A ajuda humanitária sob Trump e as balsas de garimpo no Rio Madeira
Uma curadoria do melhor do jornalismo digital, produzido pelas associadas à Ajor. Novos ângulos para assuntos do dia
🔸 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu ontem com os recém-eleitos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para discutir as pautas do governo no Congresso em 2025. O Nexo lista as prioridades da gestão Lula, entre elas a aprovação da Lei Orçamentária Anual de 2025. O texto deveria ter sido votado no ano passado pelo plenário do Congresso, mas ainda aguarda relatório do senador Angelo Coronel (PSD-BA), relator da pauta. A PEC da Segurança Pública e a regulamentação das redes sociais também estão na fila.
🔸 A propósito: Hugo Motta e Davi Alcolumbre serão responsáveis por pautar as discussões e ditar o ritmo das votações no Legislativo federal. Ambos têm uma longa atuação política e participaram ativamente de articulações partidárias e comissões legislativas, mas tiveram desempenho modesto na aprovação de projetos próprios. A Lupa analisa a trajetória dos dois no Legislativo federal. Davi Alcolumbre, no Senado há dez anos, apresentou mais de 480 propostas, das quais dez foram aprovadas pelo Congresso. Com quatro mandatos na Câmara, Motta protocolou mais de mil proposições – só seis se tornaram norma jurídica.
🔸 O novo presidente da Câmara, aliás, recusou um acordo trabalhista de R$ 1.500 com uma diarista que o processou em 2017 por vínculo empregatício. Apesar do baixo valor envolvido, revela o Intercept Brasil, Motta levou a disputa até o fim e venceu o processo, sem ceder à proposta da trabalhadora. Ela alegava ter trabalhado como empregada doméstica para o deputado entre agosto e dezembro de 2016, três vezes por semana, sem carteira assinada. Motta afirmou que pagava R$ 100 por dia de trabalho, além do transporte, mas disse que não havia periodicidade fixa.
🔸 A decisão do governo Trump de congelar a ajuda externa interrompeu o fluxo de bilhões de dólares destinados a organizações humanitárias. A medida compromete serviços essenciais e coloca em risco a reputação internacional dos Estados Unidos. A Fast Company Brasil destaca que, no ano fiscal de 2022, o país destinou US$ 70,3 bilhões para assistência humanitária e desenvolvimento econômico. Agora, muitas dessas operações foram abruptamente suspensas. O impacto já é visível em países como Sudão, Uganda e Somália, onde centros de alimentação e abrigos para refugiados vêm sendo fechados. No Sudão, por exemplo, bebês em desnutrição dependem desses serviços para sobreviver.
📮 Outras histórias
As balsas de garimpo estão de volta ao Rio Madeira, na região dos municípios de Novo Aripuanã e Humaitá, no Amazonas. Por meio de imagens de satélite, o Greenpeace identificou 130 delas no rio, entre os dias 10 e 22 de janeiro. Segundo o Amazonas Atual, as embarcações confirmam a retomada da atividade garimpeira, cinco meses depois de o Ibama e a Polícia Federal destruírem 450 balsas ilegais na região. Entre os principais afluentes do Amazonas, o Rio Madeira tem uma das mais ricas diversidades de peixes do planeta. De acordo com o Greenpeace, a extração ilegal de ouro no rio ocorre há 40 anos, impulsionada por embarcações que dragam o fundo do rio e liberam mercúrio, o que afeta diretamente comunidades ribeirinhas.
📌 Investigação
O sítio arqueológico mais antigo já encontrado no Amazonas – Hatahara – está ameaçado pelo projeto de um aterro sanitário. Embora saiba da importância do município de Iranduba, onde o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) conseguiu catalogar 19 sítios arqueológicos, o governo do Amazonas pretende levar mais de três mil toneladas de lixo por dia de Manaus para lá. O Varadouro revela que o modo de vida tradicional das populações do entorno também será afetado pelo empreendimento. As comunidades afirmam que não foram consultadas. “No documento do Eia-Rima que eles citam, falam de entrevistas feitas na comunidade. Mas a gente conversando com a comunidade, inclusive nossa comunidade foi em peso para a audiência pública e nenhum de nós foi entrevistado”, relata Raul Perigo Melo, uma das lideranças que coordenaram o movimento de resistência à instalação do aterro.
🍂 Meio ambiente
A produtividade do cacau na Bahia e no Pará está ligada à conservação das florestas. Um estudo publicado na revista científica Environmental Conservation por pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e das universidades federais do Pará (UFPA) e de Goiás (UFG) mostrou que os municípios paraenses que preservaram suas florestas tiveram aumento de cerca de 65% na produtividade do cacau desde a década de 1980. Já os que sofreram com o desmatamento tiveram perda de produtividade – em alguns casos, a redução foi superior a 40%. Segundo a Agência Bori, os pesquisadores reuniram dados históricos sobre a produção em 161 municípios – 101 na Bahia e 60 no Pará. A área analisada pela pesquisa abrange cerca de 552 mil hectares, o que representa 93% da produção nacional de cacau.
📙 Cultura
Com apenas R$ 3 mil de um edital da Prefeitura de São Paulo, o jovem Thiago Oliveira e o coletivo Várias Fita Filmes produziram o curta-metragem “Além das Pipas”. Gravada na Brasilândia, zona norte de São Paulo, a obra fala sobre um garoto solitário que entra num mundo de fantasia e criatividade. “Eu percebi que a maioria dos filmes, ou muitos filmes nacionais, focam nessa parte da violência na periferia, na favela. Eu acho que é uma realidade que existe em vários lugares. Mas também existem outras coisas além disso, então por que não contar essas outras histórias?”, questiona Thiago. A Periferia em Movimento conta que o trabalho foi selecionado para a 12ª Edição do Fórum Urbano Mundial, no Cairo, no Egito. O curta já circulou por mais de 30 festivais, integra atualmente a programação do Canal Futura e está disponível no Globoplay.
🎧 Podcast
“A presença feminina no setor portuário é revolucionária e essencial para o desenvolvimento contínuo e sustentável dessa indústria”, afirma Patrícia Brentano, especialista em logística integrada e criadora do Instituto PORTa, voltado para oferecer oportunidades para mulheres no setor portuário. O “Lendárias & Portuárias”, produção do Juicy Santos, destrincha como esse é um ramo com alta demanda por profissionais qualificados e uma oportunidade para mulheres, que historicamente foram negligenciadas em profissões relacionadas aos portos.
👨🏾⚕️ Saúde
Doença de chagas, hanseníase, febre chikungunya e esquistossomose são algumas das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) comuns no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as patologias desse grupo impactam a vida de mais de 1,7 bilhão de pessoas no mundo, sobretudo comunidades vulneráveis e marginalizadas, devido a problemas como falta de acesso à água potável, saneamento básico e coleta de lixo. A Revista Afirmativa explica o que são as DTNs, os meios de prevenção e o papel da desigualdade social nos casos. “O Brasil tem potencial, mas para alcançar a eliminação total das DTNs, é essencial melhorar a infraestrutura de saúde, aumentar a conscientização e garantir recursos suficientes, além de fortalecer o sistema de vigilância epidemiológica”, afirma Pedro Benvindo Bartolomeu, residente de Clínica Médica no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT).