Ciro, a bancada do ouro e o racismo no futebol

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🔸 A pesquisa Ipec divulgada ontem indica estabilidade na disputa entre Lula e Bolsonaro. O candidato do PT oscilou dentro da margem de erro e está agora com 47% das intenções de voto, como mostra o Metrópoles. Já Bolsonaro manteve os 31% da última pesquisa. Quando se olha para votos válidos (que excluem nulos e brancos), Lula tem 52%, e Bolsonaro, 34%.

🔸 A desinformação eleitoral alcança 30 milhões de pessoas. Um levantamento feito pelo Radar Aos Fatos em 578 comunidades de Telegram e 285 grupos de WhatsApp revela o Google AdSense beneficia nove dos 10 sites hiperpartidários mais populares. Os links para essas publicações foram compartilhados mais de 40 mil vezes desde 16 de agosto, início oficial da campanha. São sites que emulam o formato jornalístico, mas recheados de desinformação e propaganda.

🔸 Depois de discursar na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, Bolsonaro vai se reunir com líderes de direita. A CartaCapital conta quem são os mandatários do encontro, que tem, entre outros, o presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, conhecido como “Putinzinho”, que é anti-LBGTQIA+ e proibiu a marcha do orgulho gay em seu país. 

🔸 Enquanto o candidato do PL busca alargar o tempo de exposição na imprensa com eventos internacionais, como a viagem para o funeral da rainha Elizabeth II em Londres, o PT, como analisa o Jota, concentra agendas em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, buscando a antecipação do voto útil na reta final. 

🔸 Falando em voto útil… “Mais do que simplesmente apoiar Lula, centrais sindicais deram início a um desmonte da candidatura de Ciro.” A partir de manifestos de importantes grupos sindicalistas para “reunir o campo progressista” por uma vitória de Lula no 1º turno, a jornalista Luciana Lima, em reportagem do Meio, trata da divisão em torno da candidatura de Ciro dentro do próprio PDT.  

🔸 Em campanha em Belém, Ciro elogiou controverso projeto dos indígenas Cinta Larga, de Rondônia, que desenvolvem um trabalho de mineração de diamantes, não aprovado pela legislação. O Amazônia Real lembra que não é a primeira vez que Ciro acena para a mineração em terra indígena. 

📮 Outras histórias

• Já faz três anos do maior crime ambiental em extensão do país, quando, em 2019, a costa do Nordeste foi atingida por um derramamento de petróleo. Série do Meus Sertões narra as consequências do caso a partir das perspectivas de pescadores locais, como Maria dos Prazeres, de 52 anos, no ofício desde os 8 anos de idade. Desde o episódio do óleo, ela completa renda como cozinheira. “Ninguém queria comprar [peixe]. A gente sofreu. Passamos fome, não vou mentir. Só não foi pior porque eram uns ajudando aos outros”, conta.

• Entre profissões afetadas… o ofício de paneleiro está na lista das que vão entrar em extinção, mas são as marteladas nas panelas que mantém o sustento do cearense Edmilson Marco Ferreira, morador da Rocinha, no Rio de Janeiro. Há 30 anos atuando no mesmo local, Edmilson se vê diretamente afetado pela inflação e pela perda de renda dos seus clientes, como mostra a reportagem do Fala Roça.

📌 Investigação

• O pesadelo da expansão pecuária de corte atinge agricultores familiares da região da Mata Sul de Pernambuco, com a chegada de uma nova fábrica da Masterboi, que agora é a maior do Nordeste e tem capacidade de abater 700 cabeças de gado por dia. Mas a Repórter Brasil explica que o avanço do gado significa também o avanço do conflito por terras na região. São 1.500 famílias vivendo sob tensão, com ameaças de morte, invasões, risco de despejo e patrulha feita por homens armados e drones.

🍂 Meio ambiente

• Em busca da “Bancada do Ouro”, 31 candidatos têm 95 processos ativos na Agência Nacional de Mineração (ANM) para explorar minérios na Amazônia, em que mais da metade são para extração de ouro. O InfoAmazonia conta que entre eles está o empresário Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas (PL), que busca uma vaga como deputado federal por Roraima. Cataratas é investigado por dar apoio à exploração de ouro ilegal na Terra Indígena Yanomami e por ter mandado incendiar um helicóptero do Ibama.

• Mais sobre o agro em Terra Indígena no Mato Grosso: Reportagem d'O Joio e o Trigo, que vem acompanhando o caso, mostra agora a participação ativa da Funai em prol do acordo de cooperação entre fazendeiros e indígenas para o plantio de soja, milho e arroz dentro da Terra Indígena Sangradouro. Servidores de alto escalão trabalharam para implementar o projeto, enquanto servidores da área técnica local ficaram no escuro, sem informações. 

📙 Cultura

• Após quatro anos de desmonte e dois anos de perdas causadas pela pandemia, a cultura precisa de reestruturação por parte do novo presidente. A Revista O Grito analisou as propostas dos presidenciáveis para o setor e mostra que, diferentemente de 2018, Bolsonaro (PL) a inclui no plano, negando todo o desmonte feito por seu governo. Embora fale sobre a recriação do Ministério da Cultura em entrevistas e comícios, o plano de Lula (PT) não cita formalmente o projeto, mas promete a ampliação de políticas públicas.

• “Sempre que eu vejo uma mulher negra em filme, eu me pergunto quem ela é. Quando vejo, ela já sumiu [de cena]. Eu estou cansada disso”, afirma Viola Davis no Brasil, em bate-papo com jornalistas. Vencedora do Oscar e do Emmy, a atriz veio ao país para divulgar seu novo filme, A Mulher Rei, que estreia nesta quinta-feira. O Tangerina esteve na sessão e detalhou as críticas de Davis ao racismo no cinema, sobretudo contra mulheres negras.

🎧 Podcast

• Bancada da Bíblia, bancada do boi, bancada da bala. No quinto episódio da série Eleições sem Neurose, podcast da Periferia em Movimento, fala sobre o lugar das frentes parlamentares, as chamadas bancadas, no Congresso e a importância de acompanhar não só um candidato, mas quem mais está ganhando voto. 

• Como lidar com conversas sobre política em grupos de WhatsApp? Confrontar ou deixar passar notícias falsas enviadas por amigos? Essas perguntas orientam o episódio “Falando (ou não) de política em grupos de WhatsApp”, no podcast Guia Prático, do Manual do Usuário, que também ensina “como denunciar conteúdos falsos sem se indispor com seu tio reaça”. 

🏃🏾‍♂️ Esporte

• Baila, Vinícius. O jogador brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, foi alvo de racismo na última semana, quando o empresário Pedro Bravo afirmou, em um programa espanhol, que Vini Jr deveria parar de fazer “macaquices” por comemorar seus gols dançando. Em sua coluna no Matinal, o jornalista Juremir Machado da Silva conta a repercussão e apoio que o brasileiro recebeu por não se calar diante do ataque. Embora o jogador tenha continuado a resistir e dançar depois do episódio, no último domingo, seguiu sofrendo ataques racistas: a torcida do Atlético de Madrid fez um coro dizendo “Vinicius, você é um macaco, você é um macaco”, como mostra o Portal Terra.