O confronto entre Lula e Bolsonaro na TV e a pedofilia na campanha do 'tudo ou nada'
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🔸 Ataques mútuos e perguntas sem respostas marcaram o primeiro debate do segundo turno entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Ambos se acusaram de mentir ao longo da campanha: o candidato à reeleição acusou o adversário de ser “especialista” em usar trechos fora de contexto e alimentar desinformação. “Você é o rei da fake news”, replicou o petista. No primeiro bloco, em meio à disputa sobre quem mente mais, o tema do combate à pandemia foi central. Na sequência, os dois falaram ainda sobre privatização, corrupção, Petrobras, desmatamento e América Latina. O Congresso em Foco mostra como foi o primeiro confronto direto entre os dois candidatos.
🔸 Andando pelo cenário da Band e falando em direção às câmeras, os presidenciáveis experimentaram um novo modelo de debate, no qual discutiram entre si – com 15 minutos livres para cada um em dois dos blocos –, sem interrupções de jornalistas. Lula foi o primeiro a deixar o púlpito e caminhar pelo palco, enquanto Bolsonaro recebia sinais de Carlos Bolsonaro, seu filho e coordenador de campanha, para fazer o mesmo, como mostra em vídeo o Metrópoles.
🔸 “Lulistas ficam mais lulistas, bolsonaristas mais bolsonaristas.” Rafael Cortez, doutor em ciência política, escreve análise para o Portal Terra. Segundo ele, a “batalha de rejeições” que rege o segundo turno não deve ser “afetada significativamente pelo debate”. “Os temas que são calcanhar de Aquiles de ambos os candidatos estiveram presentes, o que não deve trazer um fato novo para esse eleitor indeciso. (…) A radicalização da disputa política no Brasil, contudo, limita o efeito do desempenho no debate. A tendência é que ambos saiam do debate do jeito que entraram.”
🔸 Em tempo: a pedofilia entrou no debate dos candidatos depois de um final de semana em que o assunto ecoou nas redes sociais. Tudo começou com a fala de Bolsonaro, em entrevista a um programa no YouTube na sexta-feira, sobre a visita a uma casa de imigrantes venezuelanas em São Sebastião (DF): “Eu parei a moto em uma esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas em um sábado numa comunidade. E vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’. Entrei.” Ele disse ainda ter visto as adolescentes “arrumadas para ganhar a vida”. O trecho com a frase “pintou um clima” viralizou e foi usado pela campanha de Lula para associar o adversário à pedofilia. Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), lembra a CartaCapital, proibiu que o PT use a peça na TV e nas redes, e uma das venezuelanas a que Bolsonaro se referia refutou a afirmação do presidente. Segundo ela, no dia da visita do ex-capitão, o que ocorria no local era uma ação social para refugiados, com uma oficina de estética.
🔸 O trecho levado pelo PT à televisão é um dos exemplos de como o “tudo ou nada” da campanha eleitoral se intensificou. Não que o tom apelativo em tempos de eleições seja uma novidade, mas, como afirma Lula Guimarães, responsável pelo marketing político de Soraya Thronicke (União Brasil): “Com apenas dois candidatos, vence quem tira votos do outro. A lógica faz com que, historicamente, as campanhas de segundo turno sejam mais agressivas. É preciso fazer com que o eleitor de um lado mude de opinião”. Ele e outros especialistas em marketing político explicam ao Nexo como o aumento da agressividade que se vê agora reflete a degradação do debate político no Brasil.
🔸 A Polícia Federal fez as primeiras prisões dos envolvidos no escândalo do orçamento secreto no Maranhão. Segundo a piauí, na sexta-feira, a operação Quebra Ossos prendeu dois empresários, os irmãos Roberto e Renato Rodrigues de Lima, suspeitos de atuar numa ampla rede criminosa envolvendo o Sistema Único de Saúde (SUS) em municípios do estado. O esquema, revelado pela revista em julho passado, funcionava assim: as prefeituras registravam atendimentos médicos e consultas que nunca existiram, e recebiam o dinheiro vindo de emendas parlamentares do orçamento secreto.
📋 Checagem
“O Brasil foi um dos países que mais vacinou no mundo.” É falsa a afirmação que Bolsonaro fez durante o debate de ontem na Band. Segundo dados do Our World in Data, o Brasil é o 39º país no ranking de vacinados em números proporcionais. Já Lula exagerou ao dizer que, entre 2003 e 2010, gerou 22 milhões de empregos. Na verdade, esse número só é alcançado se considerada também a gestão de Dilma Rousseff (PT). O Aos Fatos checou as declarações dos candidatos no debate.
Lula mente com frequência sobre a criação da lei da lavagem de dinheiro, que não ocorreu em seu governo, mas, sim, em 1998, na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Bolsonaro, por sua vez, repetiu mais vezes mentiras sobre o fim da corrupção. A Lupa mostra as mentiras e exageros mais repetidos pelo petista e pelo candidato do PL durante a campanha no primeiro turno.
📮 Outras histórias
“Eu gosto mesmo é de dançar chamamé. Adoro colocar as roupas típicas e dançar com os meus amigos. Sei que a dança é de origem paraguaia, mas eu sinto que é muito brasileira.” Na fronteira com Paraguai e Bolívia, crianças brasileiras vivem um grande intercâmbio cultural, além da mistura de idiomas, que fica conhecida como “brasiguaio” e “portunhol”. O Portal Luneta conversa com famílias que vivem no Mato Grosso do Sul, próximo às fronteiras entre os países.
O levantamento “Juventudes e a pandemia: E agora?”, do Atlas da Juventude, aponta que a pandemia trouxe um grande impacto à saúde mental dos jovens. Realizado entre julho e agosto de 2022, o estudo mostra que seis a cada dez dos pesquisados passaram ou vêm passando por ansiedade nos últimos seis meses. A Agência Mural traz o tema à tona pela perspectiva de jovens periféricos, que têm encontrado nos “rolês” com a família e amigos um espaço para melhorar a saúde mental.
📌 Investigação
A última vez que um governador terminou seu mandato em Tocantins foi em 2006. De lá para cá, quatro mandatos não foram concluídos, com afastamentos forçados pela Justiça, sob argumento de supostas irregularidades, ou renúncias. A Agência Pública faz um especial em três capítulos no qual revela, com exclusividade, uma operação da Polícia Federal que alterou todo o cenário eleitoral de 2022 no estado, levando à queda do quarto governador em 15 anos.
🍂 Meio ambiente
A presença do pirarucu, natural da Amazônia, no rio Grande, que banha os estados de São Paulo e Minas Gerais, tem preocupado pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A introdução de uma espécie não nativa e que se alimenta de outros animais pode causar impactos e desequilíbrios nas relações ecológicas. O Fauna News explica como ocorreu a aparição desse gigante amazônico em águas de outras regiões.
Às vésperas da 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-27), o Brasil está na contramão do próprio acordo que assinou no acordo final da COP-26, com o objetivo de reduzir o uso de combustíveis fósseis. A Repórter Brasil mostra que o governo brasileiro sancionou uma lei em janeiro deste ano prevendo a ampliação de subsídios ao carvão, produzido, em grande parte, em Santa Catarina.
📙 Cultura
“É importante existir um horizonte possível para as pessoas negras, para famílias negras. Esses personagens carregam isso dentro da família protagonista. Eu não queria trazer um otimismo, mas sim uma fé, uma crença que é possível se colocar no mundo”, afirma o jovem cineasta mineiro Gabriel Martins, diretor de “Marte Um”, filme que vai representar o Brasil no Oscar. Nascido e criado na periferia de Contagem (MG), Martins conta, em entrevista à Ponte publicada pelo Portal Terra, como expôs em sua obra uma teia de afeto e política por meio da história de uma família.
“Eu nasci no baião, sempre achei que é a música mais forte, que quase não é usada. Mas o que mais tem, mais do que qualquer estilo do mundo, é o baião. O baião nasceu mesmo misturado com feijão, arroz e farinha.” Aos 86 anos, o multi-instrumentista alagoano Hermeto Pascoal fala sobre a profundidade de sua obra, em entrevista exclusiva ao Farofafá, ao lado de seu produtor, Flávio Scubi de Abreu. Reconhecido no Brasil e no exterior, com uma turnê internacional a cumprir ainda neste ano, Pascoal discorre também sobre sua faceta de artista visual, com obras que estampam capas de seus discos desde os anos 1980.
🎧 Podcast
As ameaças de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal e a conversão do segundo turno das eleições presidenciais numa campanha suja. Os dois assuntos movem a conversa com o jornalista Bob Fernandes no podcast De Quinta, do Sul21, apresentado por Luís Eduardo Gomes e Felipe Prestes.
A deputada estadual e advogada trans Robeyoncé Lima (PSOL) teve 80.732 votos para deputada federal por Pernambuco. Não foi eleita. Na sequência do resultado, a candidata Liana Cirne (PT) comentou que o eleitorado de esquerda vota na “lacração”, e não no conteúdo. Robeyoncé havia se calado, mas agora decidiu responder ao que considerou uma indireta à sua candidatura. Ela é entrevistada do Arrumadinho, podcast do Marco Zero.
👩🏽💻 Tecnologia
Em busca de uma realidade cada vez mais virtual, a Meta trouxe uma lista de inovações no evento Meta Connect, voltado para o que a empresa tem desenvolvido com relação ao metaverso. Mas o Núcleo Jornalismo, em parceria com o Manual do Usuário, conta que os acionistas não gostaram muito do que viram.