A costura de apoios, a quebra dos sigilos e a confiança nas pesquisas eleitorais
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🔸 Findo o primeiro turno, vem a costura dos apoios aos candidatos que disputarão a segunda rodada das eleições. O PDT anunciou que o partido decidiu, de maneira unânime, apoiar o ex-presidente Lula (PT). Ciro Gomes, por sua vez, endossou o apoio de seu partido, digamos, de forma tímida, sem mencionar o nome do candidato, como lembra o Congresso em Foco. Já Simone Tebet (MDB) ainda vai anunciar quem é seu candidato ao 2º turno, mas já está em conversas com Lula.
🔸Bolsonaro, por sua vez, ganhou o apoio dos governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, além de Rodrigo Garcia, candidato derrotado do PSDB à reeleição por São Paulo. A CartaCapital conta que a expectativa da campanha do candidato do PL é ter mais 1 milhão de votos no Rio de Janeiro, além dos que já teve no primeiro turno, e aumentar em 3 milhões em Minas Gerais. Bolsonaro já declarou que vai investir 40% de seu tempo para conquistar votos no Sudeste.
🔸 Lula vem repetindo ao longo da campanha que, se eleito, derrubará os sigilos de 100 anos que Bolsonaro decretou sobre assuntos “sensíveis” ligados a si mesmo. Mas o petista poderá fazer isso? O Metrópoles ouve especialistas para responder a essa pergunta e também lista os pedidos de sigilo centenário feitos por Bolsonaro ao longo de seu mandato. Spoiler: é possível cancelar alguns dos sigilos, desde que haja comprovado interesse público.
🔸 Caso eleito, como Lula governará o país tendo um Congresso de direita? O Marco Zero levou a questão para a doutora em Ciência Política Lilian Carvalho, que se dedica a estudar as relações entre os poderes Legislativo e Executivo. Nas palavras dela, Lula “não vai ter carta branca da população brasileira, pois o eleitor está sinalizando que as pautas relacionadas à família, à segurança pública e aos costumes também são importantes e precisam ser levadas em consideração”.
🔸 “À pergunta ‘podemos confiar nas pesquisas novamente?’ depois do que aconteceu no domingo, a resposta é um enfático sim. Mas a própria indústria de pesquisas precisa criar e cultivar uma cultura de ciência, inovação e transparência para manter boas práticas.” O analista de dados Daniel Marcelino, especialista em métodos quantitativos, modelos de previsão e pesquisas de opinião, escreve no Jota sobre a confiança e o papel das pesquisas – e dos jornalistas que as interpretam.
🔸 A propósito: já são 16 as assinaturas de parlamentares, como Flávio Bolsonaro (PL) e Eduardo Girão (Podemos), num requerimento para criar uma CPI das pesquisas eleitorais, segundo O Antagonista. Para que a abertura da comissão aconteça, são necessárias 27 assinaturas.
📌 Investigação
Entre o debate presidencial na TV Globo, na última quinta, até o dia da eleição, as redes bolsonaristas foram amplamente permeadas de mentiras que buscam associar o PT e Lula ao PCC (Primeiro Comando da Capital), principal facção criminosa do país. A desinformação foi veiculada em todo o ecossistema: as falas do próprio presidente Bolsonaro, correntes no Telegram e no WhatsApp, Jovem Pan e plataformas, como o Twitter e o Youtube. O Aos Fatos apurou como essa narrativa se espalhou.
📮 Outras histórias
Puré Juma tem 20 anos e viu de perto as primeiras estacas de madeira serem fincadas no território do povo Juma, no sul do Amazonas, para as obras da Escola Municipal Indígena Bahu. Ele próprio, no entanto, não conseguiu estudar lá e concluiu o ensino fundamental em uma escola pública do município amazonense de Humaitá. De volta, o jovem agora é professor da Escola Bahu, que tem uma estrutura precária, com goteiras, carteiras quebradas, sem livros ou armários. Na Amazônia Real, a jornalista Iris Brasil parte da história de Puré Juma para tratar dos desafios da educação indígena.
No Rio de Janeiro, o índice de atendimento urbano com redes de esgoto em 2021 foi de 68,3%. Se o percentual revela uma insuficiência no sistema de saneamento básico do estado, a situação é mais grave nas favelas, já que os serviços são concentrados nos bairros privilegiados da capital. O Maré de Notícias conta que o esgoto a céu aberto é ainda uma realidade no Complexo da Maré, onde 140 mil pessoas vivem em 16 favelas, na Zona Norte do Rio. Lixo e distribuição de água são outros dois pontos problemáticos.
🍂 Meio ambiente
Vilão ou líder? A resposta para o papel do Brasil no enfrentamento das mudanças climáticas será definida nas urnas, afirma a presidente do Instituto Talanoa e membro do Painel de Acreditação do Green Climate Fund, Natalie Unterstell, em artigo no Reset. Ela explica que as principais questões do país hoje estão ligadas à floresta – pela proximidade do ponto de não retorno da Amazônia – e à energia – pela falta de planejamento ao novo clima, que tem afetado o nível das hidrelétricas.
Por falar em Amazônia… Lula (PT) e Bolsonaro (PL) apresentam visões antagônicas para a floresta. No atual governo, o desmatamento cresceu a ponto das taxas de destruição serem as maiores em 15 anos. O InfoAmazonia alerta para o fato de que o Congresso pró-Bolsonaro deve diminuir a proteção ambiental, apontando para disputas por terra, invasão de territórios indígenas e abertura de novas zonas de mineração ilegal.
📙 Cultura
“Só é possível falar de moda sustentável se tivermos o senso de urgência – e estar verdadeiramente focadas – em deixar a vida das pessoas mais confortável. Moda é sobre pessoas”, afirma a professora de arte e estilista Cintia Felix, fundadora da Az Marias, que cria roupas com resíduos têxteis. Para aprofundar a presença de mulheres negras na moda com um impacto socioambiental positivo, a Emerge Mag conversa também com a artista visual e estilista, Laís Fernanda, criadora de uma marca artesanal que atua em bairros periféricos, a Da Lama.
A arte viva das periferias cariocas. Jovens das favelas e subúrbios do Rio de Janeiro utilizam galerias e eventos itinerantes para inserir seus territórios na cena das artes visuais do município. O data_labe descreve como o projeto “Outrxs Centrxs”, do curador e gestor cultural, Alexandre Silva, tem mapeado essas iniciativas para “redesenhar o mapa das artes no Rio, promovendo outras centralidades e trajetos culturais”.
🎧 Podcast
A partir das experiências de fé de seis mulheres negras, evangélicas e feministas, a terceira temporada do podcast Narrando Utopias, do Portal Catarinas, aborda em três episódios as teologias negra, feminista e queer. O primeiro deles já está no ar.
✊🏽 Direitos Humanos
Mais de 90% das mulheres presas em Salvador, na Bahia, são negras e mesmo que 66% sejam rés primárias, a maioria não obtém liberdade após a audiência de custódia. Os dados são da pesquisa sobre encarceramento feminino feita pela Associação dos Advogados de Trabalhadores Rurais, que traz também análises qualitativas sobre as prisões femininas na capital baiana. A Revista Afirmativa conta que o documento será entregue amanhã ao Tribunal de Justiça, ao Ministério Público Estadual e à Defensoria Pública.