As contas, os candidatos pró-garimpo e o tráfico de animais
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 Saiu pela culatra a ideia de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de pedir aos apoiadores de seu pai para que fizessem um Pix de R$ 1 a fim de ajudar sua campanha à Presidência. Acontece que, como explica o BHAZ, o alto volume de pequenas doações criou um caos na prestação de contas. Até ontem, haviam arrecadado cerca de R$ 300 mil em transferências de valor médio de R$ 2. Segundo o advogado da campanha de Bolsonaro, Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, como os extratos de doação têm que ser feitos individualmente, preenchendo várias informações, o custo contábil da prestação de contas é maior que o valor recebido. Flávio Bolsonaro, que coordena a campanha do pai, vem se queixando da falta de recursos e está preocupado com os gastos de um eventual segundo turno. O Nexo detalha as contas do candidato à reeleição, que recebeu R$ 15,6 milhões do PL para a candidatura, enquanto o PT destinou R$ 88 milhões a Lula.
🔸 Falando em contas… Bolsonaro declarou ter gasto R$ 30 mil com atos eleitorais do 7 de Setembro. Segundo o Metrópoles, a maior parte dos recursos (R$ 22 mil) foi usada para registrar imagens do evento. O Tribunal Superior Eleitoral, no entanto, proibiu que o candidato do PL use fotografias e vídeos do Dia da Independência em sua campanha.
🔸 O bolsonarismo impulsionou a campanha de candidatos pró-garimpo, que defendem a regularização da atividade, inclusive em terras indígenas. A Repórter Brasil investigou sete deles, postulantes a diferentes cargos, levantou suas fichas, seus históricos e sua declaração de bens. Cinco são milionários. A maioria disputa a eleição pelo Pará, estado coma a maior região garimpeira do país.
🔸 Depois do debate entre candidatos ao Executivo de São Paulo, a jornalista Vera Magalhães foi agredida verbalmente pelo deputado Douglas Garcia (Republicanos). O parlamentar bolsonarista se aproximou de Vera, sentada numa área reservada para a imprensa, e a hostilizou. A CartaCapital conta que deputados agora pedem a cassação de Garcia ao Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo.
🔸 Todos os planos de governo dos presidenciáveis tratam de medidas de geração de emprego como prioridade. Mas, quando se trata de meio ambiente e combate à fome, as diferenças são expressivas. A Agência Nossa mergulha nas propostas e detalha o que propõem os candidatos em temas como as questões ambientais, trabalho e renda, previdência, fome e programas sociais.
📮 Outras histórias
Estética da periferia. Quando pensamos na imagem de um político, vem logo a ideia de um homem com características específicas. Numa tentativa de aproximação com os eleitores, cada vez mais candidatos têm se apropriado de elementos da periferia, como roupas e danças, sem nunca ter pisado nesses locais. O Marco Zero reflete sobre as relações entre política, estética e representatividade e uma apropriação feita “de forma violenta e grosseira”.
Um ano depois, a denúncia. Um jovem negro de 20 anos foi morto em 2021 por dois policiais numa ação em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A Ponte, que primeiro denunciou o caso no ano passado, detalha o trabalho do Ministério Público de São Paulo, que denunciou agora os policiais. O jovem foi morto após ter se rendido.
📌 Investigação
É possível que uma cidade tenha mais eleitores que habitantes? Esta é a realidade em 167 municípios do Nordeste. A Agência Tatu cruzou dados de eleitores segundo o TSE e a projeção populacional mais recente do IBGE para analisar os casos da região. Mas o fenômeno não está restrito ao Nordeste: em todo o Brasil, uma a cada dez municípios têm mais eleitores que habitantes. Não necessariamente é fraude ou erro. Uma das explicações é que o eleitor pode decidir votar fora da cidade em que reside.
🍂 Meio ambiente
Temporada de tráfico. Em setembro, período de nascimento dos filhotes de papagaios-verdadeiros, inicia-se também o tráfico de animais dessa espécie, típica do Cerrado. A primeira apreensão já aconteceu, nesta semana, em uma propriedade rural no município de Eldorado, no Mato Grosso do Sul. O Fauna News explica que o destino dos animais traficados é serem vendidos e criados sem liberdade, como bichos de estimação.
Palmito proibido. Com grande importância econômica, a palmeira conhecida como juçara é uma das espécies ameaçadas de extinção justamente pela exploração do palmito. Estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro aponta que a planta morre logo após a extração da parte utilizada – seu tronco – para o consumo. Por outro lado, a pesquisa indica que o fruto pode ser retirado sem maiores danos, como mostra O Eco.
Em vídeo: A Economia B entrevistou Priscilla Santos, advogada, mestre em política ambiental e especialista em financiamento climático e desenvolvimento sustentável para a Amazônia, para explicar como o setor privado pode fomentar a justiça climática.
📙 Cultura
A falta do direito ao aborto em imagens. Fotógrafa e artista espanhola, Laia Abril documentou os efeitos da falta de acesso ao aborto em diferentes países, acompanhando pessoas que precisaram fazer o procedimento de forma insegura e precária. Além de fotografias, Laia também utiliza excertos de vídeos, publicidade, anúncios de jornais, documentos e imagens encontradas em arquivos para tratar a narrativa. O Nonada mostra algumas imagens do projeto, em que o Brasil aparece como um dos países em que há mais óbitos decorrentes de abortos clandestinos.
Impacto no RS. Em favor do orçamento secreto, o governo Bolsonaro utilizou uma Medida Provisória para adiar os repasses das leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2 para 2023 e 2024, respectivamente. O Sul21 mostra que o setor cultural apenas no Rio Grande do Sul vai perder R$ 185 milhões de investimento. No país todo, o impacto é de R$ 3,8 bilhões.
🎧 Podcast
O debate tributário de forma leve, didática e divertida. Esta é a proposta do PodTax, podcast quinzenal do Jota, que estreia com o tema da taxação de grandes fortunas, tema que ressurge volta e meia no Congresso Nacional – sobretudo, nas eleições. O podcast explica como funciona, qual é a base de cálculo e, claro, o que é uma grande fortuna.
🙋🏾♀️ Raça e gênero
A história da gordofobia e o racismo. “Em um esforço para definir o ideal de beleza americana e, assim, sustentar a supremacia branca sobre imigrantes e africanos escravizados, a magreza cresceu como um índice de distinção racial e de classe”, afirma a professora e historiadora, Maria do Carmo Santana. O Alma Preta entrevistou a intelectual e analisou o livro “Fearing the Black Body: The Racial Origins of Fat Phobia” (“Temendo o corpo negro: as origens raciais da gordofobia”, em tradução livre), da socióloga estadunidense Sabrina Strings.