O acordo de Israel e Hamas e um julgamento histórico para os indígenas
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🔸 Israel e Hamas firmaram um acordo para liberar reféns – de ambos os lados. São 150 palestinos mantidos em prisões em Israel que devem ser soltos pelo governo de Benjamin Netanyahu. O grupo extremista Hamas deve liberar 50 reféns. O Nexo conta que a expectativa é que a liberação de fato comece hoje e que as força israelenses devem anunciar uma trégua. Até agora, cerca de 14 mil palestinos e 1.200 israelenses foram mortos no confronto.
🔸 A propósito: Israel não tem uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), mas atuou nos bastidores contra a resolução proposta pelo Brasil, que presidiu o órgão em outubro. É o que revela a repórter Ana Clara Costa, na revista piauí. Ela conta que, quando o chanceler Mauro Vieira propôs uma resolução que pedia o cessar-fogo em Gaza, a diplomacia de Israel veio a público discordar da proposta. O texto foi vetado pelos Estados Unidos, país que tem cadeira permanente e poder de veto no conselho. “Segundo diplomatas ouvidos pela reportagem, não é incomum que países que não integram o Conselho de Segurança articulem para terem seus interesses contemplados pelos membros permanentes. Chamou a atenção, no entanto, a prontidão dos Estados Unidos em atender Israel, sem ressalvas, em um ambiente tão conflagrado”, escreve a jornalista.
🔸 O Pantanal está sob risco de uma nova tragédia. O fogo bateu recorde neste mês: até agora, foram registrados mais de 3 mil focos, número cinco vezes maior que a média histórica para o mês, informa o Projeto Colabora. A área queimada neste ano já é três vezes maior do que em 2022. No estado onde está o bioma, Mato Grosso do Sul, pelo menos dez municípios registraram temperaturas acima de 40 graus nos últimos 15 dias. A reportagem detalha os estragos causados pelo calor na maior planície de inundação do mundo. “Os animais estão sofrendo demais e eles não padecem apenas com o fogo. Depois que tudo passa, quem sobrevive não encontra recursos para se alimentar; é o período que chamamos de fome cinza”, afirma o biólogo da ONG SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa, que atua com brigadistas para apagar o fogo que se espalha velozmente pela rodovia Transpantaneira, principal via de acesso ao bioma.
🔸A preservação de biomas é chave para o futuro. Uma estimativa inédita feita por O Eco em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) mostra que as unidades de conservação guardam 19 gigatoneladas de carbono, o equivalente a 28 anos de emissões nacionais de CO2, gás que aumenta o efeito estufa e a temperatura do planeta. Dois fatores explicam o fato de as dez áreas com mais carbono estarem na Amazônia: a flora nativa da floresta equatorial acumula naturalmente muito mais desse elemento que a cobertura vegetal de outras regiões e a área protegida lá é maior que em outros biomas. Se as unidades de conservação ocupam 28% da Amazônia, no Pantanal, por exemplo, a área conservada é de menos de 5%.
📮 Outras histórias
Da caatinga, comunidades rurais de Baraúna e Mossoró, no Rio Grande do Norte, extraem seu sustento. Alguns plantam mudas de reflorestamento, outros produzem cosméticos e fitoterápicos a partir das plantas do bioma. A Saiba Mais conta a história de moradores da região cujas vidas foram transformadas a partir do trabalho do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), gestor da Unidade de Conservação do Parque Nacional da Furna Feia, que abrange 11 comunidades rurais na região. “Antes eu destruía a natureza, mas em conversas com o pessoal do Instituto, entendi o zelo pelo meio ambiente e tive essa motivação”, diz Luiz Carlos, que começou plantando mudas nativas num corredor ao lado de casa e hoje é dono de um viveiro com capacidade para um milhão de mudas.
📌 Investigação
Das 39 prefeituras da Grande São Paulo, apenas Osasco possui uma secretaria de Igualdade Racial. Em Guarulhos, existe uma subsecretaria. Levantamento da Agência Mural mostra que o tema não é prioritário para a maioria dos municípios. Em 21 deles, o conselho para promoção da igualdade racial é o órgão mais encontrado para tratar do assunto. “O conselho pode se tornar um espaço esvaziado se tem caráter simbólico e figurativo. Por mais que seja um espaço de diálogo, ele precisa ter incidência, atuação mais direcionada”, afirma Regimeire Maciel, professora de políticas públicas da Universidade Federal do ABC (UFABC). Ela lembra que, além de um setor específico, é necessário direcionamento de recursos para a área.
🍂 Meio ambiente
“O Inpa deve ser ouvido por nossos representantes políticos, ao mesmo tempo em que também deverá estar atento para ouvir o que têm a dizer as lideranças dos povos indígenas e comunidades tradicionais da região e organizações da sociedade civil.” Henrique dos Santos Pereira é professor da Universidade Federal do Amazonas e escolhido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para ser o novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). À Amazônia Latitude o pesquisador falou sobre o cenário orçamentário da instituição, a atuação do Inpa para a conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas na Amazônia, e também as obras de pavimentação da BR-319, rodovia que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).
O julgamento do assassinato de Paulo Paulino Guajajara deve acontecer no primeiro semestre de 2024. Da Terra Indígena Araribóia, no Maranhão, Paulo fazia parte dos Guardiões da Floresta, grupo de indígenas que fazem a fiscalização do território e buscam protegê-lo contra a extração ilegal de madeira, caça ilegal e outros crimes ambientais. A Repórter Brasil conta que o jovem de 26 anos morreu em um ataque em novembro de 2019, testemunhado por seu companheiro Laércio Guajajara. Os acusados são dois homens apontados como madeireiros. A expectativa de procuradores do Ministério Público Federal é de que o julgamento entre para a história como o primeiro assassinato de uma liderança indígena analisado pela Justiça Federal.
📙 Cultura
Um dos principais festivais literários do país, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começou ontem e vai até o domingo em Paraty, no Rio de Janeiro. Segundo a Quatro Cinco Um, a 21ª edição do evento chama a atenção pelo predomínio de mulheres entre os convidados. Dos 44 autores presentes nas atividades, 32 são mulheres. A Flip deste ano homenageia Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), a Pagu, escritora, jornalista, tradutora e militante feminista. A maioria dos encontros atende à intenção da curadoria de incentivar diálogos entre convidados brasileiros e estrangeiros.
Falando em Flip: “Com relação ao meu papel como co-curadora, tenho sempre olhado para o lugar de onde escrevem, onde vivem e por onde publicam os autores e as autoras, pois isso faz parte da trajetória editorial e artística que eles escolhem escrever”, afirma Fernanda Bastos, uma das curadoras do festival literário, sobre as produções fora do eixo Rio-São Paulo. O Nonada reúne, além de Bastos, as perspectivas dos escritores Cristhiano Aguiar e Monique Malcher sobre o rótulo de “literatura regional” e a centralização do mercado editorial.
🎧 Podcast
Acabar com a guerra às drogas e disponibilizar maconha medicinal no Sistema Único de Saúde (SUS). É o que defende o neurocientista e biólogo Sidarta Ribeiro sob a perspectiva do futuro da substância no país em benefício das pessoas negras e pobres. “Legalizar o uso terapêutico já está legalizado. Está na farmácia há oito anos no Brasil, mas isso é para os mais ricos”, afirma. O “Guilhotina”, podcast do Le Monde Diplomatique Brasil, recebe o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e membro do grupo de pesquisa de saúde mental do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz para conversar sobre seu livro “As Flores do Bem: A Ciência e A História da Libertação da Maconha”.
✊🏽 Direitos humanos
Na penitenciária Professor Jason Soares Albergaria, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG), Processos Administrativos Disciplinares foram usados excessivamente para punir pessoas LGBTQIA+ privadas de liberdade, segundo pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que analisou documentos de 2019 e 2020. O relatório destaca casos como o de uma travesti punida por amarrar a blusa do uniforme de maneira considerada incorreta. A Agência Diadorim detalha o estudo e lembra que a unidade tem alto índice de suicídios de detentos LGBTQIA+.
Israel não faz reféns.
A equivalência moral em seu texto é equivocada, no mínimo irresponsável e incompatível com qualquer jornalismo que se deseje respeitável.
Comparar terroristas, inclusive menores de idade, doutrinados por palestinos desde crianças para matarem judeus, com as crianças, idosos e adultos israelenses abduzidos após amigos e familiares serem estuprados, decapitados e mortos com requintes de crueldade é grotesco.
Os israelenses feito cativos foram arrancados de suas casas e o feito foi celebrado em territórios palestinos. Um dos reféns fugiu e após 4 dias tentando encontrar caminho de Israel foi devolvido por palestinos aos terroristas. Basta buscar informação.
Os reféns israelenses abduzidos pelos palestinos (em vários de seus grupos organizados sob diversas bandeiras) foram torturados, física e psicologicamente, com mulheres presas em jaulas. Sua liberação a conta-gotas é cruel, pois se não sorrirem ao serem desfilados sob gritos genocidas são ameaçados de morte e de tortura dos cativos não libertos. A informação está disponível.
Se resolverem relatar algo sobre a região, passando por jornalismo, por favor informem-se e sobretudo não ecoem mentiras produzidas por quem propaga o mal, o terror e entoa cantos genocidas.