O perfil da bancada da bala e as relações de trabalho escravo e gênero
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🔸 A primeira morte por dengue no Rio de Janeiro neste ano foi registrada na Maré ontem. A vítima tinha 45 anos e recebeu atendimento na Unidade de Pronto Atendimento do complexo de favelas, que abrange 16 comunidades na zona norte do Rio. O Maré de Notícias lembra que há outras três possíveis mortes pela doença em investigação no município, que decretou epidemia de dengue nesta semana. Já são dez mil casos apenas neste ano – quase metade do que foi registrado no ano passado inteiro (22.959).
🔸 “A vacina não pode ser vista como um instrumento mágico, porque precisa de duas doses”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, referindo-se ao imunizante Qdenga, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). O Metrópoles destaca que, além do intervalo de três meses entre as doses, outro fator aponta para a importância de se investir em mais formas de combate à doença: a escassez. A fabricante japonesa ofereceu um número reduzido de vacinas ao governo – são 5,2 milhões de doses, capazes de imunizar 3,2 milhões de pessoas.
🔸 A tendência de alta de casos de dengue indica que 2024 pode ser o pior da série histórica da doença. No país todo, já são mais de 364 mil casos em 2024 e ao menos 36 mortes. Embora vários estados tenham situação epidêmica, como afirmou Nísia Trindade, “isso não caracteriza um quadro de emergência nacional, quadro de epidemia nacional, mas de epidemia a nível local”. O Aos Fatos mostra que a afirmação da ministra vem sendo usada em peças desinformativas para alegar que ela minimizou a gravidade do cenário e apontá-la como “negacionista”. Trindade, porém, seguiu o rigor científico em sua fala. “Para ser decretada uma epidemia nacional, todos os municípios do Brasil deveriam registrar alterações acima do esperado”, diz a epidemiologista Andrea Paula Von Zuben, da Unicamp. A reportagem traz um panorama da situação atual e apresenta gráficos sobre o avanço da doença.
🔸 Uma das maiores do Congresso Nacional, a bancada da bala, como ficou conhecida a Frente Parlamentar de Segurança Pública, tem mais de 240 deputados – a maioria deles do PL, embora tenha ampla capilaridade entre os partidos. Levantamento exclusivo do Awire, projeto do Congresso em Foco sobre segurança pública no Legislativo, revela quem são os parlamentares mais influentes da bancada na Câmara e no Senado e mostra como funciona cada uma. Se na primeira eles se organizam numa frente estruturada e grande, no Senado há um bloco enxuto (com 13 senadores armamentistas) que não compõem uma entidade formalizada.
🔸Depois de fechar o serviço de aborto legal no Hospital Municipal de Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo, a prefeitura entregou a direção da unidade de saúde que era referência no procedimento a uma militante “pró-vida”. A CartaCapital informa que a recém-nomeada para o cargo é Marcia Tapigliani, filiada ao PL de Jair Bolsonaro. Em 2022, ela se candidatou a deputada estadual e carregou no discurso antiaborto durante a campanha. Embora tenha perdido as eleições, ela mantém a narrativa nas redes sociais, com argumentos como o de que a vida começa “a partir da concepção”.
📮 Outras histórias
Duas irmãs vão se conhecer num bloco em Olinda (PE). Jaqueline Medeiros, 42 anos, sabia que o pai havia tido outra filha com uma segunda companheira. Foram 13 anos buscando a irmã, Daniela Ramos, 23 anos – até que a localizou nas redes sociais e marcou o primeiro encontro no bloco Eu Acho é Pouco. Este, aliás, foi fundado pela família dos pais delas. O Projeto Colabora narra a história das duas, a busca de Jaqueline e a ansiedade de ambas pelo abraço no tradicional bloco pernambucano, fundado durante a ditadura como uma crítica ao regime militar.
📌 Investigação
A Câmara dos Deputados dedicou mais de 3,4 mil horas de trabalho às comissões no ano passado. Os colegiados são responsáveis tanto pela análise inicial das propostas legislativas quanto pela fiscalização e controle da Administração Pública. Cerca de 74% do tempo foi destinado às audiências públicas, e o restante, às votações. Segundo a Lupa, os órgãos parlamentares conseguiram apreciar 2.700 mil proposições – em 2022, foram 1.500. Com exceção de 2021, o primeiro ano da atual legislatura (2023-2026) foi o de maior número de projetos apreciados e projetos aprovados dos últimos dez anos.
🍂 Meio ambiente
Com o objetivo de plantar 1.500 mudas em dez parques de Belo Horizonte neste ano, o coletivo Bora Plantar reuniu quase 50 voluntários. Em poucas horas, a área degradada às margens de um córrego, nos fundos do zoológico, ganhou mudas de goiabeira, aroeirinha, cedro, jatobá, ipê e ingá, detalha o Projeto Preserva. “Plantamos em áreas que foram florestas no passado, mas que hoje estão degradadas. Estamos refazendo as florestas”, afirma César Pedrosa, coordenador do Bora Plantar. O reflorestamento feito pelos coletivos priorizam a biodiversidade, usam mix de plantas nativas e se tornam corredores ecológicos importantes nas cidades.
📙 Cultura
“Desde 1999, nunca parei de fazer teatro, mas sempre autônoma e sem verba”, conta a atriz e dramaturga Bárbara Esmênia, 39 anos. Mulher negra e lésbica, ela afirma que é preciso criar políticas públicas para a manutenção de um teatro feito por mulheres lésbicas e com narrativas voltadas à essa população. Não apenas para o acesso às peças, mas também para a formação nas artes cênicas, principalmente no contexto de periferias. A Emerge Mag ouviu atrizes de grupos independentes, que necessitam de financiamento de editais e políticas públicas. Elas narram os desafios de manter peças de teatro lésbico, já que histórias voltadas a esse público não são populares nas grandes mídias.
🎧 Podcast
Longe da família e dos amigos, mulheres filipinas são recrutadas para o trabalho doméstico em diversos países, inclusive no Brasil, e acabam em regimes análogos à escravidão. A série “Esperança: Trabalho Escravo e Gênero”, produção da Repórter Brasil, conversa com Lívia dos Santos Ferreira, auditora fiscal do trabalho do Ministério do Trabalho e psicóloga especializada em saúde mental e migração. “O tráfico de pessoas tem a ver com o tratamento das pessoas como mercadoria. No caso das filipinas, isso fica muito marcado porque o empregador paga quantias vultosas para ter essa trabalhadora na casa dele. Dos casos que a gente trabalhou, eram cerca de R$ 15 mil para a trabalhadora chegar na residência. É um produto comprado, do qual ele espera retorno.”
🧑🏽⚕️ Saúde
É comum que, ao fim do Carnaval, exista um aumento de casos de doenças, desde a Síndrome Respiratória Grave (SRAG) e viroses gastrointestinais a Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). O último boletim Infogripe, da Fiocruz, indica uma probabilidade de crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Grave em 75% em Pernambuco. A Marco Zero reúne dicas para evitar emergências hospitalares. Recomenda-se, por exemplo, estar com a carteira de vacinação em dia – inclusive para a Covid-19 –, além de métodos de redução de danos, como tratamentos pré e pós-exposição disponíveis para ISTs. Boa alimentação, hidratação e uso de álcool em gel nas mãos são fundamentais.