazônia em 2019 e no Pantanal. Trata-se de uma articulação de criminosos que aproveitam a seca severa para atear fogo na vegetação de forma coordenada, explica o Canal Meio. “Tem uma situação atípica. Você começa a ter em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo. Isso não faz parte da nossa curva de experiência em tantos anos de abordagem do fogo”, afirmou Marina Silva. Até ontem, 31 inquéritos haviam sido abertos para investigar os incêndios que atingem a Amazônia, o Pantanal e o estado de São Paulo. 

🔸 Em vídeo: cidades como Ribeirão Preto registraram tempestade de poeira em decorrência das queimadas, e a fumaça dos incêndios levou ao bloqueio de trechos de rodovias em São Paulo. O Portal Terra reúne imagens feitas por motoristas que tentavam atravessar estradas encobertas pela fumaça, com pouca visibilidade e, muitas vezes, com a vegetação às margens das pistas em chamas.

🔸 Em imagens exclusivas: a fumaça dos incêndios na Amazônia se espalhou por dez estados brasileiros. A InfoAmazonia sobrevoou áreas com fogo ativo em Rondônia, no sul do Amazonas e no norte do Mato Grosso, ao lado da equipe do Greenpeace Brasil, e mostra em fotografias como a destruição avança rapidamente. O fogo atinge florestas, terras indígenas e unidades de conservação. Em julho, a Amazônia teve o maior registro de focos de calor em 19 anos e, em agosto, os registros já superaram os de 2023.

🔸 Malala é uma onça-pintada filhote que perdeu a mãe na atual temporada de incêndios no Pantanal. Biólogos se preocupavam com a sobrevivência da pequena órfã que, enfim, foi avistada há poucos dias. Saudável, ela brincava com um peixe cascudo numa poça de barro, mostra a Conexão Planeta. O biólogo Marcos Ávila explica que Malala tem cerca de um ano e sete meses, idade na qual já pode se desgarrar da mãe e sobreviver sozinha.

📮 Outras histórias

• “Pai Canguru” é o nome de um projeto no Rio Grande do Norte que quer aproximar pais de seus filhos na maternidade. “Ao ser incentivado a fazer o contato pele a pele, na posição canguru, o pai dá o colo e o calor que o bebê precisa, ajudando a mãe a conseguir descansar”, explica a pediatra Geisa Chaves, da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A Saiba Mais conta que a proposta é estimular a presença dos pais em todos os momentos da gestação. “A presença do pai, de forma ativa, no período de internação, que normalmente é prolongado na Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (Ucinca), proporciona um apoio emocional para a mulher, que vive uma tempestade de emoções, trazendo o sentimento de acolhimento, companheirismo e amor”, afirma Elisa Sonehara, fisioterapeuta da Enfermaria Canguru da maternidade.

📌 Investigação

• No sul e sudeste do Pará, assentados vivem com medo de ações de despejo ilegais feitas por latifundiários. Antes, o modo de operação era outro: matar as lideranças dos trabalhadores rurais sem terra com a contratação de pistoleiros. Agora, a estratégia é destruir tudo de uma ocupação desde o início, mas sem mortes, para não deixar mártires. Os próprios fazendeiros vêm agindo à luz do dia para expulsar os trabalhadores, muitas vezes ao lado de forças policiais. A Repórter Brasil destrincha a evolução de milícias rurais no Pará, da pistolagem à Invasão Zero, uma articulação estruturada contra trabalhadores sem terra que ganhou uma frente parlamentar no Congresso. Foi assinada por 204 deputados após o fracasso da CPI do MST, concluída no ano passado sem a apresentação de um relatório final.

🍂 Meio ambiente

• Em imagens: começou a temporada de desova de tartarugas-oliva na Amazônia. Na Praia do Atalaia, em Salinópolis (PA), nasceram 52 filhotes da espécie, que luta contra a extinção. A Amazônia Latitude registrou as primeiras tartarugas-oliva da temporada na região. O refúgio escolhido cuidadosamente pelas fêmeas está cada vez mais ameaçado pela ação humana. A urbanização acelerada, o intenso trânsito de carros, motocicletas e banhistas na areia trazem o risco de esmagamento de animais e seus ovos. Há ainda a poluição luminosa que desorienta as recém-nascidas rumo ao mar e os resíduos que contaminam o oceano.

📙 Cultura

• O governo de Santa Catarina exigiu a retirada de um filme sobre sexualidade de pessoas com deficiência da 1ª Mostra de Artes Inclusiva. Segundo o Portal Catarinas, a exigência para que o longa fosse excluído foi feita via Fundação Catarinense de Cultura, sob risco de cancelamento da mostra. “Assexybilidade”, dirigido por Daniel Gonçalves, reúne histórias de 15 pessoas com deficiência sobre sexualidade e a pluralidade de experiências de cada uma delas. “O tema sexualidade é tabu de maneira geral, o que é bizarro. Quando se trata especificamente de sexualidade de pessoas com deficiência, esse tabu se multiplica por seis, sete. Existe toda aquela ideia de que pessoas com deficiência são anjos, seres que não têm sexo, infantilizados e incapazes. Há a mística de que não podem ter desejo, não podem ser desejadas”, afirma o diretor. A Fundação Catarinense de Cultura nega que tenha censurado o filme e alega que o projeto aprovado foi alterado sem autorização.

🎧 Podcast

• Do consumo de ultraprocessados às mudanças climáticas, o negacionismo é uma cartilha utilizada há décadas tanto para fins políticos, como durante a pandemia, quanto para fins comerciais. Setores da indústria financiam a dúvida sobre o impacto negativo de seus produtos, descredibilizando evidências ou forjando artigos científicos. O mesacast do “Ciência Suja”, produção da NAV Reportagens, debate quatro obras que detalham as engrenagens por trás dos propagadores de desinformação em ciência sobre diferentes temas.

✊🏽 Direitos humanos

• “Recebemos legumes, verduras e frutas. Tudo fresquinho, de acordo com o cardápio da semana”, afirma Priscila Maria Xavier, cozinheira da Escola Classe 31, em Brasília. Nem sempre, porém, foi assim: ela relata que não faz muito tempo que os estudantes estavam recebendo pipoca e suco industrializado. Atualmente as refeições preparadas na unidade provêm do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que conta com a obrigatoriedade de usar produtos da agricultura familiar nas escolas. O Lunetas mostra como integrar a produção de pequenos agricultores ao Pnae é uma alternativa viável de combate à fome no país, com uma alimentação saudável para crianças e adolescentes.