As competições de coaches nas redes e as escolas resilientes
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🔸 A Câmara dos Deputados aprovou ontem a regulamentação da reforma tributária – e devolveu os refrigerantes e as bebidas açucaradas aos itens que entram no Imposto Seletivo (IS). A CartaCapital lista os produtos que se enquadram no IS e explica que, no caso das bebidas alcoólicas, por exemplo, a alíquota vai considerar o teor alcoólico. A proposta também define dois tipos de cesta básica: uma com os novos tributos totalmente zerados e outra com redução de 60%. O Congresso em Foco mostra como cada deputado votou na regulamentação da reforma.
🔸 Ainda na Câmara: os parlamentares aprovaram o texto-base de um dos projetos do pacote de contenção de gastos do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A proposta não contempla alguns pontos importantes, como o limite ao ganho real do salário mínimo. Em paralelo, o dólar atingiu mais uma vez números recordes e fechou em R$ 6,095. O Nexo explica o que está por trás da alta, o impacto para a economia e os instrumentos para baixar o valor da moeda.
🔸 O atacante Vini Jr. foi eleito o melhor jogador do mundo ontem, no prêmio Fifa The Best 2024. O Notícia Preta conta que ele é o sexto brasileiro a receber o título, ao lado de Kaká, Ronaldinho, Ronaldo, Rivaldo e Romário, e o quinto jogador negro que venceu o prêmio. Jogador do Real Madrid, Vini Jr. marcou 24 gols e distribuiu 11 assistências na temporada atual. Apesar dos números, não recebeu a Bola de Ouro, entregue ao espanhol Rodri, do Manchester City, em outubro, numa decisão que causou polêmica. Vini Jr. enfrentou o racismo da torcida espanhola – e sua cruzada contra o preconceito levou a Federação Espanhola, La Liga e clubes a tomarem atitudes para identificar e punir torcedores.
🔸 Em tempo: Marta recebeu o prêmio de gol mais bonito do ano. A honraria, aliás, leva o nome da jogadora brasileira. Ela marcou o gol no amistoso entre Brasil e Jamaica, disputado em junho e que terminou com a vitória da seleção brasileira por 4 a 0. O Terra mostra o lance que rendeu a ela o prêmio da Fifa.
📮 Outras histórias
Aos 8 anos, Álvaro de Melo, morador da Maré, é o mais jovem carioca a receber a medalha Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, considerada a principal honraria da capital. O Maré de Notícias narra a saga da família de Alvinho pelo direito à educação especializada. Ainda no maternal, aos 3 anos, ele estava à frente dos colegas. Na pandemia, estudou em casa e aprendeu a ler em apenas 15 dias. Na volta à escola, descobriu que não tinha atendimento educacional especializado. “Durante essa trajetória escolar, escutei muitas falas preconceituosas, de quem tem baixa faixa econômica ou sendo negro não pode ter condição de ter altas habilidades”, conta a mãe Priscila de Melo. Com o sonho de ser “construtor de robô”, Alvinho comemorou a honraria: “Esse prêmio valeu mais do que qualquer outra medalha. Ela me faz sentir que eu não posso desistir”.
📌 Investigação
Coaches como Pablo Marçal, Renato Cariani, Paulo Vieira e Tio Huli promovem, desde dezembro de 2023, “competições virais” no Discord para incentivar editores de vídeo amadores a inundarem as redes sociais com cortes curtos de seus conteúdos. Em troca, eles prometem prêmios em dinheiro e acesso a mentorias. O Núcleo revela que esses concursos atraem o trabalho gratuito de centenas de editores amadores. Pelo menos quatro competições somaram 5,3 mil participantes, com prêmios que variavam de R$ 50 a R$ 10.000 e podem ter recompensado até 262 pessoas. Para os influenciadores, trata-se de uma forma para conseguir distribuição e multiplicação do próprio conteúdo nas redes de forma inautêntica. A reportagem faz parte da série “Cortadores Digitais”.
🍂 Meio ambiente
Diante dos eventos climáticos cada vez mais extremos, as escolas são essenciais para mitigar os impactos da crise do clima. Na série “Escolas Resilientes”, o Porvir mostra como uma infraestrutura adequada, currículo adaptável para discutir o tema e apoio socioemocional à comunidade escolar frente aos desastres são os pilares para criar esses espaços. O especial reúne iniciativas de escolas que apresentam uma dessas características e destaca como o país pode avançar em políticas públicas voltadas à resiliência das instituições. A Escola Municipal Rural Nossa Senhora da Conceição, em Mogi das Cruzes (SP), por exemplo, reabrirá suas portas em 2025, com uma cisterna para coletar água da chuva, painéis solares para a energia elétrica, um teto verde para reduzir a temperatura, além de uma horta para atividades pedagógicas.
📙 Cultura
“Para mim, a moda é um caminho para cocriar outros territórios. Territórios carregados com signos que possam fortalecer as nossas tecnologias originárias. Sobretudo, tendo em vista o contexto de emergência climática. A moda é uma forma de mostrar que os caminhos milenarmente criados pelos nossos ancestrais são regenerativos”, afirma o estilista Sioduhi, do povo Piratapuya, do Alto Rio Negro. Em entrevista ao Nonada, o artista fala sobre sua busca em contribuir com pessoas indígenas, nortistas, amazonenses e LGBTQIA+ e explica como a moda se relaciona ao futurismo indígena. “O pensamento do futurismo indígena é a compreensão de que, para os povos originários, o apocalipse já aconteceu, e o que resta é continuar criando um futuro, mantendo as memórias do passado vivas e vivendo o presente de forma resiliente.”
🎧 Podcast
O julgamento sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet deve voltar ao plenário do Supremo Tribunal Federal hoje. Após os votos dos ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, relatores das ações em análise, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, fez um pedido de vista. O “Sem Precedentes”, produção do Jota, analisa o cenário do julgamento. Para a pesquisadora do Instituto Weizenbaum, de Berlim, Clara Iglesias Keller, há três dimensões sobre o tema: a liberdade de expressão, a governança de conteúdo online e moderação das plataformas e os limites de incidência do próprio STF – já que existem propostas sobre essa pauta no Legislativo.
✊🏽 Direitos humanos
A falta de macas acessíveis e o despreparo dos profissionais de saúde estão entre os principais empecilhos para que mulheres com deficiência física consigam realizar consultas e exames ginecológicos. A Eufêmea reúne relatos de mulheres com deficiência que retratam a dificuldade de acesso ao atendimento humanizado. “Uma vez, passei por uma situação em que duas profissionais estavam na sala e insistiam para que eu subisse na maca sozinha. Tentei explicar que não conseguiria, tanto pela altura quanto pela minha limitação para me locomover, mas elas continuaram insistindo”, lembra a auxiliar de biblioteca Claudete Silva.