O plano para baratear passagens aéreas e as cidades sem museu
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🔸 O governo anunciou ontem o plano de barateamento de passagens aéreas. Em acordo do Ministério de Portos e Aeroportos com as companhias aéreas, as medidas incluem bilhetes mais baratos, remarcação sem taxas extras e valores mais acessíveis para passagens compradas com até 14 dias de antecedência. O Congresso em Foco detalha o plano e a contrapartida do governo. Se a Latam, por exemplo, deve oferecer semanalmente um destino a R$ 199, o ministério prometeu conversas com a Petrobras para diminuir o preço do combustível de Aviação (QAV), que incide em 40% do valor das passagens aéreas.
🔸 Dados apresentados por uma pesquisa, financiada pela Braskem, despertam dúvidas. Segundo o projeto Laguna Viva, o rompimento na mina 18 praticamente em nada teria afetado negativamente as águas da Laguna Mundaú. Em entrevista coletiva da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Instituto do Meio Ambiente (IMA), pesquisadores afirmaram que os danos foram maiores do que o “especulado”. A Mídia Caeté expõe os dados e as dúvidas sobre eles. Os especialistas argumentaram que o patrimônio ambiental alagoano já apresentou situação pior em outros momentos e que a tragédia ambiental, com a contaminação de peixes, não deve ser atribuída somente à exploração de sal-gema pela Braskem, mas também a outros aspectos socioambientais.
🔸 O cacique Raoni acusa um cineasta belga de se valer de sua imagem para arrecadar dinheiro. Jean-Pierre Dutilleux lançou um filme sobre o indígena, prometeu angariar fundos para o povo Kayapó, mas nunca prestou contas sobre os valores. As denúncias surgiram em maio deste ano e, agora, os resultados da apuração apontam abusos por parte de Dutilleux, informa a Amazônia Latitude. “Meu nome é usado para arrecadar dinheiro. Mas o Jean-Pierre não me passou muito para eu fazer alguma coisa”, diz Raoni. Já o diretor alega que as falas do cacique “não tem sentido”: “Ele às vezes diz coisas assim, tem a ver com a idade”. O Instituto Raoni conta que não participou da assessoria do cacique no filme, porque o próprio diretor se recusou a dialogar com a entidade, e repudia “a falta de respeito e decoro” de Dutilleux com a liderança Kayapó.
📮 Outras histórias
Considerado extinto no Rio Grande do Sul há 130 anos, um tamanduá-bandeira foi flagrado no Parque Estadual do Espinilho, uma unidade de Conservação do bioma pampa, na região oeste do estado. “A gente acredita que esse bicho seja uma expansão do trabalho de reintrodução feito na Argentina, lá em Esteros del Iberá, do trabalho da Fundação Rewilding. Esses animais estão adentrando o Rio Grande do Sul. No Uruguai, o tamanduá também já tinha sido extinto no mesmo período em que isso aconteceu aqui no Pampa brasileiro”, explica ao Sul21 o biólogo Fábio Mazim, que atua no Parque do Espinilho e integra o grupo responsável pelo registro.
📌 Investigação
Basta digitar o CPF na Pixbet que o nome completo e a data de nascimento são exibidos pelo site de apostas de forma automática, sem que essas informações tenham sido anteriormente fornecidas. Existem implicações práticas que violam a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Segundo o Núcleo, a falta de clareza no trato levanta suspeita sobre a legalidade da obtenção desses dados, principalmente porque o site oferta desde cassino online até o “jogo do tigrinho”, jogos de azar proibidos no país. Os termos da Pixbet não dizem como a casa de apostas cruza as informações cadastrais dos usuários, nem informa quem é o responsável pelo tratamento, qual a sua finalidade ou por quanto tempo ele é realizado, tópicos previstos na LGPD.
🍂 Meio ambiente
Em áudio: nos entornos dos municípios de Marabá e Canaã dos Carajás, no sudeste Pará, famílias rurais sofrem com uma crise hídrica causada em partes pelos impactos do agronegócio, da mineração e do garimpo. Em 2022, o estado foi o que mais concentrou conflitos por água, com 51 ocorrências das mais de 200 registradas no país todo. O “Amazônia sem Lei”, produção da Agência Pública, investigou os confrontos ocasionados pela escassez de água na região e ouviu pessoas que vivem com sede mesmo morando na floresta mais úmida do mundo.
📙 Cultura
Cerca de um terço da população brasileira mora em cidades sem nenhum museu, e apenas 57% têm acesso a salas de cinemas no seu próprio município. É o que mostra Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC), pesquisa do IBGE que reúne dados sobre acesso à cultura e mercado de trabalho. O estudo aponta que a maioria dos trabalhadores do setor atua por conta própria, dependendo de oferta de financiamento e de editais públicos. O Nonada reúne as principais informações do SIIC, como as discrepâncias regionais. A pesquisa serve também como subsídio para a elaboração de políticas públicas.
🎧 Podcast
Quilombos rurais do interior da Bahia sofrem com o avanço do apagamento da história e identidade étnica. A série “Conquista de Quilombos”, do “Fatos & Vozes”, podcast do Conquista Repórter, visitou o Cachoeiras dos Porcos, no município de Vitória da Conquista, onde a escola foi fechada, e os alunos da comunidade foram transferidos para uma unidade distante e com acesso dificultado. “Essa escola é nosso patrimônio, riqueza da comunidade”, conta Vitória Marinho, coordenadora da associação de moradores.
🧑🏽⚕️ Saúde
“O burnout é uma doença que denuncia problemas sociais, mas a discussão da doença ainda é elitista. A gente precisa discutir o burnout da trabalhadora doméstica, do flanelinha, do ambulante, do entregador e da mãe”, afirma a psicóloga Mônica Gurjão, pesquisadora em psicologia social do trabalho. A Agência Mural destaca que jovens das periferias, pessoas negras e mulheres podem estar mais expostos ao burnout e com menos possibilidades de tratamento. Desde 2022, o esgotamento profissional foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma doença ocupacional. Ou seja, é necessário combatê-la a partir de diversas áreas como saúde, previdência social e economia.